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Exposição inédita sobre autismo feminino chega a Mato Grosso: saiba mais!

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Em cartaz entre os dias 4 e 15 de agosto no Instituto Vencer, em Jaciara, a exposição “Normal demais para ser autista, autista demais para ser normal” marca um momento inédito na cena cultural de Mato Grosso. Idealizada e protagonizada por Daya Ananias, artista e autista diagnosticada aos 32 anos, a mostra é a primeira do estado concebida por uma pessoa autista e dedicada integralmente a retratar o autismo sob a ótica feminina.

A exposição convida o público a um mergulho em experiências atravessadas por sentimentos de inadequação, solidão e sobrecarga emocional. Nas palavras, imagens e texturas criadas por Daya, a narrativa do autismo deixa de ser vista apenas pela lente biomédica ou infantilizada e passa a ocupar um território íntimo e poético, o das mulheres que viveram décadas sem saber sobre sua diferença.

Além das obras artísticas de Daya, a mostra também reúne quatro depoimentos inéditos de mulheres autistas com diagnóstico tardio. A artista explica que as narrativas revelam vivências comuns de mulheres que passaram a vida tentando se encaixar em expectativas alheias e só mais tarde descobriram que havia um nome para tudo aquilo que sentiam.

“A gente aprende a mascarar, a performar o que esperam. Mas isso cobra um preço alto”, revela Daya, que transforma esse atravessamento em poesia visual. “Minhas obras falam de um autismo que muitas vezes escapa dos diagnósticos tradicionais, sobretudo em mulheres, cujo sofrimento é com frequência confundido com timidez, depressão ou “drama””, esclareceu.

Com curadoria própria e apoiada pelos relatos autobiográficos, Daya revela que a intenção é criar uma cartografia emocional do autismo feminino, tema ainda pouco explorado nas artes visuais brasileiras. “Mais do que um conjunto de obras, a mostra se constitui como um manifesto de identidade: um chamado à escuta e ao reconhecimento das subjetividades que têm sido historicamente invisibilizadas”, ressalta a artista.

Realizada através da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), por meio da Lei Paulo Gustavo (Edital Identidades n.º 13/2023), com o apoio da prefeitura de Jaciara e do Instituto Vencer, a exposição também representa um marco simbólico: a primeira ação cultural no estado que coloca o autismo não como tema de observação, mas como voz ativa e criadora.

Para Daya, o projeto é, sobretudo, uma forma de abrir caminho para outras meninas e mulheres que crescem em silêncio, sentindo-se “demais” ou “de menos” para tudo. “A arte me salvou muitas vezes. Espero que essas obras possam ser um espelho, um abrigo”, afirma.

Autismo em MT- Atualmente, conforme os dados do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso possui 41.247 pessoas que declararam ter recebido o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Desde 2019, o estado conta com a Lei 10.997/2019, que criou a Carteira de Identificação do Autista (CIA). Esse documento assegura mais dignidade e segurança para as pessoas com autismo e suas famílias, facilitando o acesso prioritário a serviços públicos, especialmente na saúde e na mobilidade urbana.

Fonte: hnt

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