Os fones de ouvido Huawei Freebuds 6i, lançados no final do ano passado, têm um microrressonador de Helmholtz: um componente, criado em 1862 pelo físico alemão Hermann von Helmholtz, que absorve frequências sonoras. Nos Freebuds 6i, ele é usado para eliminar parte do ruído externo – e isso, como constatou nosso teste, permite que o sistema de noise canceling dos fones seja espantosamente eficaz.
Agora, a Huawei está lançando no mercado brasileiro seu modelo topo de linha, os FreeBuds Pro 4. A apresentação do produto não traz qualquer referência à presença de um ressonador de Helmholtz.
Mas, com ou sem ele, o cancelamento de ruído dos fones é tão bom quanto nos Freebuds 6i: consegue anular quase todo o barulho, mesmo em situações extremamente ruidosas. Está bem acima, nisso, da média dos fones intra-auriculares – o cancelamento de ruído se aproxima do obtido por bons modelos over-ear, como os Sony WM-1000XM2.
Os Pro 4 também têm boa qualidade de áudio. O som é um pouco superior ao modelo mais barato da Huawei, pois cada Pro 4 possui dois alto-falantes internos (contra um nos Freebuds 6i). Isso dá mais punch e definição aos graves, e também aumenta a separação instrumental – fica mais fácil de ouvir detalhes das músicas.
![1002–Huawei-Layout_Site2 Imagem do fone bluetooth Huawei da cor preta.](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2025/02/10230534/1002-huawei-layout_site2.jpg)
Dependendo da sua preferência pessoal, a equalização padrão dos Pro 4 pode ter graves demais (algo comum em fones direcionados ao público mainstream). Mas é tranquilo resolver isso: basta usar o equalizador presente no app dos fones.
Sobre o app, uma observação importante. Como a Huawei foi banida da Play Store em 2019, em meio à guerra comercial entre China e EUA, o aplicativo AI Life, que gerencia os fones e outros produtos da empresa, não está disponível na lojinha do Android (na app store do iOS, curiosamente, ele está). Então, para baixá-lo, você acessa o site da própria Huawei – ou escaneia um QR code impresso no manual dos fones. Funciona.
A duração da bateria é boa. Com o noise canceling ativado, ela fica em torno de 5 horas, mais três recargas na case – que é pequena, bonita e bem acabada (o produto é fabricado nas cores preta, branca e verde).
Assim como os Freebuds 6i, os Pro 4 têm conexão Bluetooth multiponto: você pode deixá-los pareados com o seu notebook e smartphone, e os fones alternam automaticamente entre eles. Mas, no aspecto Bluetooth, os Pro 4 oferecem algo a mais: o novo codec L2HC 4.0, que foi desenvolvido pela Huawei e alcança até 2,3 Mbps de taxa de transmissão.
Isso significa que ele é o primeiro codec Bluetooth capaz de transmitir áudio estéreo sem qualquer compressão. Os outros codecs do tipo já lançados até hoje, como o AptX Lossless, da Qualcomm, e o LDAC da Sony, não chegam lá, pois trabalham a menos de 1,4 Mbps (a taxa de dados necessária para transmitir dois canais de áudio, no padrão 16 bits/44 KHz, sem compressão).
![1002–Huawei-Layout_Site1 Imagem do fone bluetooth Huawei da cor branca.](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2025/02/10230536/1002-huawei-layout_site1.jpg)
O porém é que, para usar o L2HC 4.0, o seu smartphone precisa ser compatível com ele – e, por enquanto, só aparelhos da Huawei são. No meu celular, um Samsung Galaxy S23 FE, os fones da Huawei conectaram usando o codec AAC, o mesmo adotado pela Apple nos AirPods.
Na prática, codecs de alta taxa de bits, como o L2HC e similares, não fazem tanta diferença quanto se imagina. Quando a compressão digital é bem feita, fica muito difícil, ou impossível, perceber o efeito dela na qualidade de áudio – e mesmo codecs com bitrates mais modestas, como o AAC e o AptX comum, conseguem bons resultados.
Os Pro 4 são sensíveis ao toque (você pode parar a música ou ajustar o volume deslizando o dedo por eles), e também reconhecem movimentos da cabeça: para aceitar ou rejeitar uma ligação telefônica, basta fazer “sim” ou “não” com ela. O recurso funciona com ligações normais e também com chamadas do WhatsApp.
Os Freebuds Pro 4 custam R$ 1.699. São bem mais baratos do que seus concorrentes diretos, os AirPods Pro (R$ 2.599) e Galaxy Buds 3 Pro (R$ 2.199). Mas são muito mais caros do que seus irmãos mais simples, os Freebuds 6i – que foram lançados por R$ 599, mas hoje você encontra no varejo por até menos, em torno de R$ 500. Uma relação custo-benefício imbatível.
O modelo mais caro tem mais tecnologia, mais recursos e qualidade de som melhor. Mas, para muita gente, os Freebuds 6i já estão de bom tamanho.
Fonte: abril