É como os chilenos sempre dizem: “guatita llena, corazón contento”, ou “estômago cheio, coração feliz”. Reunir-se em torno de uma mesa para comer é o principal passatempo deles. Não à toa, há uma enorme variedade de pratos no cardápio, desde as receitas à base de milho, como o pastel de choclo, até as famosas empanadas.
Mas o que os faz lamber os beiços de verdade é o que vem do mar. A cozinha chilena é pródiga em peixes (pescados) e frutos do mar (mariscos). Isso porque o Chile tem um extenso litoral de águas frias, hábitat de muitas criaturas que só existem naquele ponto do Pacífico.
Uma antiga campanha publicitária já dizia que “Chile se escreve com C de ceviche, centola e caldinho de congrio”. Só a centola, um caranguejo enorme, já valeria a viagem. Veja, a seguir, oito comidas e bebidas que você para experimentar quando estiver no país:
Comidas
1. Cazuela
Trata-se de uma sopa robusta feita com pedaços de carne — geralmente frango ou carne bovina — cozidos lentamente com legumes como batata, milho, abóbora, cenoura e às vezes arroz. O nome “cazuela” vem da panela em que o prato é preparado, e seu preparo varia ligeiramente de região para região, refletindo os ingredientes locais disponíveis. Mais do que uma simples refeição, a cazuela é um símbolo da culinária familiar chilena, frequentemente servida em almoços de domingo, evocando memórias de aconchego e tradição.
2. Ceviche

O ceviche chileno é uma variação refrescante e saborosa do clássico prato de origem peruana, adaptado ao paladar e aos ingredientes locais do Chile. Geralmente preparado com peixe branco fresco — como a reineta ou a corvina — o ceviche chileno é marinado em suco de lima e grapefruit, que “cozinha” o peixe através de sua acidez. Ao contrário de outras versões mais condimentadas, o ceviche chileno costuma ser mais suave, levando um toque leve de alho e pimenta vermelha.
3. Caldillo de congrio
O caldillo de congrio é um dos pratos mais emblemáticos da culinária chilena, conhecido tanto por seu sabor marcante quanto por seu valor cultural. Preparado com o congrio, um peixe típico das águas chilenas, o caldillo é um caldo espesso e aromático feito com tomates, cebolas, alho, batatas, cenouras, ervas e especiarias, tudo cozido lentamente para extrair o máximo de sabor. É tradicionalmente servido bem quente, acompanhado de pão. O prato é tão emblemático no país que foi tema de um poema de Neruda, “Ode al caldillo de congrio”, que exalta as qualidades reconfortantes do caldo.
4. Empanadas

São pequenas massas recheadas, que podem variar em ingredientes, mas a versão mais clássica é a empanada de pino. O pino é um recheio suculento à base de carne moída, cebolas, azeitonas, ovos cozidos, passas e especiarias. Podem ser fritas em óleo ou assadas no forno.
5. Humita

A humita é a pamonha dos chilenos. Uma pasta de milho moído e cebolas, enrolada em folhas de milho e cozida no forno ou em água. O resultado é um prato de textura suave e sabor que mistura o adocicado do milho com o salgado do queijo.
Bebidas
6. Mote com huesillos

Bebida feita com um ou dois pêssegos naturais desidratados, mais a calda do pêssego e grãos de trigo cozidos, tudo num só copo. Servido bem gelado, com uma colher para comer o trigo.
7. Pisco sour

Brinde à sua viagem com um pisco sour, que embora também seja tradicional no Peru, é uma das bebidas mais emblemáticas do Chile. Feito com pisco – uma aguardente de uva típica da região –, o pisco sour é preparado com suco de limão, clara de ovo, xarope de açúcar e um toque de amargo de angostura. O resultado é uma bebida refrescante, com um sabor ácido e doce equilibrado, e uma textura suave e cremosa devido à clara de ovo.
8. Vinhos

Maior produtor e exportador de vinho da América Latina, o Chile produz vinhos desde o século 16. Por isso, vale a pena reservar um espaço na agenda para visitar ao menos uma vinícola. O país está dividido em cinco grandes regiões vinícolas. Do norte para o sul estão: Atacama, Coquimbo, Aconcagua, Valle Central e Sur. Cada uma se organiza em sub-regiões. As mais populares ficam no centro: os vales do Maipo, Colchagua e Casablanca.
Se não for impossível conhecer uma vinícola, não deixe de saborear algumas garrafas de qualidade (são muitas) durante as refeições. A uva-símbolo do país é a francesa carmenère. No século 19, uma praga arrasou vinhedos da França e a uva foi dada como extinta. Já na década de 1990, no Chile, um enólogo francês chegou ao país para investigar o porquê das diferenças entre as plantações locais da uva merlot. Não entendia como alguns vinhedos teoricamente privilegiados davam vinhos medíocres. Descobriu o mistério: as videiras merlot estavam misturadas às carménère e isso estragava o vinho. Foi assim que a uva francesa ressuscitou a chilena.
Fonte: viagemeturismo