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Ciência & Saúde

Aquecimento global afeta comportamento dos crocodilos: entenda

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As consequências do aquecimento global são sofridas por espécies de animais ao redor de todo o mundo: ursos polares perdendo seu habitat natural por conta do derretimento das geleiras; elefantes enfrentando períodos de seca impossíveis para sua sobrevivência; borboletas monarcas ameaçadas pelas mudança drástica nas temperaturas, que funcionam como um relógio biológico para esses insetos; entre tantos outros.

Agora, um novo estudo aponta que mais um grupo de animais é afetado pela calefação do globo: os crocodilos. 

A vida de um crocodilo funciona mais ou menos assim: quando o sol dá os primeiros sinais de vida, os enormes répteis aproveitam para começar um processo de bronzeamento intenso. Lá pelo meio dia, é hora de entrar na água e dar um descanso para o corpitcho quente –  deitar na sombra ou esperar a chegada da noite também são alternativas para o refresco.

O entra e sai da água continua o dia inteiro e, entre as sessões de bronze, são intercaladas com uma boquinha para manter a barriga cheia. 

A rotina tem uma razão evolutiva, claro. Assim como a maioria dos répteis, os crocodilos têm sangue frio. Você deve se lembrar desse detalhe, mas vale a pena ver de novo: esses animais são ectotérmicos (o nome científico para dizer que o sangue deles é geladinho). Por isso, dependem de fatores externos para manter sua temperatura corporal. 

No caso dos grandalhões, ela deve se manter entre os 28 e, no máximo, 32°C. O jogo de cintura é constante: esses animais precisam estar dentro desse escopo térmico para sobreviverem.

Porém, na Austrália, os crocodilos de água salgada (Crocodylus porosus) passam por uma situação complicada: as alternativas para diminuição da temperatura corporal deles não parecem ser mais suficientes. Pelo contrário, cientistas reportaram um aumento geral na temperatura desses répteis e uma mudança de comportamento decorrente da novidade.

A pesquisa, publicada no jornal científico Current Biology , reporta que, em um espaço de 15 anos, a temperatura corporal geral dos crocodilos aumentou e que atualmente eles passam mais tempo em seu limite térmico.   

Quando esses bichos alcançam a marca dos 32°C, seu comportamento muda: eles reduzem o seu desempenho na natação e no mergulho, em uma tentativa de reduzir sua movimentação para aliviar o calor. É parecido com o que você faz quando está muito calor: evita caminhadas no sol e prefere ficar quietinho no fresco.

Entre 2008 e 2023, pesquisadores da Universidade de Queensland analisaram 203 crocodilos de água salgada no Steve Irwin Wildlife Reserve. As temperaturas foram medidas com pequenos dispositivos implantados sob a pele dos crocodilos e outros rastreadores monitoravam quando e por quanto tempo os répteis passavam submersos.

Caso um crocodilo passasse de 30 minutos a 24 horas sem ser detectado e em seguida fosse registrado com temperaturas corporais mais altas ou mais baixas, os cientistas assumiam que o animal teria alterado seu comportamento para regular sua temperatura corporal — seja tomando sol para aumentá-la ou encontrando um local fresco para baixá-la.

Ao final da pesquisa, quase 6.5 milhões de medições foram realizadas, dessas o maior aumento da temperatura corporal foi de 0.55°C. Entre os animais, 135 ultrapassaram os 32°C pelo menos uma vez, e um indivíduo se manteve acima de 32°C por mais de um mês em 2021.

As maiores temperaturas corporais dos crocodilos foram associadas aos períodos de El Niño, que estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas. Em condições mais quentes, eles exibiram mais comportamentos de resfriamento e passaram menos tempo submersos.

Kaitlin Barham, autora principal do estudo, disse ao site Live Science que crocodilos com o sangue mais quente tem um metabolismo mais rápido. “Um metabolismo mais alto significa queimar oxigênio mais rapidamente. Pesquisas de laboratório descobriram que eles simplesmente não conseguiam prender a respiração por tanto tempo. Levaria um pouco mais de tempo para se recuperarem na superfície.”

De acordo com os pesquisadores, é possível que os períodos crescentes de clima quente possam reduzir a capacidade de caça dos crocodilos, mas são necessários mais estudos para compreender os impactos na vida e saúde desses animais.

“Cada minuto que eles passam na margem tentando reduzir a temperatura do corpo é um minuto que não estão gastando viajando, se reproduzindo ou procurando comida”, disse Barham para o Live Science.

Fonte: abril

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