Se tem uma abordagem que vendeu bem nesses últimos anos, foi a tal destoxificação. O termo “detox” virou um chavão na nutrição, na indústria, desde roupas até alimentos, suplementos, e o suco verde, que talvez tenha um papel, talvez não, nesse processo.
Para entender se o suco verde irá ajudá-lo nos próximos dias e semanas que sucedem as festas de Ano-Novo e férias, temos que primeiro relembrar o que é o sistema de destoxificação, processo natural do nosso organismo e que pode perder sua eficiência ao longo da vida e ao longo dos dias de abuso nos maus hábitos.
A destoxificação tem basicamente duas etapas, a fase 1 e a fase 2. No decorrer da ação de destoxificação do organismo, a fase 1 é a inicial, e a fase 2 é a final, onde o corpo de fato consegue eliminar as toxinas que não podem se acumular. Caso isso não ocorra de forma completa, ao longo da vida iremos acumular toxinas em diferentes tecidos e sistemas, ocasionando o inicio de patologias e condições bem negativas ao corpo.
Os órgãos responsáveis pelas fases 1 e 2 são pele, rins, fígado, intestino e pulmões, mas outros órgãos podem estar envolvidos nas diferentes etapas.
O que conhecemos como toxinas na verdade são metabólitos resultantes de reações endógenas, ou então de consumo, ou melhor, que são exógenos: fumo, álcool, excessos alimentares, drogas, ultraprocessados, químicos no geral, que podem ser consumidos nas mais diversas fontes, desde aditivos químicos até contaminação. Fato é que somos expostos a contaminantes e a hábitos nada saudáveis durante basicamente todos os dias de nossas vidas.
Nosso organismo geralmente dá conta de eliminar essas toxinas. Ele tem o sistema natural de eliminação que nos protege dos radicais livres, por exemplo, e esses radicais livres são normais para nós, nosso próprio corpo os produz, e é necessário que os tenhamos para que haja o equilíbrio natural das coisas.
Um exemplo: nos exercitamos, produzimos espécies reativas de oxigênio e, por fim, acionamos a destoxificação para eliminar as toxinas resultantes. É um equilíbrio natural. Essas toxinas podem estar sendo formadas de diferentes formas como mencionei, porém, em épocas como final e inicio de ano, a tendência é que abusemos ainda mais da boa vontade do nosso organismo. As férias são nossas, mas o nosso corpo tende a ter muito mais trabalho.
É excesso calórico, açúcares, álcool, sol, remédios para dores de cabeça, remédios para curar ressaca, alimentos gordurosos, baixa atividade física, um somatório de coisas que dão mais trabalho para o sistema de destoxificação.
E então, os sucos verdes podem ser auxiliares ou não?
A verdade é que sim, podem. E o motivo maior é: saúde intestinal.
Cuidando do nosso intestino, estaremos cuidando de todo o restante. O principal objetivo do sistema de destoxificação é transformar as toxinas em metabólitos menos lipossolúveis, para eliminação via biliar, ou em hidrossolúveis, para eliminação pela urina.
A primeira barreira é o intestino, nele encontramos mecanismos de ação que protegem outros órgãos de receberem tais toxinas em maiores concentrações. Não podemos esquecer que temos trilhões de microrganismos que vivem dentro de nós, na nossa microbiota, que formam desde muco para barreira intestinal, impossibilitando a passagem e translocação além da barreira intestinal, como também são capazes de interagir com essas toxinas, xenobióticos, e atuar em sua eliminação.
Uma saúde intestinal em dia, em equilíbrio, é capaz de agir como uma grande barreira de entrada desses xenobióticos ao restante do corpo. Do contrário, uma saúde intestinal em desequilíbrio é capaz de liberar mais citocinas inflamatórias, permitir a passagem de toxinas e, inclusive, produzir mais toxinas (endotoxinas), colaborando com processos inflamatórios. Essa cascata de reações pode ser amenizada quando o paciente se conscientiza de sua alimentação e passa a ser mais fiel a sua saúde intestinal.
Por isso, obviamente, é que a palavra detox se tornou tão popular, afinal, o que queremos é fazer com que nosso organismo fique mais limpo, e consiga eliminar toda a química possível que possa ser deletéria a nossa saúde e nossa integridade física.
Como suco verde pode ser eficaz?
Vale ressaltar: a coloração verde não necessariamente vem da couve, como comumente é vendido, mas sim da clorofila que queremos obter usando diversas hortaliças. O beneficio vem justamente do fato de que o indivíduo geralmente não iria conseguir consumir os 400 g de alimentos ricos em fibras advindos de hortaliças diariamente (como é orientação da FAO, OMS e demais órgãos de saúde).
Sendo assim, o suco usando hortaliças e algumas frutas que contribuem para o consumo de fibras, vitaminas e minerais, além dos fitoquímicos presentes de forma essencial nesse preparo, terá o poder de amenizar o perfil pró-inflamatório intestinal, permitir motilidade otimizada que melhora a evacuação e regula o transito intestinal, e também servirá como fonte de hidratação.
Cada fruta, cada vegetal, cada semente usados em sucos serão fontes de vitaminas, minerais e fitoquímicos que desempenham papel fundamental nos ciclos metabólicos, e que, sem a presença deles, não funcionariam direito, ocasionando novamente em uma série de distúrbios.
Como obter os melhores benefícios dos sucos?
Use duas a três diferentes hortaliças e em grande volume, nada de usar apenas 1 ou 2 folhas.
Adicione sementes, como semente de girassol, abóbora, linhaça e chia.
Escolha uma fruta rica em água, como laranja, melancia, tangerina, limão, abacaxi, ameixa, melão.
Adicione o mínimo possível de água, para que você não precise coar a bebida e eliminar as fibras que são importantes no consumo.
Tenha o habito de consumir diariamente, e longe das refeições principais. O ideal é ter um suco desses logo pela manhã, em jejum, ou final de tarde.
Se você possui suplementos e nutrientes poderosos na sua rotina, como a cúrcuma, pimenta-preta, pimenta-caiena, gengibre, açafrão, canela, cardamomo, entre tantos outros, adicione-os aos sucos.
Atenção: o uso de sucos verdes, é como o próprio nome já diz: ter fontes verdes, hortaliças em grandes volumes para lhe proporcionar o consumo ideal e seguro para sua saúde. Ele não deve ser usado como substituto de uma refeição, como medicamento ou esporadicamente.
Tenha o hábito de consumir visando a saúde a longo prazo e fale com seu nutricionais ou médico antes, para saber se os nutrientes estão adequados a qualquer doença ou condição que você tenha previamente.
