Sophia @princesinhamt
SAÚDE

Descubra a surpreendente influĂȘncia neandertal nos brasileiros

2025 word1
Grupo do Whatsapp CuiabĂĄ

A relação entre Homo sapiens e Homo neanderthalensis sempre foi motivo de disputa científica. Durante muito tempo, acreditava-se que os neandertais eram uma espécie completamente distinta e até inferior aos sapiens. Agora, graças a uma enxurrada de novas pesquisas, sabemos que esse não é o caso.

Os neandertais nĂŁo sĂł tinham hĂĄbitos e tĂ©cnicas semelhantes Ă s nossas, como tambĂ©m mantinham relaçÔes com nossos antepassados – relaçÔes mais do que amistosas. A reprodução entre essas duas espĂ©cies fez com que elas trocassem genes entre si, e agora, uma parcela do seu DNA Ă© um “DNA neandertal”.

Desde 2010, quando foi montado o primeiro genoma neandertal completo a partir dos ossos de trĂȘs fĂȘmeas de 40 mil anos atrĂĄs, os pesquisadores sabem que compartilhamos DNA com esses indivĂ­duos. Mas cada pessoa pode ter mais ou menos dessa parcela.

Isso contraria também uma ideia equivocada, mas muito comum, de que os neandertais e os sapiens eram duas espécies totalmente diferentes. Se assim fosse, não poderiam gerar descendentes férteis (exemplo: as mulas e burros, que são filhos de éguas com jumentos, são inférteis). Agora, ambos são entendidos como uma possível subespécie que possuía vínculo genético suficiente para ter filhos que podiam ter filhos também.

Os povos da Europa, Ásia, AmĂ©rica e Oceania tĂȘm cerca de 2% de seu DNA formado pela parte neandertal. Para africanos Ă© menos, cerca de 0,5%. Os neandertais jĂĄ viviam na EurĂĄsia, e sĂł começaram a cruzar com sapiens depois que alguns deles migraram para a regiĂŁo. Quando esses hominĂ­deos migrantes se dispersaram para o resto do mundo, levaram consigo os resquĂ­cios neandertais em seus genes.

Uma anålise do laboratório Genera, feita com 200 mil brasileiros, afirma que temos, em média, 2,5% de DNA neandertal em nosso próprio código genético. Eles analisaram 600 mil pontos do genoma dos envolvidos e compararam com o genoma neandertal em busca de pontos em comum.

O serviço faz parte de um painel realizado pelo laboratório; pagando determinado valor, a pessoa tem acesso a essas e outras informaçÔes sobre seu próprio código genético.

Os dados foram retirados de assinantes do serviço que, por consequĂȘncia, tĂȘm maior poder aquisitivo, e mĂ©dia de idade entre 25 e 45 anos. “No fim, a gente fez uma estimativa baseada na nossa base de dados”, afirma Ricardo di Lazzaro, mestre em genĂ©tica e cofundador da Genera. “EntĂŁo nĂŁo foi um estudo para ser necessariamente representativo da população brasileira, e sim, um levantamento com o maior nĂșmero de pessoas.”

Mesmo assim, a Genera tem a maior base de dados genĂŽmicos do paĂ­s, entĂŁo esses nĂșmeros podem ser um bom indicativo de uma tendĂȘncia nacional.

O DNA neandertal nĂŁo Ă© sĂł um enfeite no seu cĂłdigo genĂ©tico. Ele Ă© responsĂĄvel por algumas caracterĂ­sticas importantes do seu fenĂłtipo – desde aspectos fĂ­sicos, como altura e formato do nariz, atĂ© resistĂȘncias naturais a vĂ­rus, fungos, bactĂ©rias e propensĂŁo a anemia.

Para Di Lazzaro, é importante entender e desmistificar a imagem do neandertal. Muitas vezes retratado como uma figura extremamente primitiva e retrógrada perto do Homo sapiens, ele também tinha sociedades complexas e técnicas comparåveis às de seus parentes.

“Ajuda um pouco tambĂ©m a quebrar algumas imagens do ser humano como superior, e mostrar que a gente, como todos as outras espĂ©cies, tivemos diferenças, tivemos subespĂ©cie, tivemos cruzamentos. A gente, como qualquer outro ser vivo, faz parte desse processo biolĂłgico evolucionĂĄrio”, afirma.

Fonte: abril

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidåria que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.