O aspartame, um tipo de adoçante artificial, entrou para a lista de substâncias “possivelmente cancerígenas” da OMS, segundo anúncio feito na quinta-feira (13).
Apesar da nova classificação, a quantidade consumida deve ser bastante elevada para provocar problemas de saúde —a ingestão diária aceitável é de 40 mg por quilo de peso.
Vale destacar que a OMS avalia o potencial risco de determinados alimentos para a saúde com base em evidências científicas. São avaliadas revisões e análises de estudos epidemiológicos, estudos em animais e laboratoriais. Em seguida, classificam as substâncias ou alimentos em diferentes categorias de risco:
Grupo 1 – Carcinogênico para humanos
Grupo 2A – Provavelmente cancerígeno para humanos
Grupo 2B – Possivelmente cancerígeno para humanos
Grupo 3 – Não classificável
Além do aspartame, existem outros alimentos que chamaram a atenção dos pesquisadores e devem ser evitados ou consumidos com moderação. A seguir, veja detalhes sobre esses itens.
1. Aspartame
O aspartame é um adoçante usado desde a década de 1980 como substituto do açúcar e também em produtos como refrigerantes e alimentos processados. Recentemente, a Iarc, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, citou evidências científicas para considerar o aspartame como uma substância potencialmente carcinogênica.
De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, o aspartame é um dos aditivos alimentares mais pesquisados no mundo, e sua segurança tem sido testada regularmente pelas agências da OMS. Até o momento, é considerado seguro para os consumidores nos níveis utilizados pela população.
Para se ter uma ideia, um adulto com 70 kg precisa consumir 66 latas de Coca-Cola zero açúcar por dia para exceder o limite diário do aspartame.
Os aminoácidos do aspartame (fenilalanina e o ácido aspártico) são separados durante a digestão e uma pequena quantidade de metanol é produzida. O metanol é potencialmente cancerígeno porque se converte em ácido fórmico e formaldeído, que pode alterar o DNA. Entretanto, a quantidade é extremamente baixa. Ainda são necessárias mais pesquisas. Maria de Lourdes Teixeira, gastroenterologista e coordenadora de terapia nutricional da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Por outro lado, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) divulgou um posicionamento no dia 14 de julho orientando para que as pessoas não consumissem mais o adoçante artificial.
2. Carnes processadas
Desde 2015, carnes processadas, como salsicha, presunto e bacon, são classificadas como cancerígenas para humanos pela OMS. Portanto, há evidência científica que associe o seu consumo com o risco aumentado de câncer.
Geralmente, esses itens passam por um processo de industrialização (salgamento, realce de sabor, fermentação e conservação) e liberam substâncias cancerígenas, como nitritos, para aumentar a validade do produto. Isso aumenta o risco de câncer, principalmente do estômago e cólon.
A OMS alertou que o consumo diário de carnes processadas não deve passar de 50 g, o que equivale a uma salsicha ou cerca de quatro fatias de presunto. Quantidades maiores do que estas já aumentam em 18% o risco de câncer de intestino e reto.
“Para reduzir os riscos, recomenda-se limitar o consumo de carnes processadas e optar por carnes frescas, peixes, aves, legumes, grãos e outras fontes de proteína”, destaca Isolda Prado, nutróloga da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) e professora da UEA (Universidade do Estado do Amazonas).
3. Bebidas alcoólicas
Desde 2012, a OMS classifica o álcool como uma bebida que causa câncer. Independentemente da quantidade ou tipo ingerido, o consumo de álcool está relacionado ao risco aumentado do câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon e reto) e mama.
De forma geral, o álcool pode danificar diretamente o DNA das células, causar estresse oxidativo que danifica os genes e facilitar que os carcinogênicos ambientais entrem nas células. Além disso, altera o metabolismo e deixa o organismo menos nutrido, o que favorece o surgimento de alguns tipos de câncer.
Quanto maior o consumo, maior o risco. Entretanto, a OMS relata que metade dos cânceres atribuídos ao álcool é causada por consumo leve a moderado de álcool. Não existe quantidade segura de álcool. Maria de Lourdes Teixeira, gastroenterologista e coordenadora de terapia nutricional da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
4. Carne vermelha
O consumo de carne vermelha também foi classificado pela OMS como “provavelmente cancerígeno para os humanos”. Em excesso, o alimento está associado ao desenvolvimento de câncer de intestino (cólon e reto), principalmente.
De forma geral, a carne possui grandes quantidades de ferro heme, um nutriente que possui efeito tóxico para as células, quando consumido em excesso.
Portanto, nesse caso, a quantidade e a forma de preparo fazem a diferença: a recomendação é consumir até 500 g de carne cozida por semana e evitar carnes fritas e em temperaturas muito elevadas, para evitar os compostos químicos que são cancerígenos a grudam no alimento.
5. Peixe salgado chinês
É provável que você nunca tenha ouvido falar do peixe salgado chinês. Mas desde 2012 a OMS classifica o alimento como carcinogênico.
Além disso, o consumo exagerado de peixe salgado chinês também pode levar a uma ingestão alta de mercúrio, sendo prejudicial para a saúde. Portanto, quanto maior o consumo, maior o risco.
“As pesquisas ainda não foram concluídas, mas acredita-se que o consumo excessivo de sal aumenta os riscos de câncer de nasofaringe. A recomendação é evitar ingerir o alimento regularmente e investir em uma dieta equilibrada”, afirma Ana Clara Ferreira, nutróloga da AmorSaúde, que atende na unidade de Juazeiro (BA).
6. Noz de areca
Outro alimento que pode ser desconhecido por boa parte da população brasileira é a noz de areca. Com sabor apimentado e amargo, a semente costuma ser mascada com outras especiarias, principalmente na Índia.
O alimento entrou na lista da OMS como possível cancerígeno pelo risco que oferece de causar câncer de boca, esôfago e fígado.
“Além disso, o consumo regular pode causar dependência, aumentar o risco de doenças periodontais, afetar a saúde bucal e contribuir para problemas gastrointestinais. Em geral, o consumo de noz de areca não é recomendado devido aos riscos à saúde associados a essa prática”, diz Prado.
7. Frituras
Para quem ama frituras, é importante saber que em excesso essas delícias aumentam o risco de câncer, principalmente o oral. A OMS classifica as frituras como alimentos que “provavelmente causam câncer”.
Apesar de saborosas, as frituras passam por altas temperaturas e formam um composto conhecido como acrilamida. Essa substância é considerada cancerígena pela Iarc, pois danifica o DNA e provoca a morte celular.
Além disso, consumir fritura em excesso aumenta os riscos de obesidade, condição que causa inflamação no corpo, deixando-o mais suscetível ao câncer.
8. Extrato de aloe vera
Conhecida também como babosa, o extrato de aloe vera é considerado um item que “possivelmente cause câncer”. Isso porque os estudos foram realizados apenas em animais até o momento.
Desde 2011, a Anvisa proíbe bebidas e alimentos à base de aloe vera por falta de estudos científicos que comprovem a sua segurança. No entanto, produtos de limpeza, aromatizantes e cosméticos com a planta continuam liberados para uso.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda