O fechamento da Santa Casa em Cuiabá tem gerado discussões entre autoridades e representantes da sociedade civil. Na próxima semana, o prédio onde funciona a unidade hospitalar será leiloado, para quitação de dívidas trabalhistas. O Governo do Estado de Mato Grosso, que administra a Santa Casa desde 2019, garante que todos os serviços que hoje operam no local serão transferidos para outras unidades.
No entanto, o promotor de Justiça Milton Mattos da Silveira Neto foi enfático ao afirmar que a interrupção das atividades do hospital representa um risco grave para pacientes em tratamento contra o câncer na capital.
“Hoje nós temos 66 crianças fazendo radioterapia na Santa Casa. Ali também são realizados atendimentos de quimioterapia, hemodiálise pediátrica, além de dispor de leitos de UTI e laboratórios. Não há possibilidade de migrar esses serviços para o Hospital de Câncer ou para a rede privada, porque eles não têm condições de absorver a demanda. Fechar a Santa Casa seria causar um prejuízo sério e colocar vidas em risco”, destacou o promotor.
Milton ainda descreve como “impensável” o fechamento da Santa Casa e ratifica que a atitude “colocaria em risco centenas de pessoas”.
“Não tem como fechar a Santa Casa sem causar um um sério e grave prejuízo ao tratamento oncológico de crianças e adultos, sem colocar em risco a vida de centenas de pessoas. Não há condição alguma de se fechar”, assegura Mattos.
Segundo ele, a estrutura da unidade é indispensável para manter os serviços de oncologia funcionando em Mato Grosso.
Governo garante continuidade dos serviços
Convocado pela Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos, o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, garantiu que os atendimentos não serão interrompidos, mesmo com o leilão do prédio. Ele informou que o governo possui um plano de transição, com a previsão de transferir parte dos atendimentos para o novo Hospital Central, que está em fase de estruturação.
Ainda segundo o secretário, o Estado avalia alternativas para adquirir o prédio ou mantê-lo sob gestão pública, de modo a assegurar que serviços essenciais, como a oncologia pediátrica, não sejam descontinuados.
“Nós vamos fazer uma notificação formal ao Estado ou para que compre a Santa Casa ou então arremate e a Santa Casa para comprá-lo. Ele tem que tomar uma providência para que não seja fechada a Santa Casa, porque não tem condições”, reforçou o promotor.
O leilão do imóvel está previsto como parte da quitação das dívidas da instituição filantrópica, que foram acumuladas antes da requisição administrativa feita pelo governo em 2019. Desde então, o hospital tem funcionado por meio do pagamento de aluguel pelo Estado.
Fonte: primeirapagina