Dados da mostram que o consumo da bebida caiu 5,13% entre janeiro e abril deste ano. A retração se intensificou no último mês do quadrimestre, com queda de 16% em relação ao mesmo período de 2024.
A pesquisa da Abic acompanha o desempenho do varejo, responsável por até 78% da demanda interna. Pela primeira vez desde o início do Plano Real, o setor observa um recuo tão acentuado no hábito nacional.
Inclusive, a redução coincide com a inflação acumulada do moído, que chegou a 80,2% em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Em março, o consumo já havia recuado 4,87%. No mês seguinte, despencou.
Além disso, o preço da commodity disparou no exterior. Em abril, a libra-peso ultrapassou os US$ 4,10, alta de quase 170% em comparação com outubro de 2023.
O Brasil, segundo maior consumidor mundial, tem papel crucial no mercado global. Qualquer oscilação interna repercute na cadeia internacional.
A Abic vê com preocupação a possibilidade de mudança permanente nos hábitos. Se o consumidor substitui o café por outras bebidas, dificilmente retorna ao padrão anterior, mesmo com preços mais baixos.
O alerta vale especialmente para produtos considerados inelásticos, como o café. A queda repentina rompe um comportamento historicamente estável de consumo.
Com dificuldade para repassar os custos ao consumidor, empresas do setor enfrentam aperto financeiro. A entidade pediu ao governo a ampliação do capital de giro por meio do Funcafé.
A elevação nos custos começou com safras ruins provocadas por fenômenos climáticos em países produtores. A oferta caiu, os estoques mundiais se esgotaram, e a demanda seguiu firme.
Atualmente, os estoques globais estão em 20,9 milhões de sacas — o menor nível das últimas 25 safras. A colheita de 2025 no Brasil deve ficar abaixo das expectativas, e mesmo uma boa safra em 2026 não será suficiente para recompor os estoques.
O Dia Nacional do Café, comemorado em 24 de maio, será marcado por incertezas. Apesar dos desafios, a Abic afirma que o setor demonstra resiliência e aguarda medidas do governo para atravessar a crise.
Fonte: revistaoeste