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Descoberta científica: LHC converte átomos de chumbo em ouro microscópico

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Chumbo e ouro têm densidades parecidas. Justamente por isso, os alquimistas da Idade Média acreditavam que era possível tranformar o metal cinzento em seu colega de tabela periódica que, segundo Silvio Santos, “vale muito mais do que dinheiro”. Essa área de pesquisa esotérica tinha até nome: crisopeia (em grego antigo, khrusos é “ouro” e poiein é o verbo “fazer”).

No século 20, descobrimos que a meta dos alquimistas não era exatamente um devaneio. Todos os átomos, não importa o elemento, são compostos pelas mesmas três partículas: prótons e nêutrons concentrados em um núcleo, elétrons ao redor. A única diferença entre ouro e chumbo é que um átomo de ouro tem 79 prótons, enquanto o chumbo leva 82 na receita.

Basta trirar três prótons e voilà: tá feita a crisopeia. É comum na natureza, inclusive, que átomos de elementos muito gordinhos se dividam em dois átomos menores ou liberem algumas de suas partículas para se estabilizar. Ao fazerem isso, eles liberam a energia que você chama de “radiação”, e passam a ocupar outras casas da tabela periódica.

Também dá para realizar esse procedimento artificalmente. O problema é que não existem muitas máquinas no mundo que dão conta da tarefa, e a maioria delas é tão cara, rara e ineficaz que você precisaria vender algumas boas barras de ouro para gerar alguns humildes átomos na garagem. Mal negócio.

A mais absurda dessas engenhocas é o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), o célebre túnel circular de 25 km de circunferência operado pela Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) que acelera e colide prótons à velocidade da luz em uma região remota da fronteira entre a Suíça e a França.

Um artigo publicado esta semana no periódico especializado Physical Review C relata que, entre 2015 e 2018, o LHC produziu  86 bilhões de núcleos atômicos de ouro, com os 79 prótons de lei. Isso equivale a apenas 29 picogramas do metal precioso 0,000000000029 g , uma quantidade tão ínfima que sequer é visível a olho nu. Os dados vêm de um dos quatro experimentos do LHC, batizado com a sigla ALICE.

Os resultados também mostram que o acelerador, atualmente, continua produzindo ouro a uma taxa máxima de cerca de 89 mil núcleos por segundo quando estão rolando colisões entre átomos de chumbo. Isso acontece quando um deles perde três prótons por um processo chamado dissociação eletromagnética. Esses átomos, porém, existem por apenas uma pequena fração de segundo antes de se fragmentar. Boa sorte tentando coletá-los.

Ainda que os resultados desapontem quem busca uma saída alquímica para a prosperidade, o pesquisador John Jowett, do Alice, explica que há motivos para se alegrar: “esses resultados também testam e melhoram modelos teóricos de dissociação eletromagnética que, além de seu interesse físico intrínseco, são usados ​​para entender e prever um fenômeno chamado ‘perda de feixe’, que limita o desempenho do LHC e futuros aceleradores”.

Fonte: abril

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