O consumo de bebidas adulteradas com metanol, substância altamente tóxica usada em solventes e combustíveis, tem preocupado as autoridades de saúde em Mato Grosso. O estado confirmou o primeiro caso de intoxicação e investiga outros quatro possíveis registros.
Os sintomas podem surgir horas depois da ingestão e o diagnóstico precoce é essencial para evitar sequelas graves, como a perda total da visão.
No laboratório químico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o professor e químico Adriano Buzutti explicou as diferenças entre o etanol, usado na fabricação de bebidas, e o metanol, substância tóxica presente em alguns produtos adulterados. Ele reforçou que não é possível identificar visualmente quando há metanol na bebida, já que ele tem aparência e cheiro muito parecidos com o álcool comum.
Como o corpo reage
Buzutti explicou que o metanol tem excreção difícil e, por isso, acaba se acumulando no organismo. No fígado, a substância é metabolizada e se transforma em formaldeído, o formol usado na indústria, e depois em ácido fórmico, que é extremamente tóxico.
Veja trecho abaixo:
“Esse ácido pode atingir o sistema nervoso, causar danos graves à saúde, levar à perda da visão e, em casos mais severos, até à morte”, explicou o químico.
Sintomas e tratamento
Os antídotos usados no tratamento das vítimas de intoxicação por metanol estão disponíveis no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), referência no atendimento de urgência na capital. Segundo o coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), José Antônio Figueiredo, os primeiros sinais da intoxicação podem aparecer entre seis e setenta e duas horas após o consumo da bebida adulterada.
Para o coordenador, o paciente pode apresentar um quadro gastrointestinal e também alterações no sistema nervoso central. Entre os sintomas estão dor abdominal intensa, náusea, vômito e dor de cabeça. Também podem surgir tontura, confusão mental e visão embaçada, que pode evoluir para amaurose, ou seja, perda total da visão.
Segundo o coordenador do Ciatox, o antídoto foi mantido em Cuiabá porque o Hospital Municipal possui uma farmácia que funciona 24 horas, para facilitar o atendimento e a distribuição do medicamento para outras unidades do estado.
Casos em Mato Grosso
O caso confirmado em Mato Grosso é um paciente, de 24 anos, morador de Várzea Grande, que apresentou lesões oculares irreversíveis, uma das complicações mais graves associadas à exposição ao metanol.
Já entre os quatro casos sob investigação, está o Igor Thomae Rodrigues, 27 anos, de Água Boa (MT). Ele perdeu a visão após ser intoxicado por metanol e está internado no Instituto de Neurologia de Goiânia (GO) desde segunda-feira (20) para tratamento com o antídoto fomepizol.
Os outros três casos suspeitos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES) são:
- Um homem, de 40 anos (Várzea Grande): internado, aguardando resultado laboratorial;
- Uma menina, de 18 anos (Cuiabá): recebeu alta hospitalar nesta quinta-feira (23/10). No entanto, o caso segue em investigação aguardando resultado laboratorial oficial;
- Um homem, de 30 anos (Várzea Grande): internado, aguardando resultado laboratorial.
Fonte: primeirapagina






