Em sua delação, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou a entrada de trĂȘs influenciadores no PalĂĄcio da Alvorada, pois temiam ser presos pela PolĂcia Federal.
Esse episódio ocorreu durante protestos em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Luiz Inåcio Lula da Silva (PT) como presidente eleito.
Segundo Cid, ex-ajudante de ordens, Bolsonaro permitiu a entrada de Oswaldo EustĂĄquio, Bismark Fugazza e Paulo Souza. Eles buscaram refĂșgio depois de ligarem para o ex-presidente, preocupados com sua segurança.
âDepois da advertĂȘncia do colaborador de que a permanĂȘncia de Oswaldo EustĂĄquio no PalĂĄcio da Alvorada poderia causar problemas, o ex-presidente determinou que um carro da PresidĂȘncia levasse Oswaldo EustĂĄquio para o local que estava hospedado em BrasĂliaâ, disse Cid, na delação.
Depois da saĂda de EustĂĄquio, Fugazza e Souza jantaram com Bolsonaro. Na Ă©poca, os trĂȘs eram investigados por incitar âatos antidemocrĂĄticosâ e supostas ligaçÔes com milĂcias digitais.
O Supremo Tribunal Federal (STF) jå havia decretado suas prisÔes. Atualmente, Euståquio estå na Espanha, considerado foragido. Fugazza foi detido no Paraguai em 2023, mas liberado sob monitoramento de tornozeleira eletrÎnica.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu levantar o sigilo das delaçÔes de Cid depois de a Procuradoria Geral da RepĂșblica (PGR) apresentar denĂșncia contra Bolsonaro e outras 32 pessoas.
Eles sĂŁo acusados de planejar um golpe de Estado com o objetivo de impedir a posse de Lula. A denĂșncia, porĂ©m, nĂŁo significa que o ex-presidente serĂĄ preso, ou que ele jĂĄ seja considerado culpado pela Justiça.
A procuradoria alega que a denĂșncia se baseia em provas obtidas por quebras de sigilos, buscas e apreensĂ”es e delaçÔes premiadas. As acusaçÔes incluem crimes como abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e organização criminosa, com penas de quatro a 17 anos de prisĂŁo.
A denĂșncia foi enviada ao STF, onde Alexandre de Moraes decidirĂĄ se aceita, rejeita ou submete a decisĂŁo a um colegiado. O caso tambĂ©m pode ser encaminhado Ă 1ÂȘ InstĂąncia, jĂĄ que Bolsonaro nĂŁo tem mais foro privilegiado, o que poderia atrasar possĂveis prisĂ”es.
A tendĂȘncia Ă© que Moraes encaminhe o caso Ă 1ÂȘ Turma do STF, composta pelos ministros Cristiano Zanin, CĂĄrmen LĂșcia, Luiz Fux, Moraes e FlĂĄvio Dino.
O relator tem a prerrogativa de tomar essa decisĂŁo. O CĂłdigo de Processo Penal estipula um prazo de atĂ© 15 dias para a apreciação da denĂșncia, mas especialistas avaliam que feriados podem estender esse perĂodo.
Uma eventual condenação de Bolsonaro e a consequente perda de direitos polĂticos sĂł ocorrerĂĄ apĂłs uma sentença penal condenatĂłria transitada em julgado. AtĂ© lĂĄ, ele permanece inelegĂvel por decisĂŁo do Tribunal Superior Eleitoral tomada em 2023.
Fonte: revistaoeste