“O medo de denunciar não pode nos paralisar.” A frase, dita por uma das 2.970 mulheres assistidas pelo Programa Patrulha Maria da Penha em 2025, resume a importância da iniciativa da Polícia Militar de Mato Grosso no enfrentamento à violência doméstica.
Marluce*, moradora da zona rural de Nossa Senhora do Livramento, conviveu por mais de uma década com agressões físicas e psicológicas do ex-marido, muitas vezes sob efeito de álcool. Após um episódio de violência que lhe quebrou os dentes, decidiu acionar o 180 e passou a receber acompanhamento da Patrulha Maria da Penha. “Eu tive medo, crises de ansiedade, mas entendi que denunciar era o melhor para minha vida”, contou.
Outra vítima, Joselma*, de Várzea Grande, percebeu há três meses que vivia um relacionamento abusivo. Com apoio do programa, recebeu orientação jurídica e atendimento psicológico. Ambas possuem medidas protetivas contra os agressores.
Desde 2019, a Patrulha Maria da Penha atua em 98 dos 142 municípios do estado, com 41 núcleos distribuídos em 15 Comandos Regionais. Em 2025, foram decretadas 4.008 medidas protetivas, registrados 346 descumprimentos e realizadas mais de 5,5 mil visitas solidárias. No mesmo período, 124 homens foram presos em flagrante por violência doméstica. O estado registrou um caso de feminicídio entre as mulheres assistidas.
Segundo a capitã PM Gabrielle Narjara, o trabalho vai além da fiscalização, englobando escuta ativa, palestras, blitz educativas e acolhimento. Já o comandante-geral da PM, coronel Cláudio Fernando Tinoco, destacou que os índices de reincidência vêm diminuindo, resultado de ações preventivas e investimentos de mais de R$ 2,3 milhões do governo desde a criação do programa.
Nesta semana, a Operação Integrada Shamar 2025 mobilizou forças policiais e órgãos de segurança para intensificar ações contra a violência de gênero. Coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, a operação ocorre em todo o país no mês de agosto, em alusão ao aniversário da Lei Maria da Penha e à campanha Agosto Lilás.
*Nomes fictícios para preservar a identidade das vítimas.
Fonte: cenariomt