Isadora Alexandrina Ribeiro Ojeda e Rober Alexandre Ferreira de Sá Ojeda, ambos de 26 anos, trocaram o trabalho em uma funerária pela confeitaria durante um período de depressão e dificuldades financeiras. A virada veio com os brigadeiros e ganhou força com os doces autorais que hoje fazem sucesso em Cuiabá, principalmente o bolo pudim, responsável por atrair filas nas feiras gastronômicas da capital.
Casados desde a juventude, encontraram na confeitaria não só uma profissão, mas uma chance de recomeçar.
Infância, assalto e reencontro
A história de Isadora com os doces começou cedo. Aos 12 anos, vendia brigadeiros na escola e trufas no ensino médio. Parou depois de ser assaltada no ponto de ônibus. O trauma a afastou por anos das vendas, até reencontrar Rober, o amor de infância, com quem se casou aos 17.
Em 2019, se mudaram para Campo Grande (MS) em busca de uma vida mais estável. Mas a realidade foi dura. Durante a pandemia, começaram a vender brigadeiros nos semáforos da cidade para pagar contas e quitar dívidas. O sucesso foi o suficiente para manter o básico e reacender um sonho.
Da funerária à depressão
Na mesma época, foram convidados a assumir a funerária da família de Rober, em Rio Brilhante. Por três anos, equilibraram trabalho e instabilidade emocional. “De 2019 em diante, engordei muito, estava em depressão, sem rumo”, conta Isadora.
Para aliviar a rotina, ela voltou a fazer doces no intervalo do trabalho. Produzia na hora do almoço, e após o expediente saía para vender na praça e no comércio. Mas a ansiedade e o medo a travavam: “Chorava nas vendas, achava que ninguém queria comprar de mim. Entrava em pânico”.
Rober, vendo a situação, decidiu agir. Começou a vender nos intervalos da funerária, e em um sábado, após o culto, desafiou a lógica: vendeu 50 caixas em uma madrugada. “Das 21h às 3h. Ele sempre foi a mola propulsora dos nossos sonhos.”
Uma cirurgia, uma virada
Em 2024, Isadora decidiu fazer bariátrica. Como o plano era aceito apenas em Cuiabá, vieram para a casa dos pais dela, sem dinheiro para parar de trabalhar. Mesmo em recuperação, ela enrolava brigadeiros enquanto Rober saía para vender. Foram 30 dias de persistência, disciplina e metas batidas.
Em dezembro daquele ano, voltaram para Cuiabá com a decisão tomada: era hora de apostar tudo nos doces.
O nascimento do bolo pudim
Foi em março de 2025 que tudo mudou. Convidados para participar da Cuiabá Feira Gastronômica, organizada por Guilherme, começaram a vender doces em barraca. No dia 31, aniversário do pai de Isadora, ela preparou um bolo pudim como homenagem. Postou. E choveu de pedidos.
Levaram o doce para a feira. No início, Isadora o montava na hora. A inspiração veio também de postagens de bolos de Goiânia — mas com assinatura própria. O público amou. E o vídeo feito pelo influenciador @rhodando_ colocou o casal no mapa. Vieram outros e a marca viralizou. Assim nasceu a Nina Doces.
Fila, fé e esforço coletivo
Hoje, não é raro que clientes formem fila antes mesmo da barraca abrir. Os carros-chefes são o bolo pudim e o de Ninho com morango, e a produção exigiu mais que amor: demandou estrutura.
“Nosso esforço cresceu 300%. Compramos freezer, fornos, batedeiras. Já viramos noites. Uma vez, ficamos 48 horas sem dormir”, lembra Isadora. (Vídeo mostra tamanho da fila na barraca dos confeiteiros; Veja abaixo)
A casa virou fábrica: a sala é linha de produção, a cozinha pertence à empresa, e o quarto virou o único cômodo pessoal do casal. Mas isso nunca foi um problema. Eles têm uma rede de apoio forte: pais, sogros, irmãos, tios e amigos participam da rotina, ajudam nas feiras, nos bastidores e até no marketing.
E vem mais por aí…
Além dos doces já conhecidos, a Nina Doces prepara uma surpresa para o Dia dos Pais, com lançamento marcado para a próxima sexta-feira (8), no Parque das Nascentes. O nome do produto ainda é segredo, mas, segundo Isadora, os testes caseiros já deixaram todo mundo surpreso.
No fim das contas, é sobre mais do que vender doces. “Deus está no controle de tudo. A gente acredita que é só o começo. Ainda tem muita coisa boa pela frente.”
Fonte: primeirapagina