Nos últimos séculos, os físicos descobriram um bocado de coisas que Aristóteles ou Platão sequer imaginavam. Vide a existência de partículas elementares chamadas quarks — que compõem os prótons e nêutrons, que compõem o núcleo os átomos, que compõem as moléculas, que compõem as células, que compõem os órgãos e tecidos do seu corpo.
Muita coisa mais simples, porém, permanece ignorada: ainda não existia, por exemplo, um estudo definitivo sobre… bambolês. (Não pense que isso é raro: Richard Feynman, um dos fundadores de uma área chamada eletrodinâmica quântica, era fascinado pelo fenômeno inexplicado de quebrar espaguete para colocá-lo na panela. Tirem os italianos da sala.)
Um grupo de matemáticos do Laboratório de Matemática Aplicada da Universidade de Nova York (NYU) resolveu pôr fim a essa lacuna e publicou um artigo caprichado sobre esses aros de plástico circenses no periódico especializado PNAS. O estudo confirmou uma conclusão intuitiva: quanto maior é a diferença entre as larguras da cintura e do quadril de alguém, mais fácil é manter o bambolê no ar.
Eles criaram uma matriz de formas geométricas mais ou menos eficazes na tarefa, testando cada uma delas com um robô que girava os bambolês na vida real — afinal, o departamento é de matemática aplicada.
No gráfico abaixo, o eixo vertical se distribui de uma ampulheta (em que parte mais estreita da forma é o meio) até um ovo (cuja parte mais larga é o meio). Já o eixo horizontal classifica as formas em um gradiente que vai de um triângulo invertido — mais estreito embaixo —, até um triângulo comum, apontado para cima.
Dá só uma olhada. A conclusão foi que as formas do quadrante superior direito, semelhantes a pêras, são as melhores. Os “corpinhos” de plástico utilizados no experimento foram feitos com uma impressora 3D e tinham um décimo do tamanho de um ser humano real. Eles eram acoplados a um motor responsável por fazê-los girar com a ginga necessária para manter o aro no ar.
–Nós estávamos especificamente interessados em quais tipos de formato do corpo e movimento do corpo eram bem sucedidos em segurar o bambolê no ar, e quais eram as restrições e requerimentos físicos envolvidos”, explicou Leif Ristroph, um dos autores do estudo, em declaração à imprensa.
“As pessoas vêm em muitos tipos. Algumas têm a curvatura e a inclinação ideais em sua cintura e quadris, outras não têm. Esses resultados explicam porque algumas pessoas têm uma facilidade natural com essa atividade, enquanto outras precisam se esforçar mais.”
Fonte: abril