O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, denunciou Jair Bolsonaro, na última terça-feira, 18, por suposta tentativa de golpe de Estado. Além de Bolsonaro, o PGR acusou outras 33 pessoas, em virtude do que seria uma tentativa de ruptura institucional.
Dessa forma, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará a acusação feita pela PGR. Estima-se que haja um veredito em outubro deste ano. Outras investigações, como as relacionadas ao suposto desvio de joias e à fraude nos cartões de vacina, devem ser tratadas separadamente.
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Gonet denunciou Bolsonaro pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
A mídia internacional repercutiu massivamente a denúncia contra o ex-presidente brasileiro. A agência Reuters, por exemplo, disse que as chances de um retorno político de Bolsonaro, a quem chamou de “incendiário de extrema direita”, se complicaram depois de terça-feira.
A reportagem ainda defende ser improvável que o ex-presidente seja preso antes de seu julgamento, “a menos que o juiz da Suprema Corte , que está supervisionando o caso, considere um risco de fuga”.
A Associated Press, agência centenária de notícias, associou o nome da suposta operação, Punhal Verde Amarelo, com as cores da campanha do ex-presidente. “Bolsonaro é frequentemente visto com a camisa verde e amarela da Seleção Brasileira de Futebol e as cores se tornaram associadas ao seu movimento político”, ressalta.
O New York Times, principal jornal impresso dos EUA, traçou um paralelo entre Bolsonaro e Donald Trump. “Ambos foram indiciados sob a acusação de tentar anular eleições”, argumenta. “O caso de Trump foi arquivado quando ele voltou ao poder, enquanto Bolsonaro está talvez em seu ponto político mais fraco até agora.”
O periódico norte-americano ainda lembra que, caso Bolsonaro seja preso, será o terceiro presidente nos últimos oito anos a ser mandado para a prisão. O primeiro foi o petista Luiz Inácio Lula da Silva, detido em abril de 2018. Um ano depois, em março de 2019, Michel Temer teve o mesmo destino.
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O Wall Street Journal relembrou uma entrevista concedida por Bolsonaro ao jornal em novembro de 2024, quando o ex-presidente disse que “aposta no apoio da administração de Trump para que possa concorrer na próxima eleição”.
A PBS, rede pública dos EUA, destacou o suposto plano de envenenar Lula e matar Moraes. A NPR, também vinculada ao governo norte-americano, frisou que a acusação ocorre apenas três meses depois que um relatório da Polícia Federal acusou Bolsonaro de tentar “desmantelar violentamente o Estado constitucional”.
A BBC, de Londres, por sua vez, destacou a força política de Bolsonaro, mesmo considerado inelegível. “Embora Bolsonaro esteja impedido de concorrer a cargos públicos até 2030, ele continua sendo uma forte força política”, admite. O The Guardian, também britânico, estimou que Bolsonaro pode enfrentar uma condenação de 38 a 43 anos.
O francês Le Monde disse que a intenção de Bolsonaro é “fazer um retorno triunfante, assim como seu herói e aliado, o presidente dos EUA, Donald Trump”. Também na terra da Torre Eiffel, o Le Figaro destaca que o suposto plano seria executado entre a vitória eleitoral de Lula e sua posse.
A Al Jazeera, conglomerado de mídia com apoio do governo do Catar, comparou os atos de 8 de janeiro com a insurreição de 6 de janeiro de 2021, em Washington, quando apoiadores de Donald Trump invadiram o edifício do Capitólio.
A notícia da denúncia contra Bolsonaro chegou ao outro lado do mundo. A japonesa NHK lembrou a postura de Bolsonaro perante a pandemia, em 2020. “Durante seu mandato, o chamado ‘‘ ficou conhecido por seus comentários pouco ortodoxos”, diz. “Ele menosprezou o coronavírus, chamando-o de ‘uma gripezinha’.”
Fonte: revistaoeste