A Comissão de Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) encerra nesta quinta-feira (24.04), o estradeiro regional pelo Vale do Guaporé iniciado na última terça-feira (22.04). O objetivo principal foi conhecer de perto as estradas utilizadas para o escoamento da produção agrícola da região, visitar a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres e verificar a situação das rotas alternativas à BR-174, interditada desde o final de março.
No primeiro dia, a comitiva visitou a estrutura da ZPE de Cáceres que deverá atrair indústrias exportadoras. “A gente conheceu a ZPE, uma questão muito importante para nós produtores da região oeste de Mato Grosso, porque ela pode facilitar muito a parte de processamento e indústria, tanto a entrada de materiais, como a venda”, conta o delegado do núcleo do Vale do Guaporé, Marcos Fermiano dos Santos.
O estradeiro seguiu pelas rodovias estaduais que ligam Cáceres a Vila Bela da Santíssima Trindade, passando por Porto Esperidião. No segundo dia, a comitiva saiu de Vila Bela em direção a Cabixi (RO), passando por um trajeto não pavimentado e repleto de obstáculos. As más condições das estradas, agravadas pela interrupção da BR-174 entre Comodoro e Nova Lacerda, foram pautas constantes nas discussões.
“A rodovia 174 é uma das principais rotas de escoamento ligando a região oeste à Rondônia, e a região do oeste do Mato Grosso, para o centro, Rondonópolis. E, aqui na nossa região do Vale do Guaporé, ela é a principal rota de escoamento para os grãos que saem aqui da região do Vale e que seguem rumo a Comodoro, que é um dos pontos de recebimento. Ela está interditada e isso está ocasionando grande prejuízo para os produtores”, relata o delegado do núcleo do Vale do Guaporé, Yuri Nunes Cervo.
A travessia sobre o Rio Guaporé teve que ser feita por uma balsa particular, já que a MT-199 não possui uma ponte ligando o lado oeste ao lado leste do Rio. O produtor reforçou a necessidade da construção da ponte sobre o Rio Guaporé e a pavimentação da MT-199 para facilitar o escoamento da produção. “A balsa que era para a gente estar usando hoje, que é a da Barra Mansa, na MT-199, está quebrada, então a gente teve que fazer um improviso e pegar uma outra balsa particular da Serra Negra. Passamos por milho, milho novo, milho pendoado, soja verde e soja colhida, então tem muita soja para colher ainda na região e se tivesse uma estrada para conseguir escoar esse produto, a gente não ia estar dependendo da 174 que está interditada até hoje”, explica Yuri.
Além das dificuldades na MT-199, a comitiva passou também pela MT-235, sentido Cabixi (RO), que, apesar de estar em fase de pavimentação, já sofre com o aumento anormal de fluxo devido ao desvio da BR-174. Caminhões têm sido obrigados a fracionar carga para vencer os morros da região, gerando custos adicionais aos produtores.
“O custo da lavoura onera demais, eu não consigo nem mensurar hoje em reais o quanto onerou esse transtorno, essa volta, essa despesa de caminhão parado. Mas, se antes precisava de 10 caminhões para puxar a safra, fazendo essa volta ela precisa pelo menos o dobro, pelo menos 20. Tudo isso vai aumentando os custos, sem contar que hoje o trecho não pavimentado da estrada MT-235 é mantida pelo Consórcio aqui da Associação do Vale do Guaporé, que é um convênio do Estado com uma associação que nós produtores gerimos. Para nós mantermos ela com condições de rodagem que nem está hoje, mínimas, mas com condição, aumentou muito o nosso custo de manutenção dessa estrada e pode ser que reflita lá na frente, na falta de caixa para sustentação e manutenção dela. Então, um transtorno tremendo em todas as áreas”, ressalta o delegado coordenador do núcleo do Vale do Guaporé, Marco Antônio Mattana Sebben.
Embora tradicionalmente voltado à pecuária, o Vale do Guaporé tem registrado um crescimento significativo na produção agrícola, especialmente com o avanço das lavouras de soja e milho. O núcleo regional da Aprosoja Mato Grosso, com sede em Comodoro, que também abrange os municípios de Cáceres, Porto Espiridião, Conquista D’Oeste, Nova Lacerda, Pontes e Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade, foi criado no final do último ano para acompanhar esse movimento de diversificação produtiva e apoiar os produtores da região. Ações como o estradeiro são estratégicas para mapear gargalos, avaliar a infraestrutura existente e entender, na prática, os desafios enfrentados no campo.
A Aprosoja MT, ao lado dos produtores, continuará mobilizando para que a infraestrutura acompanhe o ritmo de crescimento da agricultura na região. Conhecer a realidade das estradas, entender a viabilidade do escoamento e enxergar as oportunidades com a ZPE de Cáceres, por exemplo, ajuda a traçar um plano de desenvolvimento mais sólido para o oeste de Mato Grosso.
Fonte: cenariomt