Vários funcionários da Pixar expressaram insatisfação com a versão final do filme Elio. Segundo reportagem do site , a equipe se opôs à remoção de elementos antes da estreia nos cinemas. A produção é do estúdio Pixar, controlado pela Disney.
“Ficou claro durante a produção da primeira versão do filme que [os líderes do estúdio] estavam constantemente aparando momentos que faziam alusão à sexualidade ‘queer’ do Elio“, disse um artista que trabalhou no projeto, sob anonimato, ao site.
A mesma fonte afirmou que o longa, que narra a história de um garoto abduzido por alienígenas e levado a um conselho intergaláctico, passou por edições que retiraram parte do conteúdo LGBT original. Ainda de acordo com o THR, o protagonista do filme era inicialmente um personagem com “códigos queer“.
Dentro do movimento político LGBT, “queer” é um “termo guarda-chuva” que se refere a identidades ou orientações sexuais que “desafiam as normas sociais estabelecidas”. Pode incluir transsexuais, travestis e homossexuais.
O diretor original do filme, Adrian Molina, é abertamente gay. Depois de apresentar sua versão do filme à liderança da Pixar, no entanto, Molina deixou o projeto. Rumores indicam que a conversa com o diretor de operações da Pixar, Pete Docter, o teria “magoado”. No lugar de Molina, entraram as co-diretoras Madeline Sharafian e Domee Shi.
Entre as cenas removidas, estavam um desfile de moda improvisado feito por Elio, seu apreço por temas ambientais e uma possível paixão por outro menino. Segundo o THR, “essa caracterização foi sendo apagada durante o processo, à medida que Elio se tornava mais masculino, seguindo orientações da liderança”.
Mesmo com as alterações, Elio teve desempenho fraco. Arrecadou apenas US$ 20,8 milhões nos Estados Unidos no fim de semana de estreia, tornando-se o maior fracasso de bilheteria da história da Pixar. O filme teve custo superior a US$ 200 milhões e foi adiado por um ano, com previsão inicial de lançamento em março de 2024.
Sarah Ligatich, membro do grupo interno PixPRIDE, declarou ao THR que ficou “profundamente triste e consternada com as mudanças”. Segundo ela, houve um “êxodo de talentos” depois da nova versão, o que demonstraria o descontentamento da equipe com a destruição de “um trabalho lindo”.
A controvérsia se soma a outras decisões anteriores da Pixar envolvendo conteúdo LGBT. Em 2022, o filme Lightyear teve um beijo entre pessoas do mesmo sexo removido e depois reinserido. Já em 2020, Dois Irmãos apresentou uma personagem que menciona ter namorada.
Fonte: revistaoeste