Em 2026, viajar vai ser quase como abrir o armário e escolher quem você quer ser naquele momento – um explorador, um romântico, um observador silencioso, alguém em busca de descanso ou simplesmente alguém celebrando a própria história. A individualidade está no centro das decisões, e esse movimento aparece com clareza no Brasil: os viajantes querem experiências que conversem com seus afetos, ritmos, manias, fantasias e até inseguranças.
Para entender esse comportamento, a Booking.com realizou a 10ª edição da pesquisa Previsões de Viagem, com 29 mil pessoas em 33 países e territórios, todas planejando viajar nos próximos 12 a 24 meses. No Brasil, as respostas revelam um viajante curioso, experimental e muito guiado por sensações. As tendências vão do escapismo literário às casas automatizadas, passando pela gastronomia afetiva, pela busca por silêncio e por viagens que testam relacionamentos.
Veja, a seguir, nove tendências de viagem globais para 2026, com dados dos entrevistados brasileiros:
1. Viagens inspiradas em livros e filmes
A literatura e o audiovisual sempre influenciaram o turismo, mas 2026 deve marcar uma virada mais declarada nesse vínculo. A chamada “fantasia romântica”, fenômeno editorial dos últimos anos, faz com que muitas pessoas busquem cenários que pareçam saídos de mundos mágicos, como florestas densas, castelos e praias escondidas.
Logo, 81% dos brasileiros gostariam de visitar destinos inspirados nesse tipo de narrativa. E mais da metade (57%) toparia participar de experiências imersivas como retiros temáticos inspirados em sagas, jogos ou filmes.
A própria tecnologia vira cúmplice da imaginação: 83% aceitariam recomendações de IA sobre hospedagens com atmosfera “fantástica” ou locações reais usadas em gravações. É como se a ficção deixasse de ser uma escapatória da realidade e passasse a ser um guia.

2. Casas inteligentes
Os aluguéis de temporada começam a ganhar outra camada. A pesquisa mostra um interesse crescente por casas equipadas com automações que vão além do básico. Robôs que limpam, por exemplo, chamam a atenção de quem busca conforto sem complicação.
No Brasil, 86% dos viajantes topariam essa experiência. Parte do interesse vem da conveniência (robôs que limpam atraem 63% das pessoas), mas também do fator novidade – 40% dizem que escolheriam esse tipo de casa simplesmente por ser algo inédito.
Em um país em que o aluguel de temporada já é forte, a tendência pode acelerar a busca por acomodações mais automatizadas, da fechadura digital ao quarto com Alexa. Em João Pessoa, o Hotel Village Premium atrai hóspedes com seu serviço de garçom robô.
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3. Férias que resistem à DR
Tem quem use uma viagem para descansar, quem use para trabalhar e quem use para resolver a grande pergunta: esse relacionamento vai funcionar? 2026 deve consolidar a prática de usar viagens como teste de entrosamento, seja amoroso, de amizade ou até profissional.
No Brasil, 79% dos viajantes desejam fazer uma viagem com um possível parceiro ou novo amigo para verificar a afinidade. Não é só sobre dividir um quarto de hotel; é sobre ver como o outro lida com imprevistos, decisões rápidas, silêncio, perda de conexão ou um restaurante fechado.
Além disso, 60% viajariam para um lugar remoto para entender como o companheiro encara desconfortos e 56% topariam trocas de função, como passar a liderança para quem nunca planeja nada. Entre jovens, esse movimento é ainda mais acentuado, principalmente na Geração Z.

4. Souvenir de Masterchef
As lembrancinhas ganharam outra dimensão, ocupando espaço nas cozinhas brasileiras. Em 2026, tem viajante que volta trazendo sabores, texturas e embalagens que contam histórias melhor do que qualquer cartão-postal.
Três em cada quatro brasileiros (75%) considerariam comprar utensílios de cozinha ou produtos gastronômicos como lembrança de viagem. Pode ser um pote de especiarias pintado à mão, uma garrafa de azeite artesanal com rótulo caprichado ou um utensílio local que combina com as cores da casa.
Mais do que consumo, é sobre reviver o destino no dia a dia (33% dizem que cozinhar com o item reacende memórias da viagem). A pesquisa mostra também que 64% viajariam para lugares reconhecidos justamente por esses produtos – o que reforça a força da gastronomia como eixo de decisão.

5. Meu guru, meu guia
O recorte brasileiro revela uma interesse moderado para decisões inspiradas em astrologia e práticas espirituais. Quase metade (49%) mudaria ou cancelaria uma viagem se um guia espiritual dissesse que não é o momento. 37% levariam horóscopos em consideração, e 29% ajustariam planos por causa de Mercúrio retrógrado.
Além disso, 39% afirmam que escolhem destinos ou datas pensando em fases da lua, pontos de energia ou fenômenos naturais associados a espiritualidade.

6. Viagens para cuidar da pele
O cuidado com a pele começa a ditar o roteiro das viagens. E, no Brasil, essa tendência aparece com força: 91% dos viajantes estão dispostos a reservar uma viagem para férias revigorantes, com tratamentos específicos para a pele adaptados às necessidades pessoais de cuidados.
A busca tem cada vez mais apoio tecnológico. Sete em cada dez brasileiros (74%) usariam IA para encontrar lugares alinhados às necessidades da pele. Oito em cada dez (85%) testariam estações de hidratação personalizadas, que se adaptam ao clima do destino. E 86% querem quartos com luzes e sons ajustados pensados para melhorar o sono – um dos pilares da regeneração da pele.
É uma tendência que conversa com o aumento de viagens voltadas a autocuidado, do clima ideal ao quarto pensado para descansar de verdade.

7. Pescaria e birdwatching
A pesquisa também aponta para um interesse por atividades silenciosas. Em vez de trilhas superexigentes, cresce o interesse por atividades calmas – pescaria, observação de aves, caminhadas lentas e até forrageamento, a prática de coletar ingredientes da natureza para usar nas refeições.
Entre os brasileiros, 47% viajariam para ficar mais perto do verde, enquanto 37% adotam hobbies tranquilos durante as férias. O interesse é ainda maior em ações que exigem presença e paciência: 86% se atraem por pescaria ou birdwatching, e 74% topariam experiências de forrageamento guiado.
É um movimento que responde ao excesso de estímulos da vida urbana e coloca o silêncio como elemento central da viagem.

8. Viagens nostálgicas
Cada vez mais brasileiros querem voltar a cenários da infância ou de momentos marcantes para recriar uma foto ou simplesmente reviver um sentimento. É uma tendência que mistura emoção, memória e tecnologia.
Com novas ferramentas capazes de identificar o local exato de fotos antigas, a tecnologia virou ponte entre passado e futuro. Oito em cada dez brasileiros (80%) considerariam revisitar um lugar importante para repetir uma imagem ou memória. A motivação é afetiva: reviver situações com quem já não está tão perto, recuperar um pedaço da infância ou ressignificar lembranças difíceis. Não à toa, 56% fariam isso por conexão familiar, 45% para reencontrar pessoas do passado e 18% para revisitar memórias sensíveis.
O gesto, hoje comum nas redes – recriar uma foto antiga no mesmo lugar, com a mesma pose e, às vezes, a mesma roupa – ganha uma camada extra quando vira motivo de viagem. É como se fosse uma forma de caminhar para frente olhando para trás, com a paisagem como testemunha.

9. Viagens para comemorar o “eu”
Por fim, a pesquisa confirma algo muito brasileiro: não é preciso uma grande justificativa para viajar. Muitas pessoas planejam férias como recompensa pelo trabalho, para marcar transições da vida ou para comemorar pequenas vitórias, como uma promoção, um projeto concluído ou até o fim de um relacionamento.
Dois terços dos brasileiros (67%) afirmam que não precisam de pretexto para agendar uma viagem. E quase nove em cada dez (87%) enxergam as férias como um prêmio merecido depois de um período puxado. Viagens improvisadas, celebrações pessoais, escapadas para respirar… tudo vale como motivo.
Ao mesmo tempo, novos impulsos aparecem com força. Muitos viajam para comemorar uma promoção (30%), aproveitar uma restituição inesperada (10%), marcar o encerramento de um relacionamento (13%) ou até estrear uma roupa nova (11%). São gatilhos pequenos, mas que traduzem a vontade de celebrar a própria trajetória.
E essa lógica também se estende ao bem-estar: 23% dos brasileiros viajariam para marcar marcos de saúde, como sobriedade ou transformações no condicionamento físico.

Os destinos brasileiros que devem brilhar em 2026
- Juquehy (SP)
- Búzios (RJ)
- Cajueiro da Praia (PI)
- Espírito Santo do Pinhal (SP)
- Serra da Canastra (MG)
- Encantado (RS)
- Morro Branco (CE)
- São Gabriel (RS)
Fonte: viagemeturismo






