Ao conjunto de habilidades excepcionais em uma ou mais áreas do conhecimento dá-se o nome de Superdotação (SD) ou Altas Habilidades (AH). Para que determinada capacidade seja assim definida, há necessidade de que certa habilidade esteja associada à grande criatividade no desenvolvimento do seu objeto de atuação e isso envolve não apenas o espaço cognitivo, como também aspectos emocionais e sociais. Portanto, não pode ser simplesmente definida como inteligência superior e sim como algo mais complexo, que exige além do processamento intelectivo, dentro de sua limitação conceitual pretérita. É o domínio de uma ou mais áreas do cognitivo, emocional ou motor da espécie humana.
Há diferenças entre superdotação (SD) e altas habilidades (AH). O primeiro caso trata-se de uma capacidade inata, que se manifesta em diversas áreas do conhecimento e está muito acima da capacidade média da população. As altas habilidades, por sua vez, podem ser inatas ou desenvolvidas ao longo da vida, geralmente ainda na infância ou adolescência e direcionam-se a áreas específicas.
A pessoa superdotada ou altamente habilidosa em determinada área ou tarefa possui aprendizagem acelerada, com incrível rapidez no processamento de informações e resolução de problemas. Os temas de interesse são explorados profundamente com a demonstração de uma curiosidade cada vez maior no assunto. A pessoa SD/AH comumente gera ideias originais interessantes, mostrando, com isso, seu potencial de criatividade, foco e perseverança no estudo teórico e prático de suas ideias. De modo geral, seu trabalho é solitário, com total autonomia na área de seu conhecimento.
A superdotação e as altas habilidades estão ligadas a diferentes áreas do conhecimento, como intelectual, artística e outras. Na área intelectual, é comum a superdotação em raciocínio lógico, na capacidade analítica e na memória. Aqui encontram-se pessoas com notável conhecimento em matemática, ou em outras ciências e outras línguas. Na área artística, vemos diversos gênios na literatura, artes plásticas, música, dança etc. Existem ainda pessoas que se sobressaem no esporte em razão de sua coordenação física invejável. Há ainda uma grande habilidade em liderança, que como todas elas, pode ser usada para o bem ou para o mal, neste caso existe alta capacidade de influenciar pessoas; os verdadeiros e grandes líderes nem sempre são grandes chefes, sabemos que há uma enorme diferença entre chefia e liderança.
Indivíduos com Superdotação/Altas Habilidades (SD/AH) enfrentam muitas dificuldades, algumas vezes invisíveis para quem está atento apenas às suas aptidões. Isso ocorre porque não há sincronia entre seu desenvolvimento cognitivo, que é muito rápido, em relação as áreas emocionais, sociais e físicas. Por isso, sem estímulo adequado, podem desenvolver desinteresse pelo aprendizado, geralmente aquém de sua capacidade, o que provoca baixo rendimento escolar, ansiedade e isolamento, uma vez que pais, educadores e pares não compartilham os seus interesses.
Por outro lado, quando sua alta capacidade se torna conhecida e que todos a sua volta esperam ver resultados de sua genialidade, ele pode tornar-se inseguro, com medo de cometer falhas. Nesses casos termina exigindo-se exageradamente, procrastinando seus trabalhos e frustrando-se com essa situação. Isso ocorre porque sua maturidade intelectual é mais precoce do que sua maturidade emocional.
Observa-se, portanto que, apesar de ser algo positivo, há consequências negativas para a saúde mental. Para evitar isso, o acolhimento e os estímulos devem ser iniciados ainda no âmbito familiar, seguidos da escola. O apoio deve ser multidisciplinar, envolvendo psicólogos pedagogos e enriquecimento curricular, com atividades mais desafiadoras, talvez até com aceleração de anos escolares. Parte disso já é prevista na Política Nacional de Educação Especial, Decreto 10.502/2020, que garante direito a atendimento educacional especializado e flexibilização curricular aos alunos com superdotação e habilidades especiais.
Fonte: primeirapagina
