O Pantanal é um lugar onde a natureza presenteia quem sabe observar. No dia 11 de julho, uma dessas dádivas tomou forma nas margens de Porto Jofre, no Mato Grosso. Foi quando o biólogo e fotógrafo de vida selvagem João Marcelo Biagini, conhecido como @joaobiologo no Instagram, registrou pela primeira vez uma nova onça-pintada macho, desconhecida até então por guias e pesquisadores locais.
Seguindo uma tradição entre guias de turismo de natureza, o primeiro avistamento de um animal “anônimo” dá direito ao batismo. E o nome escolhido para o novo felino foi uma homenagem especial: Raul, o nome de um pequeno turista que estava presente no passeio, acompanhado da avó, do avô, da mãe, da tia — e de olhos atentos diante do momento inesquecível.
“Aprésento a onça Raul”, escreveu João na legenda da publicação. “E esse nome foi em homenagem ao Raul que está na segunda foto comigo e esteve presente neste momento com sua família.” Na imagem, o biólogo e o garoto aparecem juntos, ambos usando blusas amarelas com a estampa de uma onça e a palavra WILD (“selvagem”, em inglês).
Uma lembrança para a vida inteira
O encontro entre o menino e o felino selvagem não foi só emocionante — tornou-se parte da história da fauna pantaneira. O nome “Raul” agora será usado para identificar esse novo indivíduo em registros fotográficos, dados de monitoramento e futuras observações feitas por pesquisadores e turistas.
Para o pequeno Raul e sua família, essa viagem jamais será esquecida. Ver uma onça-pintada na natureza já é, por si só, uma experiência rara e emocionante. Ter um animal batizado com o seu nome, por estar no momento exato do primeiro registro, transforma o passeio em uma memória afetiva e simbólica — uma conexão real entre gente e natureza.
Por que nomear onças?
No Pantanal, é comum que as onças-pintadas sejam identificadas por nomes, o que facilita o trabalho de guias, pesquisadores e fotógrafos. Ao nomear o animal, é possível monitorá-lo com mais precisão, entender seus hábitos, documentar seu comportamento e identificar padrões de movimentação.
Onças como “Ousado”, “Esperança”, “Chico” e “Juma” já ganharam fama e são reconhecidas por quem acompanha a vida selvagem da região. Agora, “Raul” entra para essa galeria de felinos icônicos do Pantanal.
João Biagini: guia, biólogo e contador de histórias
João Marcelo Biagini é biólogo, fotógrafo e guia de turismo de natureza especializado no Pantanal. Seu perfil no Instagram reúne mais de 12 mil seguidores e se tornou uma verdadeira janela para quem deseja conhecer a fauna pantaneira, especialmente as onças-pintadas, símbolo do bioma.
Além de registrar imagens impressionantes, João compartilha bastidores, curiosidades, histórias de campo e momentos como esse, em que a ciência se mistura ao afeto. “Vida longa aos dois Raul’s!”, escreveu ao finalizar a homenagem.
Um encontro raro — e cheio de significado
Momentos como esse mostram o quanto o turismo de observação pode ser transformador, especialmente para crianças. Estar diante de um animal selvagem em seu habitat natural gera um tipo de encantamento que nenhuma tela ou livro consegue reproduzir.
Mais do que ver uma onça, o pequeno Raul se viu representado nela — eternizado em um nome que agora atravessa o mato alto, as margens do rio e a história viva do Pantanal.
Fonte: primeirapagina