O canabidiol, substância química que é um dos componentes da planta da maconha, é usado em tratamentos para doença de Parkinson, epilepsia, dor crônica e até alguns casos de câncer. Agora, um novo estudo mostra que o composto pode ser útil para combater um dos maiores inimigos dos humanos: os mosquitos.
Na pesquisa, que foi publicada na revista Insects, foi demonstrado que o extrato da folha de cânhamo – que contém o canabidiol, ou CBD – pode matar larvas do mosquito Aedes aegypti, velho conhecido dos brasileiros por ser um vetor de doenças como dengue, febre amarela e zika.
Duas variedades de Aedes aegypti foram usadas no estudo: uma com resistência aos inseticidas comuns, e a outra sem resistência. Ambas morreram dentro de um período de 42 horas depois da exposição ao canabidiol.
Erick Martinez Rodriguez, o cientista da Ohio State University que foi o principal autor do estudo, disse em depoimento que o composto foi testado com larvas porque “é muito importante conseguir controlar essas pragas num estágio inicial de desenvolvimento, quando estão mais vulneráveis”.
CBD misturado na comida
As larvas dos mosquitos, como qualquer um que já ouviu uma campanha de conscientização contra a dengue sabe, são organismos aquáticos que vivem na água parada. Algumas populações começaram a adquirir resistência aos inseticidas usados para limpar a água parada, e é aí que o CBD poderia entrar como novidade.
A planta de cânhamo, usada no estudo, tem níveis muito baixos de THC, que é a principal substância psicoativa da cannabis, muito associada ao barato da maconha. Ou seja: as larvas de mosquito não ficaram chapadas. O composto, como a pesquisa descobriu, é tóxico para elas.
Uma solução de CBD concentrada foi dada às larvas junto de sua comida em diferentes concentrações. Todas elas levaram a 100% de mortalidade, com mais e menos demora dependendo da quantidade do composto.
Os pesquisadores ainda não entendem o mecanismo biológico que explica o que o canabidiol faz nas larvas de mosquito. Estudos futuros deveriam tentar entender os possíveis efeitos que o CBD pode ter em outros organismos que não são os alvos do pesticida, como abelhas e outros insetos polinizadores.
Fonte: abril