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COP 30: Reunião preparatória evidencia disputas sobre clima, fundos e economia global

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As negociações climáticas da ONU esquentaram na última semana em Bonn, na Alemanha, durante a conferência preparatória para a COP 30, que será realizada em 2025, em Belém (PA). O encontro revelou impasses sobre financiamento climático, metas de adaptação e o papel de medidas comerciais ambientais no contexto global.

Financiamento climático: de US$ 100 bilhões para US$ 1,3 trilhão

O principal destaque da reunião foi a pressão por parte dos países em desenvolvimento para triplicar o valor do financiamento climático global, que hoje gira em torno dos US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países ricos.

A nova proposta visa elevar o valor para US$ 1,3 trilhão por ano — uma cifra ambiciosa, ainda em fase de negociação e sem garantias concretas de que será aprovada na COP 30.

“Mesmo com um valor maior em negociação, os aportes financeiros efetivos seguem muito abaixo do necessário,” analisa Leonardo Munhoz, especialista em direito ambiental.

Casos anteriores, como a COP 16 de Biodiversidade, mostram que metas financeiras ambiciosas nem sempre se concretizam. Lá, uma meta de US$ 200 bilhões por ano acabou sem definição clara e precisou ser retomada em uma nova rodada de negociações em Roma.


Metas de adaptação: indicadores ainda indefinidos

Outro tema sensível em Bonn foi a definição de indicadores para metas de adaptação climática. A dúvida é se esses dados serão vinculados ao Global Stocktake — o mecanismo que avalia o progresso das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).

Cada país deverá apresentar seu Plano Nacional de Adaptação, mas ainda falta consenso sobre os critérios que serão adotados para medir os avanços de forma comparável.


Mercado global de carbono: entraves no Artigo 6.2

O mercado global de carbono, previsto no Artigo 6.2 do Acordo de Paris, continua em debate. Os países discutem como padronizar os chamados ITMOs (Internationally Transferred Mitigation Outcomes), que são os créditos de carbono negociados entre NDCs.

A falta de um “idioma comum” entre as partes dificulta a operacionalização desses mercados, fundamentais para que países possam compensar emissões com base em ações realizadas em outros territórios.


Comércio verde: CBAM pressiona agenda climática

Um ponto que ganhou destaque, mesmo fora da pauta oficial, foi o avanço de medidas comerciais de cunho ambiental, como o CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism) — a taxa de carbono de fronteira proposta pela União Europeia.

Houve tentativa de incluir o tema formalmente na agenda das Cúpulas do Clima, mas países desenvolvidos, liderados pela Europa, barraram a proposta, alegando que a questão deve ser tratada na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Mesmo assim, o fato de o tema ser discutido entre as partes indica que a intersecção entre comércio e clima será inevitável nos próximos anos.

“Mesmo fora da agenda oficial, o CBAM mostra que medidas comerciais ambientais já impactam diretamente as relações internacionais,” pontua Munhoz.


Fonte: canalrural

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