Um círculo formado por 127 blocos de granito no sítio arqueológico do Parque do Solstício, no interior do Amapá, rendeu ao espaço o apelido de “Stonehenge brasileiro”, em referência ao monumento no sul da Inglaterra. O conjunto de rochas fica na área rural de Calçoene, a quatro horas de Macapá, em uma região de Floresta Amazônica margeada por um igarapé.
A disposição circular é misteriosa e repleta de lendas, assim como sua prima britânica, mas, de acordo com arqueólogos, povos indígenas realizavam rituais no local há 1.100 anos. Potes, vasos, pratos de cerâmica e urnas funerárias com restos mortais já foram encontradas em escavações e reforçam a teoria de que cerimônias ocorriam ali.
Os pesquisadores também acreditam que a estrutura de granito era utilizada como observatório astronômico pelos povos indígenas para prever períodos de chuva e seca e saber quando plantar alimentos. No solstício de inverno (entre 21 e 23 de dezembro), o sol se alinha perfeitamente com uma das rochas, que não projeta sombra alguma.
As características dos objetos de cerâmica encontrados indicam que o espaço pode ter sido construído pelo povo Arawak, ancestral dos indígenas Palikur, que vivem na fronteira do Amapá com a Guiana Francesa hoje, mas os arqueólogos não conseguem afirmar com certeza.
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A forma como o espaço foi construído permanece um mistério. As rochas foram carregadas até o topo de uma colina e organizadas de forma não aleatória para que sua posição não se alterasse com o tempo. A origem dos blocos de granito também não é certa, mas há pedras similares no igarapé Rego Grande, que fica nas redondezas.
O sítio arqueológico também é chamado de Rego Grande desde que foi descoberto. Em 2000, moradores identificaram a misteriosa estrutura e, em 2005, arqueólogos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa) começaram a fazer pesquisas no local.
Apesar da similaridade com a estrutura da Inglaterra, há pesquisadores que rechaçam o apelido “Stonehenge brasileiro” por acreditar que a associação diminui o valor de um monumento indígena no Brasil que tem suas características próprias.
Como visitar o Parque do Solstício
A transformação do sítio arqueológico em Parque do Solstício é recente, por isso ele ainda não tem estrutura para receber público em larga escala. Em abril de 2024, o espaço foi selecionado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com as obras, o local deve ganhar áreas de exposição e atividades educacionais. Ainda não há data de inauguração.
Para visitar o sítio arqueológico, é preciso ter uma autorização do Núcleo de Pesquisa Arqueológica (NuPArq) do Iepa, que é responsável pelas pesquisas na área. As autorizações devem ser solicitadas pelo e-mail arqueologia.iepa@gmail.com ou por Whatsapp: (96) 99116-1479.
Visitas guiadas costumam ser organizadas em dezembro, no solstício de inverno. Os eventos são divulgados no perfil do Instagram do NuPArq.
Não é possível levar animais de estimação, fumar no local, tocar nas rochas ou entrar no interior do círculo. Do centro de Calçoene até o parque, são 20 km de estrada de terra.
Fonte: viagemeturismo