“É uma situação muito atípica e o agravamento dessa crise pode complicar a vida dos brasileiros, e é isso que não queremos. Na prática, está mais ou menos assim: o Alexandre de Moraes quer ferrar com o Bolsonaro; agora o Trump quer ferrar com o Alexandre de Moraes e, daqui a pouco, com essa briga institucional, pode-se ferrar o país e a maioria dos brasileiros”, disse o governador em entrevista à Rádio Nova FM, na manhã desta sexta.
Mauro defendeu que as autoridades políticas priorizem o país, deixando de lado disputas eleitorais e pessoais. “É isso que não podemos aceitar passivamente. Os governadores estão levantando suas vozes para cobrar das autoridades, do Congresso e do próprio governo federal que tenhamos o Brasil colocado em primeiro lugar, o Brasil como foco, e não eventuais objetivos eleitorais. Tem muita gente surfando numa onda, numa fumaça eleitoral, achando que isso é bom para 2026.”
A declaração de Mendes vem na esteira da reunião realizada na tarde de quinta-feira (7), em Brasília, com nove governadores, para discutir a sobretaxa imposta pelo governo norte-americano a produtos brasileiros. O encontro foi organizado por Mauro Mendes e aconteceu na residência oficial do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Participaram também os governadores Cláudio Castro (RJ), Ratinho Júnior (PR), Renato Casagrande (ES), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Tarcísio de Freitas (SP) e Wilson Lima (AM). O único ausente entre os esperados foi Eduardo Leite (RS).
Durante o encontro, Mendes, Tarcísio e Caiado defenderam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma pessoalmente as negociações com Donald Trump para tentar amenizar os impactos do tarifaço. A sobretaxa atinge especialmente os estados exportadores.
Em resposta, Lula afirmou que não vê disposição do presidente norte-americano para diálogo. “Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar. Um presidente da República não pode ficar se humilhando para outro”, disse o petista.
Lula também anunciou que pretende articular uma resposta conjunta com Índia e China e estuda medidas internas para proteger os exportadores brasileiros. Entre elas estão a redução no prazo de registro de patentes, negociação de parcerias para exploração de minerais estratégicos e um plano de socorro com foco na preservação de empregos e diversificação de mercados.
O Palácio do Planalto avalia ainda um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV para tratar do tarifaço e da situação envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, que foi alvo de sanções por parte dos Estados Unidos.
Para Mauro Mendes, é preciso impedir que a disputa entre líderes institucionais e interesses eleitorais acirre ainda mais a crise. “Neste momento temos que colocar o Brasil e os brasileiros em primeiro lugar, deixando os interesses em segundo plano, pois podemos mergulhar o país numa grave crise.”
Fonte: Olhar Direto