Localizada no bairro Parque Cuiabá, a Casa Vítuka é um espaço de formação, criação e valorização das culturas indígenas. O espaço une arte, memória e educação a partir de uma perspectiva originária.
Idealizada pela artista, educadora e pesquisadora Naine Terena, em parceria com o Ponto de Cultura Acervo Indígena e Indigenista e o Ateliê do artista Gustavo Caboco Wapichana, a Casa se propõe a ser um polo de produção artístico-cultural voltado à pesquisa e ao fortalecimento dos saberes indígenas.
Inspirado na cosmologia do povo Terena, o nome “Vítuká” vem do bem-te-vi, ave que, segundo a tradição, escutou os seres humanos ainda debaixo da terra e os ajudou a emergir para o mundo. É com esse simbolismo que o espaço atua em três frentes:
- promover o compartilhamento dos conhecimentos indígenas alinhados à Lei 11.645/08;
- formar jovens e mulheres para o bem viver por meio da arte e cultura;
- capacitar mulheres indígenas para atuarem no setor cultural.
A Casa Vítuka tem ganhado visibilidade por promover as chamadas “Revoadas”, temporadas de atividades culturais.
A primeira, realizada entre novembro de 2024 e abril de 2025, contou com uma programação diversa: bate-papo sobre a cultura Boe Bororo, mini-residência com os artistas Gustavo Caboco e Ruth Albernaz, cineclube com discussões, feira de arte, webinar sobre indigenismo e lançamento de livro.
Residência artística e questões climáticas
Entre os dias 19 e 22 de junho de 2025, o espaço promoveu uma residência artística intitulada “Muxirum de Férias”, reunindo 20 artistas e pesquisadores em um encontro voltado a reflexões sobre arte, meio ambiente e cultura indígena.
A proposta foi fomentar o diálogo entre os participantes e os conhecimentos tradicionais sobre natureza, reforçando uma visão em que a terra, os rios e demais elementos naturais têm donos e devem ser respeitados.
Hoje, além de abrigar o Ateliê de Gustavo Caboco, a Casa também é sede do Ponto de Cultura Acervo Indígena e Indigenista — um espaço que nasce da memória do indigenista Antonio João de Jesus, pai de Naine, que viveu com diferentes povos indígenas no Brasil.
O acervo, disponível online, é base para reflexões sobre a história e o papel de indigenistas nas políticas voltadas aos povos originários.
Arte como ferramenta de (re)territorialização
Com obras que circulam por instituições como a Pinacoteca de São Paulo, Gustavo Caboco é um dos nomes que ajudam a consolidar a Casa como centro de referência.
Suas criações, que dialogam com pintura, têxtil, vídeo e literatura, exploram os deslocamentos indígenas e o fortalecimento das memórias de seus povos.
A Casa, em parceria com ele, torna-se também um espaço onde os corpos e saberes indígenas podem retomar seu território, tanto físico quanto simbólico.
Fonte: primeirapagina