O presidente Lula e o seu governo nĂŁo conseguem mais dar dois passos, para qualquer lado, sem criar um escĂąndalo. TambĂ©m nĂŁo conseguem, hĂĄ muito tempo, articular duas sentenças coerentes em seguida quando pretendem explicar o que estĂŁo fazendo em suas funçÔes. O resultado tem sido essa sequĂȘncia cada vez mais alarmante de agressĂ”es Ă moralidade pĂșblica, Ă inteligĂȘncia comum e aos requisitos mais elementares da competĂȘncia que se exige para administrar uma barraca de feira.
DĂĄ a impressĂŁo de psicose em estĂĄgio clĂnico jĂĄ avançado, e possivelmente irreversĂvel. Passa pela cabeça de alguĂ©m, isso para se ficar apenas no Ășltimo surto, Para começar, ninguĂ©m na plateia prestou a menor atenção ao que ele estava dizendo. Nunca prestam. Mas hĂĄ muito tempo nĂŁo havia, como desta vez, tanta expectativa de nada.
Ă claro que nĂŁo. Lula, em seus 21 meses de governo, quis se exibir como lĂder internacional de Terceiro Mundo â tudo o que conseguiu atĂ© agora foi se tornar o Bobo Alegre nĂșmero 1 do planeta. Fala, fala e fala, mas nunca faz nexo. Os ouvintes se cansam, naturalmente, e o resultado prĂĄtico Ă© que jĂĄ esqueceram dele para qualquer conversa sĂ©ria. A sua equipe de relaçÔes pĂșblicas continua falando em geopolĂtica, ânovo balançoâ de forças no mundo, âprojeção de poderâ, Sul Global e outras bobagens. Mas nem ela acredita no que fala.
JĂĄ estaria ruim o suficiente se as coisas ficassem aĂ, mas nĂŁo ficam. Cada viagem dessas Ă© uma espetacular exibição de assalto ao dinheiro de quem paga imposto neste paĂs â uma compulsĂŁo desesperada em saquear, antes que a polĂcia chegue, tudo o que estĂĄ nas prateleiras do supermercado. NĂŁo pode ser por acaso. NinguĂ©m leva por acaso mais de cem pessoas numa viagem de luxo a Nova York, paga com dinheiro do ErĂĄrio PĂșblico; Ă© mĂĄ intenção direto na veia.
O que esse cardume todo foi fazer em Nova York? NĂŁo Ă© possĂvel, por nenhum critĂ©rio, mandar cem pessoas para ajudarem o presidente numa viagem oficial â ainda mais quando se leva em conta que ele nĂŁo iria fazer nada na viagem em questĂŁo. Ajudar como? Esse Ășltimo bonde de Lula levou para , por exemplo, uma ministra da âGestĂŁo e Inovação em Serviço PĂșblicosâ. Estamos, aĂ, em pleno deboche. JĂĄ nĂŁo deveria existir esse ministĂ©rio, que atĂ© hoje nĂŁo geriu nem inovou absolutamente nada â quem Ă© capaz de citar uma Ășnica obra da ministra? Vira piada total quando ela vai com Lula para a ONU, onde nĂŁo existe a menor possibilidade de tratar qualquer assunto de gestĂŁo ou de inovação.
Para pior dos pecados, a viagem da ministra da GestĂŁo foi justamente a mais cara â sĂł a sua passagem ficou em R$ 46 mil. (A explicação que deu para este despropĂłsito Ă© a seguinte: ânesta Ă©pocaâ, as passagens para Nova York sĂŁo âmuito carasâ.) Ă juntar inutilidade a desperdĂcio de dinheiro que nĂŁo Ă© dela, o que fica ainda pior quando Lula repete, dia e noite, que âo governoâ nĂŁo tem um tostĂŁo furado â e que sĂł pode realizar seu sonho de ajudar os pobres se aumentar os impostos. EntĂŁo por que estĂĄ pagando a viagem da aspone a Nova York?
E o advogado-geral da UniĂŁo, entĂŁo? Acredite se quiser, mas vocĂȘ pagou a viagem dele tambĂ©m. Que raios a Advocacia-Geral da UniĂŁo tem a ver com a Assembleia Geral da ONU? SerĂĄ que Lula precisa de um advogado-geral quando vai a Nova York? O resto desse trem da alegria Ă© a mesma lĂĄstima. Foram capazes de levar quatro gatos gordos da Controladoria-Geral da UniĂŁo, a ministra dos âPovos IndĂgenasâ e sua corte de assessores (seis, no caso) e dois funcionĂĄrios de uma desconhecida Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica.
Quanto Ă discurseira, nenhum tipo de novidade. Tudo se resumiu a Lula representando de novo o seu papel de anĂŁo diplomĂĄtico â quanto mais ele fala ao mundo, mais anĂŁo o Brasil fica. Seus estrategistas em geopolĂtica, com a inspiração de Janja e outros cientistas sociais, tĂȘm uma miragem recorrente em que Lula aparece como lĂder supremo do âenfrentamentoâ da âmudança do climaâ e salvador do meio ambiente mundial. Na vida real, ele preside um paĂs que estĂĄ vivendo os seus piores incĂȘndios florestais dos Ășltimos 20 anos â e que nĂŁo tem a mais remota ideia do que o seu governo pode fazer a respeito. Tudo o que conseguiu, em Nova York, foi jogar mais uma vez a culpa nos outros â na âmudança do climaâ, nos paĂses ricos, no capitalismo e nos seus suspeitos de sempre.
O presidente e o seu ministro âde factoâ do exterior fizeram questĂŁo de confirmar na , mais uma vez, a sua aversĂŁo fundamental aos regimes democrĂĄticos. (A Ășnica participação visĂvel do ministro oficial foi aparecer com os fones de tradução simultĂąnea ouvindo um discurso de Lula â em portuguĂȘs.) NĂŁo aceitam em nenhuma circunstĂąncia admitir o que o resto do mundo jĂĄ reconheceu hĂĄ muito tempo â que a Venezuela Ă© uma ditadura e que o seu amigo roubou a Ășltima eleição. Continuam fixados na crença de que o farol para a humanidade estĂĄ localizado entre os terroristas do Hamas e os terroristas do IrĂŁ. O resto Ă© viagem e torração de dinheiro do Tesouro Nacional.
Fonte: revistaoeste