No maior evento do Dia do Trabalhador na capital paulista, centrais sindicais e representantes do governo federal convergiram nesta quinta-feira (1Âș) em defesa da pauta do fim da escala 6Ă1, com redução da jornada de trabalho e sem diminuição de remuneração. Os sindicatos e os ministros presentes tambĂ©m reforçaram as reivindicaçÔes da isenção de imposto de renda de atĂ© R$ 5 mil, igualdade salarial entre homens e mulheres e diminuição dos juros.
Participaram do evento, na Zona Norte de SĂŁo Paulo, os ministros do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica, MĂĄrcio MacĂȘdo; e das Mulheres, Aparecida Gonçalves.
O ato polĂtico, que ocorreu na Praça Campo de Bagatelle, teve inĂcio por volta das 11h e foi organizado pelas centrais sindicais Força Sindical, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), UniĂŁo Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores, e pela PĂșblica â Central do Servidor. A Central Ănica dos Trabalhadores (CUT) participou como convidada.
âA jornada de trabalho tem que ser reduzida. A Ășltima redução que nĂłs tivemos da jornada foi em 1988. NĂłs temos certeza de que, hoje, nĂłs temos condiçÔes de trabalhar atĂ© menos do que as 40 horas semanais. Temos que ter mais tempo para descanso, para famĂlia, para estudar, ainda mais no momento em que a gente tem muitos problemas relacionados Ă saĂșde mentalâ, disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
De acordo com ele, a aprovação da redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6Ă1 dependerĂĄ, no entanto, da mobilização popular e do convencimento de um Congresso Nacional conservador.
âO trabalho que nĂłs vamos ter Ă© de convencer a maioria do Congresso, que Ă© conservador, da necessidade de pensar no Brasil como um todo, pensar nas pessoas, em num paĂs mais desenvolvido, com mais segurança na saĂșde das pessoasâ, acrescentou.
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O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que a proposta tem apoio do governo, mas necessita de diålogo com o empresariado, principalmente dos setores de comércio e serviço, além do convencimento do Congresso Nacional.
âĂ preciso de uma construção, de vĂĄrias mĂŁos, que passa pelo diĂĄlogo com o empresariado, que passa especialmente pelo comĂ©rcio e serviço. E passa, especialmente, pelo diĂĄlogo polĂtico com o Congresso Nacionalâ, disse.
Segundo ele, o Congresso deve avaliar o quanto a medida poderĂĄ fazer bem para a economia brasileira e para o ambiente de trabalho. âĂ assim que temos que olhar. NĂŁo Ă© uma coisa âAâ contra âBâ, Ă© preciso olhar o interesse do paĂsâ, acrescentou Marinho.
JĂĄ o ministro da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica, MĂĄrcio MacĂȘdo, disse ver chances reais de as pautas do fim da escala 6Ă1 e a isenção do imposto de renda de atĂ© R$ 5 mil passarem pelo Congresso. Segundo ele, a redução da jornada de trabalho Ă© uma medida âcivilizatĂłriaâ.
âEu acho que tem chance de avançar, Ă© uma pauta civilizatĂłria. A escala 6Ă1 Ă© um crime contra o trabalhador, Ă© cruel contra a classe trabalhadora. NĂłs todos nĂŁo precisamos sĂł de trabalho digno e salĂĄrio justo. Ă necessĂĄrio ter tempo para viver, ter tempo para estar com a famĂlia, ter tempo para fazer o que gosta, para jogar seu futebol, para ouvir mĂșsica, para estar com os filhosâ, disse.
Isenção no IR
O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva entregou, no Ășltimo dia 18, ao Congresso Nacional o projeto de lei da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha atĂ© R$ 5 mil. O texto que serĂĄ analisado tambĂ©m cria desconto parcial para aqueles que recebem entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, reduzindo o valor pago atualmente.
âEu acredito que vai ser aprovado no Congresso Nacional porque Ă© outra pauta que caiu no imaginĂĄrio coletivo muito positivamente. A isenção do imposto de renda para quem ganha atĂ© R$ 5 mil significa dizer: quem ganha menos nĂŁo paga imposto e quem ganha mais paga o imposto justoâ, disse MacĂȘdo.
âEu acho que vai passar, tem uma mobilização boa na sociedade, o clima Ă© bom, eu tenho muita esperança que isso passeâ, acrescentou.
Ministros MĂĄrcio MacĂȘdo, Cida Gonçalves e Luiz Marinho, durante ato do dia 1Âș de Maio das Centrais Sindicais, na Praça Campo de Bagatelle,. Foto: Paulo Pinto/AgĂȘncia Brasil
AusĂȘncia do presidente Lula
O ministro da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica ainda comentou sobre a ausĂȘncia do presidente Lula no ato de 1Âș de Maio em SĂŁo Paulo. Segundo ele, apesar de Lula nĂŁo ter vindo ao ato, o presidente participou da âsemana do 1Âș de Maioâ, recebendo as centrais sindicais em BrasĂlia na Ășltima terça-feira (29), quando os trabalhadores apresentaram uma pauta unificada da categoria.
âO presidente Lula faz falta em qualquer lugar que ele nĂŁo esteja. A presença dele Ă© a presença viva da histĂłria pela luta democrĂĄtica do paĂs. Isso aqui Ă© parte da histĂłria dele, foi quem projetou ele para o mundo polĂtico e para o mundo da sociedade. Ele estĂĄ aqui pela sua obra, ele estĂĄ aqui pelas suas açÔes, ele estĂĄ aqui pela sua histĂłria, ele estĂĄ aqui pelo que ele estĂĄ fazendo hoje no governoâ, disse MacĂȘdo.
Fonte: cenariomt