O consumo de álcool costuma crescer durante as festas de fim de ano, impulsionado por confraternizações e encontros familiares. Segundo a psiquiatra Alessandra Diehl, integrante do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abad), esse comportamento amplia os riscos à saúde física e mental, além de afetar negativamente as relações sociais.
A especialista destaca que não existe nível seguro para o consumo de álcool. Estudos recentes reforçam que qualquer quantidade ingerida pode gerar prejuízos ao organismo. Entre os problemas mais comuns nesse período estão quedas, intoxicações e falhas na supervisão de crianças em ambientes onde adultos fazem uso excessivo de bebida alcoólica.
De acordo com a psiquiatra, é frequente o aumento de atendimentos pediátricos relacionados à ingestão acidental de álcool por crianças, consequência direta da falta de atenção dos responsáveis. Além disso, há crescimento de episódios de agressividade, conflitos familiares e riscos associados à combinação de álcool com medicamentos.
“Com a perda do juízo crítico, a pessoa pode se expor a situações perigosas, como dirigir alcoolizada, além de apresentar maior propensão a comportamentos agressivos”, explica.
Para quem já enfrenta problemas com álcool, o período de fim de ano é ainda mais sensível. A oferta abundante de bebidas e a forte glamourização cultural aumentam o risco de recaídas entre pessoas em processo de recuperação.
Outro alerta envolve a saúde mental. Muitas pessoas recorrem ao álcool como forma de lidar com sentimentos de tristeza, ansiedade e frustrações comuns nessa época. Segundo a especialista, esse uso como “válvula de escape” pode agravar quadros de ansiedade e depressão já existentes.
Álcool e juventude
O consumo entre adolescentes também preocupa. Dados do 3º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III), divulgado em setembro de 2025, mostram que, embora a proporção de adultos que bebem regularmente tenha diminuído, o consumo entre menores de idade aumentou.
Entre adultos, a proporção de consumidores regulares caiu de 47,7% em 2012 para 42,5% em 2023. Já o consumo pesado de álcool entre adolescentes subiu de 28,8% para 34,4% no mesmo período.
A psiquiatra reforça que não existe consumo moderado para adolescentes. Além de ser proibido por lei, o cérebro ainda está em desenvolvimento, tornando-se mais vulnerável aos efeitos do álcool. Ela também critica famílias que permitem ou incentivam o consumo dentro de casa, defendendo uma postura mais firme e preventiva.
Segundo Alessandra Diehl, a prevenção passa por uma presença familiar ativa e por mensagens claras de que o álcool não deve ser o centro das celebrações.
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Fonte: cenariomt






