A história dos Estados Unidos e da Rússia é atravessada por episódios como a Guerra Fria, mas já houve um tempo, bem antes disso, em que um território no Oceano Pacífico foi de alguma forma forjado pelas duas nações: a ilha Unalaska.
Parte do arquipélago das Ilhas Aleutas, essa porção insular de terra hoje é lar para pouco mais de 4 mil residentes. Visitantes sazonais e trabalhadores da pesca também compõem a população da ilha, que é a região pesqueira mais fértil dos Estados Unidos atualmente.
A ilha Unalaska fica em uma das partes mais remotas do Alasca, em meio ao Círculo de Fogo do Pacífico. Sua história mistura a rica herança dos povos indígenas locais às invasões russas e norte-americanas. É um ótimo destino para quem é fascinado por história – e, claro, curte um clima gelado.
Uma história de milhares de anos
O território entre o Pacífico e o Mar de Bering hoje conhecido como ilha Unalaska é habitado há pelo menos 9 mil anos. O clima hostil fez dos povos indígenas aleutas – também chamados de Unangax – habilidosos pescadores e caçadores de animais marinhos. Na ilha onde quase não há árvores e existe um vulcão ativo de mais de 2 mil metros de altura, os bravos e indômitos habitantes utilizavam todas as partes dos animais pescados para fazer uma grande variedade de objetos, de barcos a roupas.
No final do século 18, os primeiros europeus chegaram à ilha. O explorador dinamarquês Vitus Bering e o russo Alexei Chirijov atracaram em Unalaska em 1741. Logo a ilha se tornou um ponto atrativo para os russos, interessados em caçar animais e vender as peles mundo afora. Em 1759, um assentamento russo foi criado na ilha e o arquipélago se transformou em uma colônia do império russo.
Em 1867, o Alaska foi comprado pelos Estados Unidos e, assim, a ilha Unalaska virou um território estadunidense. Durante a Segunda Guerral Mundial, o ponto voltou a ser cobiçado: depois de Pearl Harbor, os japoneses bombardearam em 1942 o porto de Dutch Harbor, que fica na ilha.
Dias depois, o arquipélago foi invadido por terra. Como resposta, soldados norte-americanos (dos Estados Unidos e do Canadá) foram enviados para proteger as ilhas aleutas.
Essa parte da história ficou esquecida para muitos, mas não para os povos indígenas da ilha Unalaska. Com a chegada dos russos, a população pereceu por conta da transmissão de doenças antes desconhecidas naquele território. Depois, durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército americano ordenou a saída dos indígenas das ilhas. Eles foram realocados no sul do Alasca, em antigas fábricas, com condições insalubres. Muitos morreram na penúria. Hoje, há cerca de 2 mil indígenas da etnia.
O que visitar em Unalaska
Hoje, a ilha de Unalaska é o maior porto dos Estados Unidos por volume pescado. Ali, são capturados salmão, halibute, caranguejos e outras espécies, que são comercializadas em todo o mundo.
Por isso, o porto de Dutch Harbor, na ilha, pode ser uma atração para os fãs do reality show Pesca Mortal, filmado ali e que teve 20 temporadas no Discovery Channel.
Da época da ocupação russa, permaneceu como símbolo a Igreja Ortodoxa da Santa Ascensão. O prédio foi construído em 1824 e passou por restaurações. Há um grande acervo de relíquias, como obras de arte e imagens sacras. Algumas foram doadas por Catarina II, imperatriz da Rússia no século 18.
O Museu dos Aleutianos é outra atração imperdível para quem quer conhecer mais da história da ilha. O acervo artístico, arqueológico e etnográfico fica aberto das 11h às 16h, de terça-feira a domingo. No inverno, abre das 12h às 16h, de quinta-feira a domingo. Ingresso a US$10. Lá, é possível ver artefatos dos Unangax, dos russos e dos norte-americanos.
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Em agosto, o festival Coração dos Aleutianos é programação garantida, com feirinhas de culinária e shows.
A natureza é outra parte fundamental da visita. Entre maio e julho, você pode avistar os leões-marinhos-de-steller, que vão até a ilha para se reproduzir. Se tiver sorte, até baleias podem ser avistadas nas águas ao redor do arquipélago. Em julho e agosto, jubartes se alimentam por ali antes de migrarem para o Havaí.
A ilha também é habitat de uma grande diversidade de pássaros, com destaque para a torda-de-bigodes, espécie muito rara que pode ser encontrada em Unalaska.
Dá para conhecer a maior porção da ilha à pé. Só fique atento às autorizações: como a maior parte do território da ilha é privado, é necessário pagar para fazer caminhadas em áreas protegidas. Andar de caiaque ou de barco é mais uma forma de ver a vida marinha e conhecer as cavernas e baías da ilha Unalaska.
Como chegar à ilha?
O trajeto até a Ilha Unalaska pode ser percorrido de avião ou de balsa. Há um voo que parte de Anchorage, no Alaska, e leva cerca de 3 horas para chegar a Dutch Harbor. Há cruzeiros que incluem a ilha no roteiro, em especial na primavera e outono.
Fonte: viagemeturismo
