Rica em nutrientes, com alto teor de proteínas, fibras, antioxidantes e gorduras boas, a castanha de cumbaru (também conhecida como baru) vem despertando o interesse da ciência e agora também dos mercados internacionais.
Estudos realizados no Brasil atestam os benefícios desta castanha à saúde, como auxílio na redução do colesterol, prevenção de doenças cardiovasculares e contribuição para o fortalecimento do sistema imunológico.
Além disso, é uma excelente fonte de energia natural e uma alternativa sustentável frente às oleaginosas mais conhecidas.
Essa riqueza nutricional e ecológica acaba de conquistar um marco histórico: a autorização para comercialização da castanha de cumbaru em todos os países da União Europeia.
A decisão foi publicada no dia 30 de junho de 2025 no Jornal Oficial da União Europeia. É a primeira vez que um alimento da sociobiodiversidade do Cerrado brasileiro recebe esse tipo de reconhecimento.
A conquista é resultado de décadas de trabalho e mobilização. O dossiê que embasou a aprovação foi formulado pela CoopCerrado, com apoio técnico do Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (Cedac) e da organização internacional Partnerships for Forests.
A avaliação favorável da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) levou em consideração os saberes tradicionais, os métodos de coleta sustentável e os estudos científicos sobre o cumbaru desenvolvidos no Brasil.
✅ 5 razões para incluir o cumbaru na alimentação
1. Nutrição poderosa
✔️ Rico em proteínas, ferro, zinco e magnésio
✔️ Excelente para quem busca mais energia e força muscular
2. Coração saudável
💓 Contém gorduras boas que ajudam a reduzir o colesterol ruim (LDL)
3. Ação antioxidante
🧠 Combate radicais livres, previne o envelhecimento e protege o cérebro
4. Auxilia no controle de peso
🌾 Alto teor de fibras promove saciedade e melhora o funcionamento intestinal
5. Imunidade em alta
🛡️ Fortalece as defesas naturais do corpo com minerais essenciais
Produção mato-grossense
Em Mato Grosso, o protagonismo do Cerrado também se reflete em iniciativas que vêm fortalecendo a cadeia produtiva do cumbaru. O Estado é apoiado pelo Programa REM MT, uma premiação internacional concedida pelos governos da Alemanha e do Reino Unido como reconhecimento pelos resultados na redução do desmatamento.
Na prática, o programa financia projetos que unem conservação ambiental e geração de renda para populações locais.
🌱 Sustentável por natureza
Produzido por comunidades extrativistas do Cerrado, o cumbaru gera renda com conservação — sem desmatamento.
Seis projetos voltados ao cumbaru já foram apoiados pelo REM MT, envolvendo ações que vão desde a organização produtiva até a industrialização do fruto. Um dos destaques é o projeto “Fortalecer Cadeias Sociobioprodutivas em Rede no Mato Grosso”, conduzido pelo Cedac, que atua junto a comunidades dos municípios de:
- Cocalinho
- Alto Boa Vista
- Serra Nova Dourada
- São Félix do Araguaia
- Luciara.
A ação também beneficia outras espécies nativas como o pequi, jatobá e babaçu.
Outro projeto, o “Cadeia de Valor da Sociobio no Cerrado e Amazônia”, buscou estruturar uma plataforma industrial da sociobiodiversidade no Pontal do Araguaia, contemplando também o cumbaru.
Já o “Cumbarusando Mato Grosso” tem promovido mudanças significativas em comunidades de Nossa Senhora do Livramento, Pontes Lacerda, Cáceres, Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Poconé e Várzea Grande.
Com investimento de R$ 1,9 milhão, o projeto ampliou a capacidade de beneficiamento e armazenamento do fruto e desenvolveu novos subprodutos, agregando valor à produção local.
Oportunidades
A abertura do mercado europeu é mais que uma oportunidade econômica — é o reconhecimento do valor cultural, ambiental e social de um produto típico do Cerrado. Representa uma vitória para comunidades extrativistas que, há gerações, mantêm viva a relação sustentável com a floresta e agora têm a chance de ver seus saberes tradicionais cruzando fronteiras.
Ao lado de organizações como Cedac e CoopCerrado, e com o impulso de políticas públicas como o REM MT, Mato Grosso mostra que é possível aliar conservação e desenvolvimento — com o cumbaru, um verdadeiro tesouro regional, abrindo caminho para um Cerrado mais valorizado dentro e fora do Brasil.
Fonte: primeirapagina