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CiĂȘncia & SaĂșde

Como se proteger em multidÔes no Carnaval: 9 dicas essenciais

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Começa como um bloco de rua animado: vocĂȘ chegou cedo, quando ainda estava vazio, e conseguiu um Ăłtimo lugar perto do trio elĂ©trico. O bloco vai enchendo e todo mundo vai se apertando para se aproximar da atração. Algumas horas depois, debaixo de um sol escaldante, vocĂȘ se dĂĄ conta de que todos os lados do seu corpo tocam em alguma pessoa. Amigos ou desconhecidos, nĂŁo importa.

Nessa hora, se alguĂ©m passa mal ou precisa ir ao banheiro, jĂĄ nĂŁo hĂĄ como sair rapidamente do meio da muvuca. Faz parte do Carnaval, sim, e geralmente termina tudo bem – mas nem sempre. Algumas multidĂ”es se tornam claustrofĂłbicas, desesperadas e se comportam como um lĂ­quido. A pressĂŁo se espalha pelos corpos, e as pessoas rapidamente perdem o controle dos prĂłprios movimentos.

Esse não é um texto para te assustar, mas para te ajudar com conhecimento sobre como reagir caso se veja no meio de uma multidão perigosa. 

Os principais riscos nesses casos sĂŁo esmagamentos, asfixia e pisoteamento. O registro mais antigo de um incidente desse tipo Ă© do ano 80 d.C., quando uma debandada de uma multidĂŁo em JerusalĂ©m matou milhares de pessoas. Mas os casos de incidentes fatais com multidĂ”es tĂȘm aumentado desde os anos 1990. 

Os casos mais fatais ocorreram durante a hajj, a peregrinação realizada pelos muçulmanos a Meca. Quando a multidão de, em média, 2,2 milhÔes de pessoas enche as ruas de Meca de uma só vez, os incidentes são comuns. Sério, realmente comuns.

Em 1990, 1,4 mil pessoas foram esmagadas até a morte; em 1994 foram 270; em 1998 foram pelo menos 118; em 2001 foram 35; em 2003 foram 14; em 2004 foram 251; em 2005 foram 3; em 2006 foram pelo menos 360. Em 2015, o esmagamento de multidÔes mais letal da história matou pelo menos 2,4 mil pessoas durante a hajj. 

O incidente de 2006 foi filmado por cĂąmeras de segurança e as imagens foram estudadas pelo fĂ­sico alemĂŁo Dirk Helbing. O artigo com suas descobertas continua um dos mais relevantes na ĂĄrea de estudos de multidĂ”es. Ele foi o primeiro a descrever o papel da densidade humana na formação de um crowd-quake (uma palavra sem tradução que mistura ‘multidĂŁo’ e um ‘grande tremor’, como o de um terremoto). 

Helbing aponta que, quando a densidade humana atinge um limite crĂ­tico de cerca de seis pessoas por metro quadrado,  o menor movimento causa uma onda de turbulĂȘncia na multidĂŁo. Essas ondas se espalham como as de um terremoto, pressionando os corpos. 

 

Esse vĂ­deo de um show do Oasis, em 2005, permite ver perfeitamente o surgimento das ondas.

EntĂŁo, vamos Ă  lista do que fazer caso se perceba preso em uma multidĂŁo desse tipo.

1. Entenda os sinais de densidade

O especialista em comportamento de multidÔes do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano, Mehdi Moussaid, då algumas dicas para saber quando uma multidão estå se tornando perigosa.

Se vocĂȘ estiver esbarrando em algumas pessoas ao seu redor sem querer, Ă© provĂĄvel que a densidade seja de quatro a cinco pessoas por metro quadrado. NĂŁo hĂĄ perigo imediato: ninguĂ©m estĂĄ se empurrando, ninguĂ©m caiu. É a hora de sair com calma e reduzir o risco para vocĂȘ e para os outros. 

Pouco depois, se vocĂȘ nĂŁo conseguir mover as mĂŁos livremente ou tocar o seu prĂłprio rosto, significa que o risco jĂĄ Ă© alto.

2. Mapeie os seus arredores

Seu principal objetivo Ă© sair do mar de gente da forma mais rĂĄpida e tranquila possĂ­vel. Comece avaliando os seus arredores: Ă© melhor voltar ou seguir em frente? Onde a multidĂŁo estĂĄ mais densa, e para qual direção se esvazia? NĂŁo deixe de olhar para cima – escalar alguma cerca, construção ou atĂ© um banheiro quĂ­mico pode ser uma saĂ­da temporĂĄria em casos de emergĂȘncia.

3. Fique em pé

Vamos supor que jå é tarde demais para simplesmente sair. Se as ondas de choque jå começam a fazer com que a multidão te pressione, o mais importante é manter o equilíbrio e ficar em pé. Qualquer queda pode começar um efeito dominó ou um pisoteamento. 

4. Deixe o corpo leve

Ao ser pressionado, o reflexo natural do corpo pode ser resistir ou empurrar de volta. No entanto, não se engane: seu joelho não vai segurar uma onda de choque de uma multidão. 

Isso vai sĂł te cansar e pode criar outros pequenos movimentos perigosos. Essa dica nĂŁo Ă© contraditĂłria com a anterior: vocĂȘ deve manter seu corpo ereto, mas sem lutar contra o fluxo da multidĂŁo.

5. Fuja dos obstĂĄculos

A Ășnica exceção Ă  regra de “seguir o fluxo” Ă© no caso do fluxo te levar a uma colisĂŁo. Historicamente, as primeiras vĂ­timas de esmagamentos em multidĂ”es ficam presas contra barreiras como paredes, pilares e cercas. Fique de olho tambĂ©m em obstĂĄculos que podem estar na altura das pernas, como cercas, carrinhos de ambulantes e outros objetos. 

6. Mantenha os braços na altura do tórax

Levantar os braços em uma situação como essa Ă© um movimento muito arriscado. Primeiro, pode ser que a concentração de pessoas te impeça de descĂȘ-los novamente. Segundo, os braços para cima expĂ”e a sua caixa torĂĄcica Ă  pressĂŁo e deixam o seu corpo fica mais suscetĂ­vel a esmagamentos violentos, que levam Ă  asfixia. 

Por isso, cruze os braços e proteja alguns centímetros ao redor da sua costela para poder respirar.

7. Guarde sua respiração

Segundo Moussaid, a maioria das mortes nesse tipo de incidente é causada por asfixia. Seu fÎlego tem que ser protegido: evite gritar a menos que seja necessårio, e tente controlar sua respiração para manter um ritmo próximo ao normal.

8. Evite debandadas sĂșbitas

Basta alguĂ©m gritar algo como “arrastĂŁo” ou o soar de um estrondo para iniciar o que os pesquisadores chamam de uma situação de pĂąnico. O termo nĂŁo se refere ao pĂąnico psicolĂłgico de cada indivĂ­duo, mas ao pĂąnico coletivo que faz com que a multidĂŁo corra em uma mesma direção para escapar de um perigo real ou suspeito.

Muitos incidentes fatais jĂĄ ocorreram a partir desse tipo de situação. “Nesses tipos de situaçÔes, o movimento da multidĂŁo pode ser mais perigoso do que qualquer ameaça, real ou imaginĂĄria”, afirma Moussaid. Pense bem antes de fugir junto com a multidĂŁo – considere se nĂŁo hĂĄ um lugar mais seguro para se abrigar, por exemplo.

9. Cuide das pessoas ao seu redor

Do mesmo jeito que vocĂȘ nĂŁo vai vencer a situação na base do joelho firme, as cotoveladas tambĂ©m nĂŁo vĂŁo te proteger. Estudos demonstram que o altruĂ­smo e a ajuda mĂștua sĂŁo fundamentais para evitar tragĂ©dias. Uma multidĂŁo unida tem mais chances de sobreviver do que uma multidĂŁo de individualistas. Seja gentil, ofereça ajuda quando puder, indique riscos para os colegas ao seu redor e proteja os membros mais fracos do grupo.

DĂĄ para sacudir e abalar com cuidado e prudĂȘncia, e cantar “minha pequena Eva” pela rua – sem que seja o final da sua odisseia terrestre. 

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Fonte: abril

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