Saúde

‘Bebês Mounjaro: O impacto das canetas emagrecedoras’

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Relatos de mulheres que engravidaram após iniciar o uso da chamada caneta emagrecedora têm se multiplicado nas redes sociais. Esta semana, a ex-BBB Laís Caldas anunciou a gravidez e revelou que fazia uso do Mounjaro, reacendendo o debate sobre os efeitos desses medicamentos no organismo feminino.

 

O fenômeno, apelidado de “bebês Mounjaro”, levanta dúvidas importantes: afinal, o medicamento aumenta a fertilidade? Há riscos? E por que isso acontece?

 

 

O Mounjaro, originalmente indicado para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, não é um remédio para engravidar. Ainda assim, especialistas explicam que seus efeitos metabólicos podem, em alguns casos, favorecer indiretamente a ovulação, especialmente em mulheres que antes tinham ciclos irregulares.

 

A ginecologista, obstetra e mestre em medicina Maria Clara Albejante explica que o principal fator está ligado à redução da resistência à insulina e à perda de gordura corporal, especialmente da gordura visceral.

 

Em mulheres com SOP (síndrome dos ovários policísticos) — condição frequentemente associada ao sobrepeso — esses ajustes metabólicos podem levar à regularização do ciclo menstrual e ao retorno da ovulação espontânea.

 

Ou seja: o medicamento não induz gravidez, mas pode restaurar funções hormonais que estavam bloqueadas pelo desequilíbrio metabólico. “Tanto o excesso quanto a falta de gordura podem desregular o ciclo”, explica a ginecologista Maria Clara.

 

Apesar do aumento de relatos de gestações inesperadas, o Mounjaro não é recomendado para mulheres que estão tentando engravidar. A orientação médica é suspender o uso pelo menos um a dois meses antes das tentativas, já que ainda não há estudos suficientes que comprovem segurança durante a gestação.

 

Outro ponto de atenção: o medicamento pode reduzir a eficácia da pílula anticoncepcional, por interferir na absorção dos hormônios. Por isso, mulheres que usam a caneta devem adotar métodos complementares, como preservativos, ou optar por métodos não orais, como DIU, implante ou adesivo.

 

Entre mulheres em idade fértil, o uso da caneta pode provocar:

 

– atrasos menstruais
– escapes
– ciclos irregulares
– ausência temporária da menstruação

 

Segundo a médica, isso ocorre porque tanto o excesso quanto a falta de gordura corporal afetam diretamente os hormônios ligados à ovulação. A perda de peso rápida pode desregular o eixo hormonal, especialmente quando não há ingestão adequada de nutrientes.

 

Outro alerta importante é que o uso inadequado do medicamento pode levar à perda de massa muscular, queda de vitaminas, fadiga, alterações de humor e desidratação — fatores que também impactam negativamente a fertilidade. “Se não houver mudança de hábitos, alimentação adequada e acompanhamento médico, o remédio vira uma muleta”, alerta a especialista. O risco, segundo ela, é trocar um problema por outro.

 

Os chamados “bebês Mounjaro” não são fruto de um efeito milagroso, mas de uma reorganização metabólica que, em alguns casos, devolve ao corpo feminino a capacidade de ovular. Ainda assim, o medicamento não deve ser usado com o objetivo de engravidar.

 

Em um cenário em que resultados rápidos viralizam, especialistas reforçam: quando o assunto é fertilidade feminina, informação, acompanhamento médico e planejamento são tão importantes quanto o número na balança.

Fonte: gazetadigital

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