A Guarda Civil da retirou, nesta quarta-feira, 23, um grupo de 50 pessoas — a maioria adolescentes judeus franceses — de um voo com destino a que havia embarcado no Aeroporto de Valência. Os envolvidos acusam a companhia aérea , responsável pelo voo, de antissemitismo. Já a empresa afirma que o grupo teve um comportamento desrespeitoso e comprometeu o andamento normal da viagem.
“A atuação da tripulação a bordo respondeu exclusivamente a um comportamento que comprometia a integridade do voo, assim como a segurança dos passageiros e da operação como um todo”, afirmou a Vueling em comunicado.
Segundo a apuração do portal El Mundo, os menores, com idades entre 10 e 15 anos, voltavam de um acampamento de verão na Espanha e foram retirados do avião depois de protagonizarem “uma série de incidentes” antes da decolagem.
SERIOUS INCIDENT OF ANTISEMITISM
The woman who was arrested and beaten is the director of the Kinneret summer camp.
The Vueling Airlines crew claimed that Israel is a terrorist state and forced the children, 50 Jewish children, aged between 10 and 15, to get off the plane… pic.twitter.com/2HXDA2Z0kf
— Elly 🎗️Israel Hamas War Updates (@elly_bar) July 23, 2025
“O grupo adotou uma atitude altamente conflituosa, colocando em risco o desenvolvimento seguro do voo, manipulando de forma indevida o material de emergência e interrompendo a demonstração obrigatória de segurança, além de desobedecer reiteradamente às instruções da tripulação”, explicou a companhia aérea.
Depois de tentativas de conter esse comportamento, a tripulação teria decidido chamar a Guarda Civil, que entrou na aeronave e retirou o grupo, inclusive prendendo uma das responsáveis. “A tripulação, agindo com total profissionalismo e de acordo com os procedimentos da Vueling, solicitou a intervenção da Guarda Civil, que, depois de avaliar a situação, procedeu ao desembarque do grupo para priorizar a segurança dos demais passageiros”, afirmou a companhia.
Entretanto, de acordo com o portal Enfoque Judío, o conflito se deu porque os adolescentes cantavam canções tradicionais em hebraico antes da decolagem. De acordo com os relatos, a atitude da tripulação diante do canto dos menores foi de “hostilidade crescente”.
Why is there a Palestinian flag in the cockpit of the @vueling plane?
The same plane whose crew kicked off 50 Jewish children. Their leader beaten and arrested. Because “Israel is a terrorist state.”@TheLeoTerrell the evidence is piling up with that verification you asked… pic.twitter.com/SiYudnxkgg
— dahlia kurtz ✡︎ דליה קורץ (@DahliaKurtz) July 24, 2025
Remoção aconteceu quando um adolescente cantou canção judaica
A mãe de um dos adolescentes, Karine Lamy, contou que os fatos ocorreram quando um dos adolescentes puxou uma canção. “Eles sobem no avião. Sentam-se, e um dos meninos começa a cantar uma música em hebraico, mas, assim, simplesmente começa a cantar”, disse ao canal i24.
Segundo ela, a reação do pessoal da cabine, conforme relatado por seu filho e pela diretora do grupo, foi imediata: “Os comissários de bordo se aproximaram dele, também da diretora, e disseram: ‘Estamos avisando desde já: se continuarem cantando ou fazendo barulho, chamaremos a polícia’”.
Ainda segundo a mãe, os jovens se acalmaram e permaneceram em silêncio, mas “cinco minutos depois, sem que a tripulação voltasse a intervir, a polícia chegou”.
Comunicado de Vueling en relación con el desembarque por comportamiento conflictivo en el vuelo VY8166 pic.twitter.com/ycEgm9dz9c
— Vueling Airlines (@vueling) July 24, 2025
Alguns testemunhos relataram aos pais que membros da tripulação compararam os adolescentes a “terroristas” e chamaram Israel de “Estado assassino”. O Enfoque Judío conseguiu confirmar essas declarações com outras fontes.
Não há clareza de informações quanto ao que aconteceu depois dentro do avião. Os comissários de bordo e o próprio comandante teriam considerado o comportamento do grupo inadequado. Primeiro, a tripulação ordenou o fim dos cânticos e, diante da recusa ou demora em obedecer, decidiram solicitar a intervenção policial.
Um dos instrutores do grupo confirma, em um vídeo divulgado horas depois, já a caminho de outro voo, que o grupo havia feito barulho na ida: “Na ida, fizeram barulho. Nós também fizemos barulho na ida. E então, estavam à espreita esperando pelo voo de volta”, ouve-se um dos jovens dizer. “Aí, fizeram todo mundo descer do avião. Uma parte vai pegar outro voo, outros vão voltar de ônibus, é uma confusão monumental”.
🚨✈️ EXCLUSIVE TESTIMONY FROM A PASSENGER ON VUELING FLIGHT VY8166 🇪🇸
50 French Jewish teenagers, aged 15, were expelled from a @vueling flight… because one of them simply said the word “Limot” (meaning “the days” in Hebrew), attempting (unsuccessfully) to start a summer camp… pic.twitter.com/cFCpI6wODk
— SwordOfSalomon (@SwordOfSalomon) July 24, 2025
Em contraste, um passageiro alheio ao grupo publicou um relato no Instagram:
“Olá, vou dar meu ponto de vista como passageiro. De fato, eu voltava de Valência com minha filha e ninguém no avião entendeu o que estava acontecendo, porque o grupo embarcou normalmente, sem gritar — o que é raro em adolescentes. Insisto que estavam se comportando bem, para adolescentes. Durante as instruções de segurança, chamaram a polícia, porque mencionaram um problema de segurança no avião… e, no fim, fizeram os jovens desembarcarem e decolaram com duas horas e meia de atraso, por nada. Quero dizer que os jovens se mantiveram educados e saíram do avião com calma.”
Os agentes realizaram o desembarque forçado de todo o grupo. A diretora, uma jovem de 21 anos, foi presa por supostamente ter feito um “gesto estranho” ou “ameaça de agressão” aos agentes, segundo fontes oficiais.
Uma das alegações é que ela teria resistido com firmeza ao desembarque dos menores, sendo contida no local. Em um vídeo viralizado, ela aparece de bruços, sendo algemada por um policial enquanto outro tenta afastar os adolescentes.
📽️ INCIDENTE EN VALENCIA | Instrucciones a los menores antes de tomar un nuevo vuelo: “Todo lo que sea kipá, tzitzit, lo que lleven puesto, nos lo quitamos. Ningún signo religioso visible”.
Vídeo: @tony_attal_ https://t.co/L3TjHFfxWf pic.twitter.com/QxONqQGFCX— Enfoque Judío (@enfoquejudio) July 24, 2025
Depois o desembarque forçado, o grupo foi mantido no corredor traseiro do avião. “Ali pediram a todos os jovens que colocassem seus celulares no chão para poder apagar todos os vídeos que poderiam ter gravado”, afirmou Karine. A diretora reagiu, dizendo: “Não, não toquem nos meus meninos. Vocês não têm direito de pegar os celulares deles. Isso é proibido’”.
Karine conta que, ao exigir os celulares, a diretora começou a protestar, e que os policiais disseram: “Se não podemos tocar nos celulares, vamos prender você”. E foi ali mesmo que a seguraram com força, a jogaram no chão e a algemaram.
Até o momento, não está claro se os celulares dos adolescentes foram apreendidos ou se a monitora foi forçada a assinar um compromisso de não divulgar imagens do ocorrido, como indicaram algumas fontes.
The woman who was arrested and beaten is the director of the Kinneret summer camp.
Fifty Jewish French children, aged 10 – 15, were singing Hebrew songs on the plane.
The @vueling airline crew said that Israel is a terrorist state and forced the children off the aircraft; they… https://t.co/V78PEHB58B pic.twitter.com/HizF6SZoaD
— עמיחי שיקלי – Amichai Chikli (@AmichaiChikli) July 23, 2025
Depois do desembarque, os adolescentes foram realocados progressivamente em diferentes voos. Um grupo deixou Valência rumo a Paris por outra companhia, enquanto outro — cerca de 20 jovens de 13 anos acompanhados por quatro instrutores — permaneceu em um hotel próximo ao aeroporto aguardando um voo marcado para esta quinta-feira, 24. Ainda não se sabe se a diretora continua detida.
Empresa espanhola nega acusação de antissemitismo
A imprensa israelense repercutiu o incidente e qualificou a companhia aérea como “antissemita”, acusação que a Vueling nega. “Rejeitamos categoricamente qualquer alegação que relacione a decisão da nossa tripulação com a expressão religiosa dos passageiros envolvidos, a qual respeitamos plenamente”, diz o comunicado da empresa.
O caso foi ainda mais longe e provocou uma reação do ministro israelense da Diáspora e da Luta contra o Antissemitismo, Amichai Chikli, que protestou em sua conta no X. “Em linha com a campanha de mentiras do Hamas, repetida por Al Jazeera, Haaretz e outros, temos presenciado diversos incidentes antissemitas graves recentemente; este é um dos mais sérios”, declarou, ao compartilhar o vídeo da detenção da monitora.
Fonte: revistaoeste