A rota de trem que permitia aos passageiros adormecer em Berlim e acordar em Paris está com os dias contados. O serviço ferroviário noturno que ligava as duas capitais será encerrado no dia 14 de dezembro, dois anos após sua estreia. A decisão foi anunciada pela ÖBB, a empresa ferroviária austríaca que operava a rota sob a marca Nightjet, em parceria com a francesa SNCF.
O fim da linha não tem relação com a baixa procura, visto que os vagões viajavam com ocupação acima de 70%, mas sim com questões financeiras. O serviço dependia de um subsídio anual de € 10 milhões do Ministério dos Transportes da França, que era repassado via SNCF. Como o ministério decidiu cortar esse apoio, a rota deixou de ser viável.
A medida também atinge o trem noturno Paris–Viena, que funcionava no mesmo modelo de parceria internacional, e será igualmente encerrado em 14 de dezembro.
Uma viagem com sabor vintage
Inaugurada em dezembro de 2023, a rota Berlim–Paris rapidamente caiu no gosto de quem buscava alternativas menos poluentes aos voos e mais confortáveis do que ônibus noturnos. A viagem durava 14 horas, com partidas três vezes por semana, oferecendo assentos, vagões couchette com até seis camas ou vagões-leito com uma a três camas, chuveiro e café da manhã.
Agora, quem quiser ir de Berlim a Paris de trem terá de optar pelo serviço diurno de alta velocidade operado pela Deutsche Bahn. O percurso dura cerca de oito horas, bem menos que o noturno, mas sem o charme e as vantagens de adormecer em uma cidade e despertar em outra.
O retorno dos trens noturnos
A rota foi inaugurada em meio ao retorno dos trens noturnos na Europa, que quase desapareceram nos anos 2010 com a ascensão das companhias aéreas de baixo custo. A partir de 2020, eles voltaram a ganhar espaço com o apoio da União Europeia, que enxergava nas viagens em trilhos uma alternativa ambientalmente mais limpa que os aviões.
Em 2022, o governo francês prometeu restaurar dez rotas noturnas até 2030. Hoje, o país mantém oito linhas domésticas que ligam Paris a cidades como Nice e Toulouse, e são dependentes de subsídios estatais. Saiba mais sobre os trens noturnos europeus aqui.
Fonte: viagemeturismo