O cantor e compositor Chico Buarque passou por uma cirurgia neurológica na terça-feira (3) para tratar uma hidrocefalia de pressão normal, também chamada de hidrocefalia normobárica. A condição é causada pelo acúmulo de líquor — fluido que envolve o sistema nervoso central — no cérebro, mas sem aumento da pressão intracraniana. Apesar disso, pode comprometer seriamente a capacidade cognitiva, os movimentos das pernas e o controle urinário.
O diagnóstico foi feito precocemente durante um check-up, o que permitiu a intervenção antes de maiores complicações. O procedimento adotado foi a derivação ventrículo-peritoneal, em que uma válvula é implantada para drenar o excesso de líquido do cérebro para a cavidade abdominal. A recuperação do cantor ocorre de forma positiva, e a previsão é de alta em até 48 horas.
A cirurgia é considerada de complexidade intermediária, mas tem alto índice de sucesso, especialmente quando realizada logo após o diagnóstico. As válvulas atualmente utilizadas contam com tecnologia programável, o que permite ajustar a drenagem mesmo após a implantação.
A hidrocefalia de pressão normal é mais comum em pessoas com mais de 60 anos e costuma ser confundida com sinais típicos do envelhecimento, como lentidão ao caminhar, esquecimentos frequentes e incontinência urinária. Um dos sinais mais característicos é a chamada “marcha magnética”, em que o paciente apresenta dificuldade para tirar os pés do chão ao andar.
O diagnóstico costuma ser feito por meio de ressonância magnética, que mostra o aumento nos ventrículos cerebrais, e confirmado com o chamado TAP test, um exame em que parte do líquor é retirada para avaliar se há melhora nos sintomas.
Estima-se que cerca de 480 mil brasileiros convivam com essa forma de hidrocefalia, muitas vezes sem diagnóstico. A condição pode ser causada por fatores como traumas cranianos, meningites ou complicações de outras cirurgias neurológicas, embora em muitos casos a origem seja desconhecida.
Quando tratada a tempo, a condição tem bom prognóstico e o paciente pode retomar a rotina com qualidade de vida. A ausência de tratamento, no entanto, pode levar à perda progressiva de funções e abreviar a expectativa de vida.
Fonte: primeirapagina