Sophia @princesinhamt
Food

Taise Spolti: Descubra a fagoterapia – uma abordagem promissora que pode trazer benefícios significativos

2024 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Uma técnica antiga, datada de 1920, antes mesmo da criação da penicilina, que revolucionou os tratamentos de doenças infecciosas com antibióticos, vem ressurgindo como alternativa a tratamentos difíceis de serem encarados: bactérias multi e super-resistentes.

A resistência antimicrobiana é uma crise de saúde global, anunciada pela própria OMS. A sociedade está enfrentando, e enfrentará em questão de três décadas, crises graves de resistência aos antibióticos.

Um microrganismo resistente a antibioticoterapia oferece um grande risco ao ser humano, uma vez que ameaça a capacidade de tratamento e erradicação de doenças que podem facilmente se propagar e causar a morte de milhares de pessoas.

Segundo a Opas, “a RAM ocorre quando microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) sofrem alterações quando expostos a antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplo)”. Os microrganismos resistentes à maioria dos antimicrobianos são conhecidos como ultrarresistentes.

“Como resultado, os medicamentos se tornam ineficazes e as infecções persistem no corpo, aumentando o risco de propagação a outras pessoas. A resistência aos antimicrobianos representa uma ameaça crescente à saúde pública mundial e requer ação de todos os setores do governo e da sociedade”, diz o órgão.

Após passarmos por uma pandemia, dizer que o tratamento com vírus pode ser uma boa estratégia em substituição a antibioticoterapia é um tanto estranho, porém essa é uma afirmação cada vez mais usada e estudada, e que vem ressurgindo como opção viável e segura.

A fagoterapia é uma alternativa segura para tratamento no lugar de antibióticos, pois se utiliza de uma espécie de vírus bacteriófagos, ou seja, vírus “comedores” de bactérias.

Já foram catalogados mais de 5 mil tipos de vírus bacteriófagos (ou fagos), que infectam e atacam as bactérias. Para que o tratamento seja eficiente, o vírus deve ser de alta virulência, capaz de matar a célula bacteriana através da lise celular. Já o antibiótico, em sua grande maioria, não é capaz de causar essa lise celular, apenas tendo como efeito bacteriostático no microrganismo, o que possibilita a sua formação de cepas resistentes.

Um grande exemplo de terapia com fagos, ou melhor, fagoterapia, é o transplante de microbiota fecal, ou TMF, sobre o qual já escrevi aqui uma coluna em colaboração com o microbiologista Alessandro Silveira. No bolo fecal, foi-se constatado que existem mais fagos do que bactérias, e através disso, pode-se isolar determinados tipos de fagos específicos para combater infecções com as bactérias designadas ao combate.

O que é interessante saber sobre a fagoterapia

Não são danosos ao corpo humano. Não oferecem riscos às células humanas, pois as mesmas não possuem os receptores de superfície que se ligam ao vírus bacteriófago. O uso dessa terapia não oferece desequilíbrio da microbiota intestinal, e isso evita que o indivíduo crie tanto cepas resistentes no futuro, como também minimiza o surgimento de infecções fúngicas, comuns após antibioticoterapia.

Obviamente que essa terapia, assim como qualquer outra, ainda oferece lacunas na ciência que devem ser estruturadas para que haja melhor oferta à sociedade. Hoje, um dos maiores bancos de fagos está localizado na Geórgia (Instituto de Bacteriófagos Eliava), sendo que, para viabilizar a utilização em larga escala como uma terapia de fácil acesso, seria necessário aumentar a produção e investimentos em pesquisa a nível mundial.

Embora na ciência a fagoterapia já seja muito bem descrita, a luta hoje é em como isolar cada vez mais tipos de bacteriófagos, designando-os a diferentes tratamentos onde o patógeno se tornou ultrarresistente, como as bactérias encontradas em ambientes hospitalares e demais condições.

O que causa a resistência antimicrobiana?

O uso indiscriminado de antibióticos é a principal causa de resistência aos antimicrobianos, levando a cepas ultrarresistentes de bactérias que oferecem riscos iminentes à população, uma vez que nenhum medicamento seria capaz de combater os efeitos da doença, podendo levar à morte e à alta propagação entre indivíduos.

Hoje, como mencionado antes, a RAM é um alerta de crise de saúde global, sendo assim, terapias como a fagoterapia estão sendo novamente estudadas e aplicadas mundo afora.

Por fim, ainda segundo dados da Opas e OMS, 480 mil pessoas desenvolvem tuberculose multidrogarrresistente e a resistência aos medicamentos também está começando a complicar a luta contra o HIV e a malária.

Fonte: uol

Sobre o autor

Avatar de Carlos Miranda

Carlos Miranda

Business consultant | Gastronomo | Chef Executivo | Pitmasters | Chef proprietário OSSOBUCO Outdoor Cooking