A chuva de meteoros Perseidas, uma das mais conhecidas do calendário astronômico, chega ao pico na madrugada desta terça-feira (12), a partir das 3h da manhã, aproximadamente, segundo o Observatório Nacional.
Ela poderá ser observada no Brasil principalmente nos estados do Norte (como Roraima e Amapá) e do Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte), além de áreas do Centro-Oeste acima da latitude de Brasília, como Tocantins e norte de Goiás.
O nome “Perseidas” vem do fato de que, para quem observa da Terra, os meteoros parecem surgir de um mesmo ponto do céu, o chamado radiante, localizado na constelação de Perseu.
Isso não significa que eles apareçam apenas nessa região, mas que suas trajetórias, por efeito de perspectiva, convergem para lá.
Como essa constelação fica mais alta no céu do hemisfério norte, a chuva é tradicionalmente mais favorável para observadores desta região do planeta.
Segundo o professor Cássio Barbosa, do Departamento de Física da Fundação Educacional Inaciana (FEI), em alguns locais será possível ver até 100 meteoros por hora. No Brasil, essa taxa cai para algo entre 30 e 50 por hora nas áreas mais favorecidas e para cerca de cinco por hora nas menos favorecidas.
Este ano, a observação estará mais difícil: na noite do pico, a Lua estará 84% cheia, comprometendo a visualização no momento de maior atividade.
“Ainda é possível ver alguns meteoros, principalmente os mais brilhantes. Mas as condições não são ideais para quem busca observar a chuva em sua intensidade máxima”, explica Barbosa à Super.
Ele recomenda esperar até pouco antes do nascer do Sol: “Depois que a Lua se põe, ainda temos algumas horas de escuridão. É quando fica mais favorável para ver meteoros”.
O professor lembra que, para assistir, o ideal é buscar um local afastado de cidades, com céu limpo e escuro, e usar apenas a visão a olho nu.
Como se forma uma chuva de meteoros?
O fenômeno acontece quando a Terra, ao orbitar o Sol, cruza uma região do espaço onde há partículas deixadas por um cometa ou asteroide.
Essas partículas, geralmente do tamanho de grãos de areia, entram na atmosfera terrestre a altíssimas velocidades, queimando-se por atrito com o ar e produzindo os riscos luminosos no céu.
No caso das Perseidas, a fonte é o cometa Swift-Tuttle, que leva cerca de 133 anos para completar uma volta ao redor do Sol e passou perto da Terra pela última vez em 1992.
A cada passagem, ele libera detritos pelo caminho, formando uma “trilha” que permanece no espaço.
Todos os anos, no mesmo período, nosso planeta atravessa essa trilha, criando o espetáculo visível para quem está na superfície.
Como a trilha deixada pelo cometa é extensa, a Terra demora vários dias para atravessá-la. Por isso, a atividade das Perseidas se mantém acima da média por um período prolongado, sendo possível observá-la dois ou três dias antes ou depois do pico.
Apesar de impressionar, a chuva não representa perigo. “Não traz nenhum risco para a Terra e um risco muito, muito baixo para os satélites. Nunca houve registro de dano em satélite causado por meteoro em uma chuva dessas”, afirma.
As Perseidas também têm valor histórico. No século 19, foram responsáveis por um espetáculo raro, com mais de mil meteoros por hora em determinada noite.
O evento inspirou o apelido “Lágrimas de São Lourenço”, em referência à data de seu pico, próxima ao dia dedicado ao santo no calendário cristão.
Embora hoje taxas tão altas sejam improváveis, o fenômeno segue atraindo astrônomos e curiosos todos os anos.
Fonte: abril