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Produção pecuária na Amazônia: tecnologia e responsabilidade ambiental

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A pecuária na Amazônia está vivendo uma transformação silenciosa, porém poderosa. A tradicional imagem de devastação e pastagens degradadas vem sendo substituída por exemplos de produção eficiente, sustentável e socialmente justa. Quer saber quais tecnologias estão aprimorando o manejo e diversificando as pastagens na Amazônia? Assista ao vídeo abaixo e descubra!

Esse novo cenário foi apresentado durante o fórum Pré-COP da Dinapec 2025, na sede da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS), com destaque para as pesquisas realizadas pela Embrapa Acre.

O pesquisador Judson Ferreira Valentim explicou como a pecuária de baixo carbono tem ganhado espaço, impulsionada por tecnologias validadas junto aos produtores locais.

O Acre, por exemplo, é hoje um dos estados amazônicos com menor percentual de pastagens degradadas, reflexo direto da adoção de boas práticas no campo. Segundo Valentim, o segredo está na combinação de pesquisa participativa, diversidade de forrageiras e inclusão social.

Diversificar o pasto e integrar produção são estratégias de sucesso

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Foto: Gabriel Faria/Embrapa

A monocultura de capins já não dá conta dos desafios de um solo variável e de um clima quente e úmido.

Por isso, a Embrapa tem incentivado o uso de misturas de forrageiras com leguminosas, que ajudam a fixar nitrogênio no solo e a resistir melhor a pragas como cigarrinhas e lagartas. Essa diversidade torna o pasto mais nutritivo e resiliente.

Outra solução promissora é a integração lavoura-pecuária (ILP), principalmente em áreas antigas de pastagem.

A rotação entre soja, milho e boi safrinha garante maior acesso a insumos como farelo e milho, o que viabiliza a suplementação alimentar a baixo custo e, em muitos casos, a terminação dos animais em semiconfinamento.

Redução do ciclo e cortes nas emissões de carbono

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Foto: Arquivo/Dia De Ajudar

As novas tecnologias também estão encurtando o tempo até o abate. Antes, eram necessários 4 anos e 2 hectares para produzir um boi.

Hoje, no Acre, é possível abater Nelores a pasto com 26 a 27 meses e cruzados com Angus com apenas 20 a 22 meses, muitas vezes sem nenhuma suplementação intensiva.

Essa redução do ciclo produtivo impacta diretamente a sustentabilidade da atividade, ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa por animal. Como destaca Valentim, cada dia a menos no campo representa menos impacto ambiental e maior eficiência econômica.

Legalidade, inclusão e apoio ao produtor familiar

Vacas e bezerros em área de pasto. Foto: Reprodução/Agropecuária MaragogipeVacas e bezerros em área de pasto. Foto: Reprodução/Agropecuária Maragogipe
Vacas E Bezerros Em Área De Pasto. Foto: Reprodução/Agropecuária Maragogipe

Apesar das boas práticas, o setor ainda sofre com generalizações que colocam todos os produtores na mesma cesta.

É preciso separar quem trabalha dentro da lei dos grileiros e especuladores que promovem o desmatamento ilegal. A lei de crimes ambientais deve ser aplicada com rigor, mas sem penalizar injustamente quem está fazendo a coisa certa.

A sustentabilidade na Amazônia também é social. Quase 3 milhões de produtores vivem em situação de insegurança alimentar ou pobreza extrema no Brasil, e muitos estão na região amazônica.

Sem acesso a crédito, assistência técnica ou regularização fundiária, esses pequenos pecuaristas precisam de apoio para prosperar.

Cooperativismo é chave para um futuro sustentável

A organização dos produtores em cooperativas permite ganhos reais. Com maior escala, os pequenos pecuaristas conseguem comprar insumos com melhores condições, comercializar sua produção com mais força e, principalmente, ter acesso a conhecimento e novas tecnologias.

Como afirma a Embrapa, cuidar da terra é importante, mas cuidar das pessoas é essencial. A pecuária na Amazônia pode ser uma das mais sustentáveis do mundo — desde que inclua quem está na ponta e promova, de fato, uma produção responsável do campo à mesa.

Fonte: canalrural

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