Os sapos da família Centrolenidae são quase imperceptíveis nas florestas tropicais onde moram. Não só por seu tamanho diminuto, mas também pela sua cor: apesar de serem em sua maior parte verdes, eles têm pedaços da pele, dos músculos e dos órgãos translúcidos – de maneira que é possível observar alguns de seus órgãos internos, como o intestino e o coração (veja no vídeo abaixo). Por isso, receberam o nome “sapos de vidro”.
São nativos da Amazônia e do Caribe. A aparência é um baita disfarce e evita que o animal seja visto por seus predadores.
Mas há um detalhe: assim como eu e você, esses sapos dependem dos glóbulos vermelhos presentes no sangue, que transportam oxigênio para todo o corpo. A cor vermelha, visível através da pele transparente, poderia anunciar a presença do sapo de vidro para seus predadores. Só que esses anfíbios desenvolveram uma técnica engenhosa para driblar esse problema: escondem a maior parte do próprio sangue quando dormem.
A descoberta foi feita em um estudo de 2022, conduzido por cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Eles notaram que a transparência dos animais era muito maior durante o sono em comparação aos momentos em que eles estavam acordados. Carlos Taboada, um dos autores do artigo, suspeitava que o sangue recuaria para vários órgãos quando não estivesse em circulação. E a equipe foi investigar a hipótese.
Em laboratório, eles estudaram alguns sapos durante o sono e, depois, anestesiados. A equipe descobriu que 89% dos glóbulos vermelhos dos sapos se acumulavam no fígado, que filtra o sangue, enquanto eles dormiam. Com o sistema circulatório quase transparente, a invisibilidade dos animais aumentava enquanto eles descansavam – um momento de maior vulnerabilidade, na floresta, em relação aos predadores.
Os cientistas ainda não sabem, porém, se o metabolismo destes sapos muda enquanto eles estão dormindo, para que o organismo precise de menos oxigênio circulando.
Fonte: abril