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Queimaduras em crianças: MT registra 51 casos, especialistas alertam sobre cuidados durante as férias

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Entre janeiro e setembro deste ano, Mato Grosso registrou 51 casos de queimaduras em crianças de 1 a 4 anos, segundo dados do DATASUS compilados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Com esse número, o estado ocupa a 19ª posição no ranking nacional de internações por esse tipo de acidente na faixa etária.

No mesmo período, 3.613 crianças foram internadas por queimaduras em todo o Brasil. A maior concentração de casos foi registrada no Nordeste, com 1.109 internações, seguido pelo Sudeste (938), Sul (777), Centro-Oeste (527) e Norte (262).

Os dados são absolutos e representam o total de internações notificadas ao Ministério da Saúde, sem correção proporcional ao número de crianças por região.

Especialistas alertam que o cenário se agrava durante o período de férias escolares e nos meses mais quentes do ano, quando as crianças passam mais tempo dentro de casa. A combinação entre curiosidade, mobilidade rápida e pouca noção de perigo aumenta significativamente o risco de acidentes domésticos, especialmente entre os pequenos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, sete em cada dez acidentes com queimaduras acontecem dentro de casa, e a faixa etária mais atingida é justamente a de 1 a 4 anos.

Férias

Durante as férias, a rotina muda. A casa vira espaço de brincadeiras improvisadas, piqueniques no chão, cabanas montadas com lençóis e circulação constante pelos ambientes. Enquanto o ritmo desacelera para os adultos, o risco de acidentes aumenta para as crianças.

De acordo com a pediatra e membro da ONA, Mariana F. Falavina Grigoletto, a cozinha concentra a maior parte dos acidentes, principalmente envolvendo líquidos quentes. “Basta um cabo de panela virado para fora, uma xícara quente na beira da mesa ou uma panela recém-retirada do fogo para que, em segundos, a criança se queime”, explica.

Nos atendimentos, o cenário costuma se repetir. “A criança puxa o cabo da panela, tropeça na toalha da mesa, esbarra em copos, mexe na cafeteira ou tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos”, alerta a pediatra.

Embora menos frequentes, as queimaduras causadas por chama ou líquidos inflamáveis costumam ser mais graves. Já entre as queimaduras químicas, a ingestão de soda cáustica aparece como a principal causa. “Pilhas e baterias também representam uma ameaça silenciosa, devido ao conteúdo altamente corrosivo”, destaca a médica.

Além disso, choques elétricos continuam entre os acidentes mais comuns na infância, especialmente em casas com tomadas sem proteção, fios desencapados ou extensões improvisadas.

No verão, o sol também se torna um fator de risco. Vermelhidão, dor e sensação de calor na pele são sinais de queimadura solar, mais frequentes entre 10h e 16h, período de maior incidência de radiação ultravioleta.

O que fazer em caso de queimadura

A pediatra faz um alerta importante: não se deve usar receitas caseiras. “Jamais aplique gelo, clara de ovo, manteiga, pasta de dente, óleo de cozinha ou pomadas sem orientação médica. Esses produtos podem agravar a lesão e aumentar o risco de infecção”, afirma.

A orientação inicial é resfriar a área afetada com água corrente fria, nunca gelada, por 10 a 20 minutos. Antes que ocorra inchaço, é importante retirar anéis, pulseiras e acessórios. Roupas grudadas à pele não devem ser removidas, pois podem arrancar tecido vivo; o ideal é cortar apenas o que estiver solto. Em caso de bolhas, elas não devem ser estouradas.

É fundamental procurar atendimento médico imediato se houver:

  • Bolhas;
  • Dor intensa, febre ou presença de pus;
  • Aumento da vermelhidão;
  • Queimaduras em rosto, mãos, pés ou genitais;
  • Náuseas, sonolência ou desmaios.

Prevenção ainda é o melhor caminho

A maior parte das queimaduras poderia ser evitada com pequenas mudanças na rotina doméstica. Entre as principais recomendações estão:

  • Não segurar crianças no colo ao cozinhar ou manusear líquidos quentes;
  • Manter fósforos, isqueiros e álcool fora do alcance;
  • Virar os cabos das panelas para dentro e priorizar as bocas traseiras do fogão;
  • Evitar a aproximação das crianças de forno, fogão, ferro de passar e chapinhas;
  • Não deixar objetos ou líquidos quentes nas bordas das mesas;
  • Evitar toalhas compridas que facilitem puxões;
  • Redobrar a atenção com micro-ondas, que aquece os alimentos de forma irregular;
  • Guardar produtos químicos em locais altos e trancados;
  • Tampar tomadas e observar fios soltos ou desencapados;
  • Descartar corretamente pilhas e baterias;
  • Testar sempre a temperatura da água do banho;
  • Usar protetor solar, reaplicando a cada duas horas;
  • Evitar exposição ao sol entre 10h e 16h, além de utilizar roupas leves e acessórios de proteção.

Fonte: primeirapagina

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