O dimorfismo sexual de tamanho é um fenômeno biológico em que há uma diferença significativa nas caracteríticas físicas, como tamanho e as proporções corporais, entre machos e fêmeas da mesma espécie. Segundo um estudo de 400 espécies de mamíferos do ano passado, em 45% das espécies de mamíferos os machos são maiores que as fêmeas; em 39% das espécies, machos e fêmeas têm o mesmo tamanho; e em 16%, as fêmeas são maiores que os machos.
Entre os humanos, o fenômeno não é diferente: na maioria dos casos, os homens são mais altos que as mulheres – 13 cm, em média. Sabemos que a genética e os hormônios sexuais masculinos explicam grande parte da diferença, mas como, exatamente?
Agora, um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) encontrou novas pistas.
Os autores da pesquisa analisaram dados genéticos de cerca de um milhão de pessoas e encontraram respostas em um gene chamado SHOX, conhecido por ser crucial no desenvolvimento ósseo e desempenhar algum papel na determinação da estatura.
Mas há um detalhe importante: esse gene está presente em ambos os cromossomos, X e Y. Como você deve se lembrar, mulheres são XX e homens, XY.
Os cromossomos sexuais não são homólogos, ou seja, não compartilham muitas estruturas e sequências genéticas. Entre as poucas partilhas está o SHOX. A mera presença dele não explicaria, portanto, a diferença de altura entre homens e mulheres, porque ele existe em ambos os sexos. A questão era, então, um mistério genético.
Os pesquisadores se perguntaram, então: será que o mesmo gene atua de modo distinto em cada cromossomo diferente? Neste caso, a hipótese era que a combinação de um cromossomo Y com o gene SHOX agisse como um impulsor para a altura.
Para investigar a hipótese, os cientistas foram atrás de pessoas com condições genéticas raras: alguns indivíduos nascem com cromossomos a mais ou a menos – a condição é conhecida como aneuploidías cromossômicas sexuais (ACS). Existem pessoas que são X0 (só com um cromossomo X), outras que são XXY, por exemplo.
Para isso, os pesquisadores consultaram repositórios de dados genéticos e médicos. Foram usados três bancos de dados, dois americanos e um britânico.
Com dados de quase um milhão de indivíduos, o grupo conseguiu encontrar 1.225 pessoas com cromossomos X ou Y ausentes ou extras. Eles observaram que ter um cromossomo Y extra levava a um maior aumento de altura, mas ter um cromossomo X adicional não.
Isso confirma a hipótese que o gene SHOX no cromossomo Y está ligado a um maior crescimento, mas no cromossomo X não.
Para o pesquisador Matthew Oetjens, autor do estudo, a explicação tem a ver com a localização do gene SHOX. No cromossomo Y, a localização do gene permite que ele tenha uma maior expressão que no Y. Por isso, os homens tem um efeito maior do gene SHOX. Isso, calcularam os pesquisadores, é responsável por quase um quarto da diferença média de altura entre homens e mulheres. O restante da diferença, por sua vez, vem de outros mecanismos biológicos.
Fonte: abril