📝RESUMO DA MATÉRIA
- As cataratas causam visão turva e, sem tratamento, podem levar à cegueira. Cerca de 24,4 milhões de americanos com mais de 40 anos são afetados, e espera-se que esses números dobrem até 2050.
- Uma revisão publicada na Antioxidants explora tratamentos para catarata focados no estresse oxidativo no cristalino. Uma estratégia é através da ativação da via Nrf2, aumentando a produção de glutationa para proteger a saúde do cristalino.
- Os pesquisadores também exploraram duas abordagens adicionais: usando análogos de cisteína para aumentar os níveis de glutationa e melhorando a microcirculação do cristalino para fornecer nutrientes ao núcleo do olho de forma eficiente.
- A ingestão de nutrientes desempenha um papel importante na saúde dos seus olhos. Os principais nutrientes para dar suporte à visão e proteger contra danos oxidativos incluem luteína, vitamina C e astaxantina.
- Estratégias de estilo de vida para uma visão saudável, como evitar a luz azul, parar de fumar e eliminar óleos de sementes da sua alimentação, também estão incluídas abaixo.
🩺Por Dr. Mercola
A catarata é uma condição que deixa a lente do olho turva, causando visão turva, parecida com olhar através de uma janela embaçada ou uma lente de câmera borrada. Isso ocorre devido ao acúmulo de proteínas na lente do olho. Sem tratamento, a catarata piora de maneira gradual, resultando em mais perda de visão e, por fim, à cegueira.
A catarata, no geral, se desenvolve com a idade e é muito comum entre adultos mais velhos. Estatísticas mostram que mais da metade dos americanos com 80 anos ou mais têm catarata ou já passaram por uma cirurgia de catarata. Além do envelhecimento, outros fatores de risco incluem o uso excessivo de álcool, tabagismo, diabetes, exposição a substâncias prejudiciais, certos medicamentos e lesões oculares.
Hoje em dia, cerca de 24,4 milhões de americanos com mais de 40 anos são afetados por catarata, e espera-se que esse número dobre para cerca de 50 milhões até 2050. Em resposta a esse desafio crescente, pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, exploraram novas estratégias para o tratamento da catarata, minimizando o estresse oxidativo no cristalino do olho, oferecendo esperança às pessoas diagnosticadas com essa condição.
Pesquisas recentes destacam os benefícios da via Nrf2 para o tratamento de catarata
Publicada em outubro de 2024 na revista Antioxidants, a revisão em destaque se concentrou no aumento dos níveis do antioxidante glutationa (GSH) dentro do cristalino, pois ele desempenha um papel essencial na neutralização dos danos oxidativos. Os pesquisadores enfatizaram que, embora a glutationa esteja naturalmente presente em altas concentrações em jovens com lentes saudáveis, o envelhecimento e certas condições como diabetes levam a um declínio nos níveis de glutationa.
Essa depleção deixa o cristalino vulnerável ao estresse oxidativo, resultando na formação de catarata. O desafio, no entanto, é como fornecer glutationa de forma eficaz às diferentes regiões do cristalino, em particular ao núcleo, que é o mais afetado pelo envelhecimento.
Os autores avaliaram vários métodos para aumentar os níveis de glutationa no cristalino. Uma abordagem fundamental é ativar a via Nrf2, que demonstrou proteger o cristalino contra danos oxidativos ao promover a produção de enzimas antioxidantes. Segundo os pesquisadores:
“O Nrf2 tem sido associado a muitos processos, incluindo a regulação de respostas ao estresse celular, metabolismo de medicamentos e defesa contra carcinogênese e agressões inflamatórias. É importante ressaltar que o Nrf2 funciona como um importante regulador da resistência celular aos oxidantes, controlando 20 genes antioxidantes, alguns dos quais envolvem a regulação da homeostase de GSH por meio da síntese e regeneração de GSH”.
O Nrf2 opera como um fator de transcrição, o que significa que ele se desloca para o núcleo da célula para ativar a expressão de genes responsáveis pela produção de antioxidantes. Em condições normais, o Nrf2 está ligado a uma proteína chamada Keap1 no citoplasma, o que o mantém inativo. Entretanto, quando ocorre o estresse oxidativo, moléculas específicas modificam a Keap1, liberando o Nrf2 e permitindo que ele entre no núcleo.
Uma vez no núcleo, o Nrf2 se liga aos elementos de resposta antioxidante (ARE) no DNA. Essa ligação ativa vários genes que aumentam a capacidade antioxidante da célula, incluindo aqueles envolvidos na síntese e regeneração de GSH. O aumento de GSH ajuda a neutralizar espécies reativas de oxigênio (ERO) na lente, prevenindo danos oxidativos às proteínas da lente.
Ao promover essa cascata de expressão genética antioxidante, o Nrf2 fortalece as defesas naturais do olho contra o estresse oxidativo. Os autores observaram que esse mecanismo é benéfico para atingir o córtex do cristalino, onde as cataratas diabéticas costumar começar, assim como os danos relacionados à idade.
Explorando os benefícios da cisteína e seus análogos
Além de estratégias que potencializam as vias antioxidantes, como o Nrf2, os pesquisadores também examinaram a cisteína e seus análogos como uma forma de aumentar os níveis de glutationa no cristalino.
A cisteína é o principal aminoácido necessário para a síntese de glutationa e é conhecida por seus fortes efeitos antioxidantes. Ela é produzida sobretudo pela via de transulfuração, onde a enzima cistationina-beta-sintase (CBS) converte a homocisteína em cistationina, que então se transforma em cisteína. As vias diretas de captação de cisteína também contribuem para a síntese de glutationa.
Estudos em lentes humanas e suínas expostas ao peróxido de hidrogênio mostram que o estresse oxidativo aumenta os níveis de CBS. Essa resposta parece aumentar a produção de cisteína, fornecendo mais GSH para ajudar a proteger as células da lente contra danos oxidativos.
Os pesquisadores analisaram dois análogos de cisteína, N-acetilcisteína (NAC) e N-acetilcisteína amida (NACA), que atrasam a formação de catarata, de acordo com estudos em animais. Em particular, o NAC retardou a formação de catarata em ratos diabéticos e reduziu as opacidades nucleares densas em cataratas induzidas por selenito. No entanto, os pesquisadores notaram que ele tem uma biodisponibilidade e hidrofilicidade relativamente baixas.
O NACA, por outro lado, é um derivado mais lipofílico do NAC. Ele aumentou a permeabilidade da membrana, tornando-o eficaz em concentrações mais baixas. Estudos demonstraram a capacidade do NACA de inibir cataratas induzidas por selenito e proteger contra o estresse oxidativo, aumentando os níveis de GSH e inibindo a formação de malondialdeído, um marcador de estresse oxidativo.
Além disso, o diNACA, um precursor do NACA, surgiu como uma opção única para prevenção de catarata. Ao contrário do NAC e do NACA, que atuam aumentando o GSH, o diNACA parece proteger as proteínas do cristalino por meio da formação de dissulfetos mistos, fornecendo uma alternativa para neutralizar os danos oxidativos.
Explorando a regulação ascendente da microcirculação da lente para reduzir o risco de catarata
Os autores também examinaram os efeitos do aprimoramento do sistema de microcirculação do cristalino como uma forma de reduzir o estresse oxidativo e retardar as cataratas nucleares relacionadas à idade. Ao contrário de outros tecidos, o cristalino não tem suprimento sanguíneo direto, dependendo de um sistema de microcirculação interno para transportar nutrientes essenciais e antioxidantes para sua região central. Este sistema utiliza o fluxo impulsionado por íons para circular água e íons por toda a lente.
Os pesquisadores observaram que o sistema de microcirculação poderia ser rápido em fornecer nutrientes como glicose e glutationa para as camadas mais profundas do cristalino, alcançando o núcleo com mais eficiência. Uma abordagem para regular esse sistema de microcirculação é ajustando a pressão dentro da lente.
Isso é feito usando dois canais especializados, TRPV1 e TRPV4, que ajustam de forma natural o movimento das moléculas de água em resposta a mudanças na pressão ou no equilíbrio de fluidos dentro da lente. A ativação desses canais mantém a pressão ideal, ajudando mais nutrientes a chegarem ao núcleo da lente, onde protegem contra os danos que causam catarata. Os autores acrescentaram:
“A regulação positiva do sistema de microcirculação poderia ser combinada com a entrega de análogos de cisteína permeáveis… Isso garantiria que esses análogos fossem entregues ao núcleo do cristalino, onde poderiam atravessar a bicamada lipídica e, assim, evitar a necessidade de um transportador de membrana e aliviar o estresse oxidativo na região do cristalino mais afetada pela catarata nuclear relacionada à idade”.
No entanto, embora esses avanços ofereçam maneiras não invasivas de retardar a progressão da catarata, a cirurgia de catarata continua sendo uma solução comum quando a perda de visão se torna grave. Se você está pensando em fazer uma cirurgia, é essencial avaliar os riscos envolvidos neste procedimento.
A cirurgia de catarata apresenta riscos
A cirurgia de catarata envolve a remoção do cristalino turvo e sua substituição por um cristalino artificial. É um dos procedimentos cirúrgicos mais comuns, mas não é isento de riscos. Olhos secos ocorrem em 42% dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata, enquanto até 21% apresentam pálpebras caídas. Efeitos colaterais adicionais incluem moscas volantes, descolamento de retina, infecções oculares, glaucoma, perda adicional da visão e até catarata secundária.
Recomendo considerar um ou mais remédios naturais antes de recorrer à cirurgia. Embora as evidências científicas sobre sua eficácia sejam limitadas, em grande parte devido à falta de financiamento para pesquisas sobre compostos naturais não lucrativos, isso não significa que sejam ineficazes. Alimentos, nutrientes e suplementos não podem ser patenteados, o que os torna muito menos lucrativos que medicamentos, mas também apresentam risco mínimo.
Adicionar mais nutrientes à sua dieta não fará mal; na pior das hipóteses, você pode não ver um efeito perceptível de imediato. Tenha em mente que as abordagens naturais levam semanas ou meses para mostrar resultados, então paciência e consistência são essenciais para se beneficiar delas. Considerando o risco mínimo, acredito que os remédios naturais são um passo mais seguro que vale a pena tentar antes da cirurgia.
Nutrientes essenciais para a saúde dos seus olhos
Certos nutrientes desempenham um papel importante na manutenção da saúde dos olhos, reduzindo o risco de problemas relacionados à idade e promovendo uma visão clara. Aqui estão três nutrientes poderosos que demonstraram promover a saúde ocular:
1. Luteína: Muitas vezes chamada de “vitamina dos olhos”, esse carotenoide é encontrado de forma natural em altas concentrações na retina e na mácula, onde ajuda a filtrar a luz azul prejudicial, que contribui para a fadiga ocular digital e o estresse oxidativo ao longo do tempo. A luteína também atua como um antioxidante protetor, reduzindo o risco de degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e catarata.
Seu corpo não consegue produzir luteína por conta própria, então você precisa obtê-la por meio de alimentos ou suplementos. Folhas verdes escuras como espinafre, couve e acelga são excelentes fontes, assim como frutas coloridas. As gemas de ovo também são uma boa fonte, com o benefício adicional de ajudar na absorção de luteína graças ao seu teor de gordura. A luteína também funciona melhor quando combinada com seu composto irmão, a zeaxantina, e é por isso que você as encontrará juntas em suplementos, com frequência.
2. Vitamina C: Embora a maioria das pessoas associe a vitamina C à saúde imunológica, ela também é uma aliada para a saúde visual. Esta poderosa vitamina antioxidante desempenha um papel na construção e manutenção do colágeno, a proteína que dá estrutura aos seus olhos, em particular na córnea e na esclera (a parte branca do olho).
O cristalino do seu olho contém uma concentração maior de vitamina C do que quase qualquer outro tecido do corpo, cerca de 20 vezes maior do que no sangue. Isso não acontece por acaso; seus olhos precisam desse nutriente vital para se proteger contra danos UV e inibir o estresse oxidativo que causa catarata.
Frutas cítricas são fontes óbvias, mas pimentões, morangos e brócolis também são boas fontes. A ingestão regular de vitamina C tem sido associada à progressão mais lenta da catarata e à melhor saúde ocular geral.
3. Astaxantina — Outro antioxidante potente, a astaxantina, apresenta benefícios protetores contra diversas doenças oculares, incluindo catarata, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), edema macular cistoide, retinopatia diabética, glaucoma e condições inflamatórias oculares, como retinite, irite, ceratite e esclerite.
Também foi demonstrado que a astaxantina melhora os danos induzidos pela luz, assim como os danos às células fotorreceptoras, células ganglionares e neurônios das camadas internas da retina. Ela também auxilia na acuidade visual e mantém a pressão ocular e os níveis de energia saudáveis.
Se você estiver pensando em suplementação, recomendo começar com 4 mg por dia e aumentar aos poucos até cerca de 8 mg por dia ou mais se você também sofre de inflamação crônica. Tomar seu suplemento de astaxantina com uma pequena quantidade de gordura saudável, como manteiga de vaca alimentada com capim, óleo de coco ou ovos com baixo teor de AGPI, otimizará sua absorção.
Estratégias de estilo de vida que ajudam a proteger sua visão
Além de aumentar a ingestão dos nutrientes mencionados acima, existem estratégias de estilo de vida naturais e sensatas que recomendo adotar para proteger sua visão saudável, como:
Fonte: mercola
