Além da debandada de senadores da base aliada, o PT começou a promover trocas entre os membros titulares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS no intuito de garantir uma maioria governista nas votações do colegiado que apura as fraudes nas aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A “dança das cadeiras” acontece após o Palácio do Planalto ser derrotado pela oposição na votação que elegeu o presidente e o relator.
A primeira substituição foi a do deputado Rafael Brito (MDB-AL), que era titular e agora passou a ser suplente no colegiado. Sua cadeira será ocupada por Ricardo Maia (MDB-BA), considerado um nome mais próximo ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Palácio do Planalto trocou ainda um dos suplentes indicados para preencher a cota do PT no Senado. No lugar da senadora Augusta Brito (PT-CE), suplente do ministro da Educação Camilo Santana, foi indicado o senador Humberto Costa (PT-PE). O pernambucano é apontado pelos governistas como um parlamentar mais experiente nos eventuais embates com a oposição.
Com as trocas, o partido de Lula passou de cinco para seis senadores representando o partido na CPMI do INSS, além de uma vaga que se abriu com a ascensão da senadora Teresa Leitão de suplente para titular. Essa nova substituição ainda não foi feita pelo Planalto.
Outra mudança ocorrida foi no Bloco Parlamentar Democracia, no Senado, composto por União Brasil, Podemos, MDB e PSDB. Os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), da base do governo, e o senador Plínio Valério (PSDB-AM), da oposição, deixaram a titularidade para a entrada da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Styvenson Valentim (PSDB-RN).
Na suplência do bloco, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) assume a primeira posição de suplente no lugar do senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Com as trocas, o governo espera ter ao menos 18 parlamentares alinhados à base, o que garante maioria nas votações do colegiado
Debandada de aliados do governo da CPMI do INSS
Além das trocas feitas pelo Palácio do Planalto, senadores vistos como aliados de Lula ensaiam uma debandada da CPMI do INSS. O primeiro a pedir para deixar o colegiado foi o senador Otto Alencar (PSD-BA), que era suplente e foi substituído pelo senador Paulo Paim (PT-RS).
Já a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e o senador Cid Gomes (PDT-CE), que eram titulares, foram trocados pelas senadoras Jussara Lima (PSD-PI), suplente do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e Teresa Leitão (PT-PE). Agora, a expectativa é de que Omar Aziz (PSD-AM), que foi derrotado na disputa pela presidência da CPMI, e Renan Calheiros (MDB-AL) oficializem suas saídas nos próximos dias.
Nos bastidores, os parlamentares que pretendem deixar o colegiado consideram o cenário “totalmente imprevisível” e enxergam riscos com as quebras de sigilo para além do próprio escândalo dos descontos fraudulentos. Aliados dos senadores admitem que, em ano pré-eleitoral, ninguém quer se expor para defender o governo da acusação de desvio de dinheiro de aposentados.
A avaliação é de que o desgaste de defender o governo Lula na CPMI do INSS precisa ficar com os membros do PT.
Governo exige presença da base em todas as sessões do colegiado
No começo da semana, a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, reuniu os integrantes da base para passar orientações sobre a articulação do governo. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo, foi escalado pelo Palácio do Planalto para coordenar a ação conjunta da base aliada, incluindo senadores.
Uma das orientações que foi repassada aos parlamentares aliados é a proibição de ausência nas reuniões e votações de requerimentos da CPMI do INSS. A estratégia acontece depois que a oposição impôs uma derrota ao Palácio do Planalto ao eleger o senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente da CPMI do INSS, e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) para a relatoria. Ambos são da oposição e são vistos como nomes independentes.
O episódio foi considerado um “apagão de articulação”, pois diversos integrantes da base não estiveram presentes na instalação do colegiado. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), admitiu uma falha e chegou a colocar o seu cargo à disposição do Planalto.
Agora, os deputados e senadores aliados do PT serão orientados a cancelarem viagens oficiais ou a adiarem a realização de procedimentos médicos eletivos durante o funcionamento da CPMI do INSS. A medida busca garantir presença da base governista nas votações, especialmente, durante a análise de requerimentos para convocações.
O colegiado pode funcionar por até seis meses e tem potencial para gerar um desgaste na popularidade de Lula. Com isso, os petistas tentam blindar o presidente antes do ano eleitoral.
Fonte: gazetadopovo