Assim como em qualquer outra atividade na cidade, o agro também necessita de energia elétrica nas propriedades rurais. No Distrito de Nova Fronteira, em Tabaporã, onde a agricultura familiar é significativa, são inúmeros os prejuízos causados pelas constantes oscilações de energia e até mesmo a sua falta. Segundo produtores e moradores da região, muitos produtores de leite já deixaram a atividade.
Conforme a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tabaporã, Neiva Regina, em alguns dias a energia chega a oscilar cinco vezes, antes de apagar.
Ela conta ao Patrulheiro Agro desta semana que os produtores precisam correr para desligar os equipamentos das tomadas para não terem prejuízos.
“Da perda total em resfriador de leite. Os produtores chegam a perder 500, 1000, 2000 litros de leite. Tínhamos muitos produtores de leite aqui e 15 já saíram da atividade por conta da energia”, afirma.
De acordo com o Sindicato, que tem em torno de 600 associados em todo município, o Distrito de Nova Fronteira tem uma área agricultável de aproximadamente 63 mil hectares.
Neiva explica que na câmara fria de algumas cooperativas, ontem armazenam frutas, a máquina não funciona e chegam a perder até 7 mil quilos de acerola.
“O pessoal acaba desistindo. A agricultura familiar é bem poderosa aqui. Ano passado teve até incêndio de sítio por conta de fiação elétrica de energia que caiu. E mesmo eles tendo o protocolo, não arrumam. Pelo preço que a gente paga, a nossa energia tinha que ser pelo menos 15 vezes melhor”, explica.

Empresário na região, Cristian Henrique Mezzalira, conta que tanto na loja de autopeças, no posto e, principalmente, no abatedouro local onde possui câmaras frias, motores e compressores de alto valor, a energia também oscila.
“Volta e meia lá queima com essas quedas de luz e custa R$ 9 mil para arrumar. Como não pode parar, a gente é obrigado a comprar, pagar e colocar para funcionar”, diz.
Ele possui uma despesa mensal de energia elétrica em torno de R$ 30 mil entre o posto de gasolina, a loja de auto peças e a distribuidora de carnes.
“Tem dias de ficar, meio dia sem ou até o dia todo, para os abastecimentos, para o sistema. Você não consegue nem consultar na loja de autopeças o preço do produto. Para tudo. É o comércio, é o agro todo esse pessoal sofre com esse problema”, frisa.
Agricultor em Tabaporã, Leonir Zannon, cultiva junto com a família uma área de 1.750 hectares entre soja e milho.
Ele possui um armazém com capacidade estática para guardar 110 mil sacos de grãos e tem planos de aumentar a capacidade da infraestrutura, para mais de 150 mil sacas.
“A energia do motor é uma energia cara, mas foi a única saída que a gente achou para não ter perdas maiores. É combustível diesel, e o preço que está hoje o óleo diesel, o consumo chega aqui fica um diesel caro, há uns quinze anos que vem essa já essa energia que vem fraca. Deu qualquer queda para tudo. As vezes passa a noite com a gurizada, limpando o elevador, limpando reder, aí quando começa dar todas essas falhas, danifica equipamentos, e a gente tem que desligar a rede e botar motor”, conta Leonir.

Propriedades chegam a ficar sete dias sem energia
Algumas propriedades no Distrito de Nova Fronteira, chegam a ficar sete dias sem o fornecimento de energia elétrica. Para evitar transtornos e prejuízos, José Rocha de Miranda, comprou um gerador, mas o aparelho, além de aumentar os custos, acaba não sendo suficiente para atender toda a sua demanda.
“A autonomia dele é só de quatro horas, então é só para manter coisas que são mais urgentes. O custo dele de quatro horas é quase oito litros de gasolina. Chega no fim do mês, tu tem a conta de luz e a conta de gasolina. De noite, de manhã não tem hora para dar as quedas de luz, ela vai a 280 volts e cai a zero, quando ela cai a zero se não queimar eletrodoméstico, cai a chave do transformador e daí que é o problema”, pontua.
De acordo com seu José, a família tem um custo mensal de aproximadamente R$ 800 com energia elétrica na propriedade de 117 hectares onde cultiva soja e milho.
A dona Terezinha Silvana Borges de Miranda, aponta que dentro de casa, os estragos são os mesmos e que quando a geladeira descongela, se puder tudo o que guarda nela. “Dá dó de jogar fora”.

Seu José ainda comenta que essa situação é um descaso e que é preciso refazer toda a linha elétrica que vem de Juara para Tabaporã.
“Nós temos recebido reclamações de produtores do estado todo com relação a qualidade do fornecimento de energia. Quem tem aviário tem problema muito sério, tem que ter gerador. Tocar com gerador em que o custo do diesel é altíssimo, quem tem secador e irrigação é a mesma coisa. Na situação atual a energia está cada vez mais cara e nós cada vez mais com problemas. A gente pede a compreensão da empresa que verifique os pontos críticos, para tentar melhorar a nossa malha de distribuição de energia elétrica”, finaliza o vice-presidente do Sistema Famato, Ilson Redivo.
A reportagem do Patrulheiro Agro entrou em contato com a Energisa para esclarecer os problemas.
Confira a nota na íntegra:
A Energisa informa que no dia 30 de abril, equipes fizeram uma nova avaliação na região e novas manutenções para a melhoria da qualidade de distribuição de energia.
Qualquer transtorno pós-interrupção, poderá ser informado pelos canais de atendimento da Energisa. São eles: energisa.com.br; App: energisa on; 0800 6464 196 e WhatsApp: 65 9999-7974.
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Fonte: canalrural