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Presidente da Gerdau alerta sobre impacto da China na indústria brasileira diante de Trump

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A deterioração nas relações entre os Estados Unidos e a China na gestão do presidente Donald Trump é uma das principais preocupações da Gerdau no cenário atual.

Em ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da metalúrgica, Gustavo Werneck, afirmou que, de um lado, a gestão republicana dá um “otimismo moderado”, à medida que são benéficas para a operação da companhia no mercado norte-americano.

No entanto, afirmou que políticas mais duras podem fazer os chineses buscarem outros mercados para exportação, e vê o Brasil como um dos alvos.

“Essa é uma das grandes preocupações que nós temos”, afirmou Werneck ao Estadão. “Porque, quanto mais os países se fecham, a necessidade da China para manter emprego e renda aumenta, e o país vai buscar mercados de exportação, os canais mais abertos.”

O problema, segundo o executivo, é que o mundo está se estruturando contra a concorrência chinesa, mas o Brasil “está ficando para trás”.

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De acordo com Werneck, esse é o principal tema em debate com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Ele defende a necessidade de medidas mais duras contra a China, depois de as cotas de importação adotadas no ano passado não terem contido o avanço do aço chinês no país.

“Essa medida foi totalmente ineficaz”, disse. “Não se reduziu a importação de aço. Estamos neste momento debatendo com o MDIC como endurecer um pouco mais. Os debates já estão na mesa. A expectativa agora é que eles [o governo Lula] tragam uma solução. Agora, a bola está com eles.”

Werneck diz que a Gerdau não quer medidas de proteção, nem nada que esteja desalinhado com as práticas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Deseja, porém, uma ação de defesa à indústria nacional.

Uma solução, sugere o executivo, seria acabar com as cotas e taxar todo o aço que entrar no Brasil. No ano passado, o governo subiu para 25% o imposto de importação para aços que ultrapassem as cotas no país.

Atualmente, a China responde por cerca de um quarto do aço que entra no Brasil. Na visão de Werneck, a situação vai piorar com Trump de volta à Casa Branca. “Vai piorar para o aço, para produtos químicos, para tudo em que a China compete de forma desleal contra a indústria global”, afirmou ao jornal.

Executivo da Gerdau defende a necessidade de medidas mais duras contra o país asiático | Foto: Divulgação/Gerdau
Executivo Da Gerdau Defende A Necessidade De Medidas Mais Duras Contra O País Asiático | Foto: Divulgação/Gerdau

O executivo também se queixa de “portas abertas” para pagar menos impostos no Brasil, a exemplo da Zona Franca de Manaus. Ele duvida se, de fato, todo o aço que tem entrado no país está sendo processado no local ou está servindo de “subterfúgio” para o menor pagamento de impostos.

Apesar dos desafios listados por Werneck, a Gerdau decidiu manter o seu plano de investimentos de cerca de R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões por ano no Brasil. Em 2024, a companhia chegou a ameaçar reduzir esse montante caso o governo Lula não agisse para barrar a concorrência chinesa.

O Executivo, então, implementou as cotas, e a Gerdau decidiu manter o compromisso. Mas Werneck disse ao Estadão que a companhia pode voltar atrás caso medidas mais duras não sejam adotadas para combater a entrada de aço chinês.

Dentre os produtos da China que o Brasil mais importa, está a bobina de aço laminada a quente (HRC), utilizada para os setores de construção, automóveis e máquinas. É justamente neste produto que a Gerdau está aumentando a sua capacidade, com um adicional de 250 mil toneladas, a partir da segunda quinzena de março, antecipou Werneck ao Estadão.

Gerdau tem “otimismo moderado” com Trump

Questionado pelo jornal sobre o efeito da gestão Trump nas operações da Gerdau nos Estados Unidos, o executivo disse que tem um “otimismo moderado”.

Na primeira gestão do republicano, o negócio da companhia “foi bem”, conforme ele. Como a Gerdau produz em território norte-americano, o aumento de tarifas para outros países beneficia a companhia. Os planos de Trump de estimular a indústria de óleo e gás também são benéficos, disse.

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“Quanto mais ele [Trump] fortalecer a indústria norte-americana e impedir a entrada de aço desleal, a competição desleal, melhor para nós”, avaliou Werneck. “Temos um otimismo moderado.”

Já quanto à estratégia da Gerdau do México, os planos estão em compasso de espera com a volta de Trump à Casa Branca. A companhia estuda investir US$ 600 milhões em uma usina de produção de aços especiais no país.

A decisão, esperada para dezembro último, deve ser tomada apenas daqui a seis meses, conforme o CEO da Gerdau.

“A gente vai aguardar um pouco esse desenrolar da relação EUA e México. Estamos postergando a decisão final para o meio do ano”, disse Werneck ao Estadão.

Para o Brasil, a administração Trump deve ter efeito neutro, na sua visão. “Vai continuar o arroz com feijão que sempre foi nas relações comerciais”, acrescenta.

Segundo ele, o foco da Gerdau em 2025 é um olhar interno e uma busca contínua por melhoria da competitividade, de olho em um possível avanço dos competidores chineses no Brasil por conta de medidas comerciais mais duras de Trump. “Toda a companhia está com foco de ir para um patamar de competitividade que nunca tivemos”, concluiu Werneck.

Fonte: revistaoeste

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