Análise de estudos publicada em novembro aponta que modalidade não é mais perigosa que outros treinos de força
Nova leitura científica ajuda a explicar por que a modalidade ainda desperta dúvidas entre praticantes e iniciantes.
Um levantamento divulgado no mês de novembro pela revista GQ voltou a colocar o CrossFit no centro de um debate recorrente: afinal, a modalidade é realmente mais arriscada do que outros treinos de resistência? A resposta, segundo a revisão de estudos citada pela publicação e comentários de especialistas como o médico e treinador Jordan Feigenbaum, da Barbell Medicine, é clara — não há evidências que sustentem uma taxa de lesões maior do que a observada em práticas de força tradicionais.
Em pleno domingo, 7 de dezembro, a repercussão desse material continua ativa, especialmente porque confronta uma percepção popular que se consolidou ao longo dos anos. O CrossFit, muitas vezes associado ao esforço extremo, altos volumes e movimentos complexos, ganhou fama de “treino perigoso”. Entretanto, os dados reunidos apontam que o índice de lesões é semelhante ao registrado em modalidades como musculação, levantamento olímpico e até esportes coletivos recreativos.
Por que o CrossFit ainda é visto com desconfiança
Mesmo com o respaldo de pesquisas, a dúvida persiste entre parte do público. Especialistas entrevistados destacam que a origem do estigma está menos nos números e mais na percepção social construída ao longo do tempo. Conteúdos que viralizaram nas redes sociais — mostrando treinos intensos sem contextualização, uso inadequado de cargas ou execuções técnicas frágeis — criaram uma imagem distorcida da prática.
O problema se agrava quando a modalidade é apresentada como um estilo de vida de “superação constante”, muitas vezes desconectado dos protocolos técnicos adotados nos boxes. Para cidades em crescimento como Cuiabá e Lucas do Rio Verde, onde o CrossFit se tornou uma alternativa comum ao treino convencional, essa visão pode afastar novos praticantes.
O que os estudos realmente mostram
A revisão destacada pela GQ reuniu evidências que ajudam a desconstruir a ideia de risco elevado. Entre os fatores citados, estão:
- Programação progressiva: a estrutura dos treinos permite evolução segura, com ajustamento de cargas e complexidade técnica;
- Supervisão profissional: boxes contam com acompanhamento integral ao longo das sessões, diferentemente de muitos ambientes de musculação;
- Movimentos variados: a alternância constante evita sobrecargas repetitivas, comuns em treinos monotemáticos;
- Adaptação individual: exercícios podem ser escalonados para qualquer nível de condicionamento, algo que muitos não iniciados desconhecem.
A conclusão mais importante é que as lesões, quando ocorrem, tendem a estar relacionadas ao comportamento do praticante — pressa em progredir, negligência técnica ou insistência em treinar mesmo com fadiga. Isso replica o padrão encontrado em atividades como corrida, ciclismo e musculação, temas frequentemente acompanhados pela editoria de Esportes do Dia de Ajudar.
A persistência da dúvida: uma questão cultural
A permanência do mito tem origem em três frentes. A primeira é cultural: o termo “alta intensidade” ainda causa estranhamento e sugere riscos imediatos. A segunda é histórica: no período inicial de expansão global do CrossFit, muitos boxes atuavam sem padronização técnica, o que gerou críticas duradouras. A terceira é informacional: falta conhecimento sobre os mecanismos de progressão utilizados hoje, muito mais estruturados e acessíveis.
Atualmente, a modalidade passa por uma fase de amadurecimento profissional. Instrutores certificados, maior padronização metodológica e estratégias individualizadas de treino contribuem para um ambiente muito mais seguro do que sugerem as antigas narrativas.
O levantamento publicado em novembro reforça que a reputação de “esporte perigoso” não se sustenta nas evidências científicas disponíveis. Realizado com acompanhamento competente, o CrossFit apresenta risco equivalente ao de outros treinos de resistência, abrindo espaço para uma prática segura, dinâmica e acessível.
Com mais pessoas buscando alternativas de condicionamento físico e saúde, compreender esse contexto ajuda a evitar alarmismos e favorece escolhas mais informadas.
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Fonte: cenariomt






