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Análise: Cult of the Lamb é sinistro, de um jeito fofo

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Mais recente lançamento da Devolver Digital, Cult of the Lamb é um jogo sombrio e fofo ao mesmo tempo, com uma premissa assustadora envelopada pelo visual de desenho animado e diálogos engraçados: o jogador controla uma ovelha que se torna líder de um culto sinistro, angariando seguidore para rituais de adoração no meio da floresta. Seu objetivo é libertar uma entidade aprisionada pela Antiga Fé, outra religião ainda mais sinistra. Para isso, vai precisar tanto eliminar os profetas rivais quanto fortalecer a fé dos seus próprios adoradores.

O jogo combina com habilidade elementos de ação e aventura com gerenciamento de recursos e lembra, de certa forma, outro sucesso independente, o belo Moonlighter, da Digital Sun. Naquele game, o jogador se aventura em dungeons durante a noite para abastecer sua loja, que deve gerenciar durante o dia. Aqui, as cruzadas na Floresta Sombria e em outros territórios agradáveis servem tanto para coletar recursos e descolar novos seguidores quanto para eliminar a concorrência.

Dois em um

Nem sempre misturar gêneros muito diferentes funciona bem em um videogame, mas Cult of the Lamb consegue acertar na combinação. Gerenciar o acampamento, manter os seguidores atarefados e felizes, aprimorar as instalações – você começa com uma fogueira e uns sacos de dormir no meio do mato e vai melhorando a qualidade de vida do bando conforme junta recursos e pontos de Inspiração (obtidos com as orações dos fiéis) envolve várias mecânicas simples e ainda assim, divertidas de executar. A satisfação de ver sua base de operações ficando cada vez melhor é real. Conseguir instalar um banheiro é um momento marcante na vida do rebanho.

Cada evolução do culto traz novos sistemas e mais opções para personalizar e aprimorar, além de novas demandas dos fiéis – é preciso atender seus pedidos para mantê-los felizes e aumentar a fé em seus corações… do contrário, eles podem se tornar rebeldes e passar a questionar seus mandamentos. Às vezes é confuso ver uma ovelha rebelde reclamando das mentiras contadas pelo líder e ao mesmo tempo a mesma ovelha agradecer por uma benção, mas em geral, os sistemas funcionam de forma simples para que o jogador sempre saiba o que precisa fazer para continuar melhorando as condições de vida do grupo de cultistas.

O jogo está todo em português, o que é ótimo tanto para entender bem os pedidos e oportunidades que surgem durante a campanha quanto para dar boas risadas com as situações – embora o dia a dia do culto envolva ocasionais sacrifícios rituais e outras práticas nada ortodoxas, o clima é leve e descontraído, como em um desenho animado indicado apenas para adultos.

A outra metade do jogo envolve explorar o território dos adversários da fé para buscar recursos e principalmente, novos seguidores e, claro, elinimar os adversários. Cult of the Lamb se transforma então em um jogo de ação roguelike com fortes influências de Dead Cells. A vista do alto e o combate rápido podem lembrar um pouco o premiado Hades, mas este jogo aqui é bem mais simples e menos punitivo. Equipado com uma arma, uma magia e uma indefectível cambalhota, o líder do culto encara outros monstrinhos, coleciona cartas de tarô que dão vantagens bastante úteis, pesca em lagos charmosos e eventualmente, encara os quatro profetas da Antiga Fé para libertar a entidade com quem se aliou.

As semelhanças com Dead Cells ficam por conta dos sistemas de aprimoramentos: o jogador desbloqueia novos tipos de armas e milagres, mas não decide o que vai equipar no começo da cruzada. Seu arsenal é oferecido de forma aleatória e pode vir com aquela sonhada espada vampírica e uma magia que conjura tentáculos, ou pode incluir uma luva de boxe que sinceramente não é a melhor escolha possível.

As salas mudam a cada visita e não é possível explorar todos os caminhos de uma só vez. Morrer leva o personagem de volta para o acampamento e resulta na perda de boa parte dos itens coletados. O bom é que as fases são curtinhas – o jogador vai levar cerca de 10 minutos até concluir umas dessas ‘dungeons’ e se for esperto, voltar para casa antes da luta final algumas vezes, para investir seus recursos em melhorias para o acampamento, que vão aumentar a fé dos cultistas e assim, desbloquear armas e magias melhores, em um ciclo viciante.

Considerações

Cult of the Lambs não é para qualquer um: o jogo aborda temas sombrios e envolve escolhas moralmente ambíguas. Por baixo do visual fofinho dos seus personagens e das conversas engraçadas há temas pesados.

Dito isso, jogadores maduros vão se divertir horrores ditando as regras de conduta do seu culto e explorando as diversas possibilidades de aprimoramento. Experimentar as diferentes opções de gestão, digamos assim, é um dos principais motivos para voltar e jogar tudo de novo mais algumas vezes.

Cult of the Lamb está disponível para PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.

*Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Devolver Digital.

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