O governo Lula tem tentado negociar com os Estados Unidos uma saída para a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, mas tem encontrado a porta fechada. Nesta semana, o ministro da Fazenda, , procurou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent para negociar o tarifaço, mas recebeu a resposta de que o caso está sob responsabilidade direta da Casa Branca, sem previsão de abertura de diálogo formal.
As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira, 24. De acordo com o veículo, a iniciativa partiu da Fazenda na segunda-feira 21, mas não surtiu efeito. Os canais de negociação seguem fechados.
Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin também tentou fazer contato com a Secretaria de Comércio dos EUA e conversou com o secretário Howard Lutnick. Também ouviu que a decisão cabe ao presidente norte-americano, Donald Trump.
Nesta semana, os EUA anunciaram acordos com Indonésia e Japão. Desde abril, Trump afirma estar negociando com mais de 200 países, mas define pessoalmente suas prioridades.
Segundo o Planalto, não há expectativa de resposta da . O Itamaraty ainda não enviou delegação a Washington, por entender que não há disposição dos EUA para abrir negociação.
Por outro lado, Haddad diz que não descarta acordo até 1º de agosto, mas cobrou reciprocidade. “O Brasil nunca saiu da mesa de negociação, mas para ter um acordo precisa ter vontade recíproca”, afirmou.
Com os canais bloqueados, o governo teme que Trump edite o decreto de sobretaxa próximo ao prazo final, o que impedirá uma reação a tempo. Ministros tentam contatos informais com seus pares norte-americanos.
Autoridades brasileiras negam qualquer possibilidade de interferência nos processos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e os atos de 8 de janeiro de 2023. No governo, há a percepção de que interlocutores norte-americanos resistem a negociar por medo de ser desautorizados por Trump.
Alckmin tenta mobilizar o setor empresarial atingido pela medida. A aposta é que a pressão de empresas norte-americanas afetadas pela possível sobretaxa contribua para destravar o diálogo. A equipe econômica avalia que essa articulação pode surtir efeito, já que as tarifas também impactariam os EUA.
Aliados do presidente reforçam que o governo seguirá insistindo na via diplomática, mas veem mais chances, neste momento, na articulação empresarial. A avaliação interna é que o Brasil tem feito todos os esforços possíveis e que, caso os EUA não indiquem um negociador oficial, caberá aos setores afetados pressionar por uma mudança de postura.
Empresas norte-americanas, como uma distribuidora de suco de laranja, já acionaram a Justiça para barrar a medida. Companhias dos setores petrolífero, energético, farmacêutico e aéreo também demonstram preocupação.
Fonte: revistaoeste