A 22ª edição Festival de Cinema de Mato Grosso (Cinemato) estreia nesta segunda-feira (14), com uma homenagem ao cineasta Silvino Santos (1886–1970), figura fundamental do cinema brasileiro e conhecido como o “cineasta da selva”.
O evento ocorre entre 14 e 20 de julho, no teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, com entrada gratuita em todos os dias.
O cineasta da selva
Nascido em Portugal, Silvino Santos chegou ao Brasil ainda jovem e construiu uma carreira marcada pelo registro sensível e inovador da vida na Amazônia.
Autodidata, ele começou como fotógrafo nos seringais amazônicos e, aos poucos, mergulhou no universo cinematográfico com uma abordagem singular. Suas produções combinavam observação etnográfica e poesia visual, oferecendo um olhar inédito sobre os povos e paisagens da floresta.
O trabalho de Silvino retratou com profundidade o cotidiano de seringueiros, indígenas e imigrantes que habitavam a região, em uma época em que a Amazônia ainda era pouco conhecida fora de seus limites.
Obras
Entre as obras mais marcantes de Silvino Santos está o documentário “Amazonas, o Maior Rio do Mundo” (1931), encomendado pelo governo do Amazonas para representar o Brasil na Exposição Internacional de Sevilha.
O filme é considerado o primeiro longa-metragem genuinamente amazônico e marcou época por suas técnicas inovadoras — como tomadas aéreas que revelavam a vastidão da floresta — e por registrar com profundidade tanto a geografia majestosa quanto a vida das comunidades ribeirinhas, os ciclos econômicos da borracha e da castanha, e as expressões culturais caboclas invisibilizadas pelos registros oficiais.
Mais do que uma peça promocional, a obra se consolidou como um documento histórico de valor inestimável. Reconhecido pela Cinemateca Brasileira como patrimônio audiovisual nacional, o filme é um dos marcos fundadores do cinema documental no país.
Fonte: primeirapagina